Tuesday, March 14, 2006

Ronnie Von - Ronnie Von nº 3 (1967)




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Faixas:
01. Prá Chatear
02. A Filha do Rei
03. Meu Mundo Azul
04. O Último Homem da Terra
05. O Manequim
06. A Importância da Flor
07. Jardim de Infância
08. Uma Dúzia de Rosas
09. O Homem da Bicicleta
10. A Chave
11. Minha Gente
12. Belinha
13. Vamos Falar de Você
14. Soneca Contra o Barão Vermelho



No palco do festival Bananada 2000, em Goiânia, a banda gaúcha Vídeo Hits enlouquece a galera com a canção Silvia 20 Horas Domingo - psicodélica e, ao mesmo tempo, extremamente pop. Em um sítio em São Paulo, o grupo alagoano Mopho ensaia um novo repertório, adicionando mais informações ao seu já colorido mix sonoro, entre elas os velhos vinis psicodélicos de Ronnie Von. No centro das atenções um raríssimo e pouco conhecido álbum do cantor, lançado em 1968, com arranjos do maestro Damiano Cozzela (um dos arranjadores do primeiro álbum tropicalista de Caetano Veloso) e participação do grupo gaúcho de Jovem Guarda, Os Brasas.

As cenas, as lembranças e as referências ao álbum, que talvez surpreendam o próprio Ronnie Von, não têm sido exclusividade do momento registrado pelo senso arqueológico de Senhor F e seus antenados colaboradores. Aqui e ali, de maneira cada vez mais intensa, a obra de Ronnie Von parece estar sendo redescoberta em sua verdadeira dimensão, a exemplo da versão do Ira! para Minha Gente Amiga (que virou um sacolejante funk-latino-psicodélico, com a sempre ótima guitarra de Edgar Scandurra). Passados tantos anos de um preconceituoso e praticamente imposto anonimato, a justiça parece estar chegando para o jovem que, nos anos sessenta, foi bem mais do que apenas o Princípe da Jovem Guarda.

Um dos mais radicais beatlemaníacos, e responsável pelo batismo dos Mutantes, a quem deu força quando eram ilustres desconhecidos, Ronnie Von construiu uma tão invejável quanto pouco conhecida discografia, especialmente entre 1966 e 1972. Iniciando sua carreira no Rio de Janeiro, com apoio do grupo The Brazilian Bitles, integrou a Jovem Guarda, mas sempre esteve mais próximo da beatlemania, como não deixa dúvida seu álbum de estréia, onde sete das doze canções são de Lennon & McCartney - e outra dos Rolling Stones (As Tears Goes Bye). Não por acaso, é em seu programa de televisão, O Pequeno Mundo de Ronnie Von, que os Mutantes tiveram espaço para dar os primeiros passos da carreira, tocando Beatles ou temas clássicos com arranjos roqueiros.

De origem social mais elevada, mas nem por isso metido a besta, dono de uma beleza que provocava inveja e suspiros, e intérprete sensível e ousado, Ronnie Von, na verdade, sempre esteve além do seu tempo. Avesso a rótulos, depois do estrondoso sucesso com Meu Bem/Girl (de Lennon & McCartney), em 1966, e do estouro ainda maior do hit A Praça, ele entrou de cabeça no moderno pop, na psicodelia e, até mesmo, no progressivo, o que lhe custou a incompreensão de boa parte do público. O álbum gravado em 1968, especialmente, e os seguintes - A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais (1969) e A Máquina do Tempo (1970) radicalizaram a orientação experimentalista do cantor.

O disco com Os Mutantes (e os Beat Boys), lançado em 1967, arranjado por Rogério Duprat, traz, entre outras coisas, um cover para uma canção dos Hollies - Lullaby To Him, uma composicão de Caetano Veloso, que divide com ele os vocais, e uma enfiada de músicas estranhas. No mesmo ano de 1967, de sua parceria com o grupo Baobás que, a seguir, teve o ex-Mutantes e atual produtor Liminha entre seus membros, resultou o compacto com Winchester Catedral, em versão de Fred Jorge, e Menina Azul, em parceria com o guitarrista do grupo, Ricardo Contins. Mas foi com o disco seguinte, intitulado apenas Ronnie Von, lançado em 1968, que o Pequeno Príncipe perdeu definitivamente a inocência, desafiando padrões, fórmulas e pré-conceitos.

Com uma capa totalmente psicodélica, onde ele posa de peito nú, como uma espécie de Joe D'Alessandro (ator dos filmes de Andy Wharol) dos trópicos, o álbum não deixava dúvidas sobre o seu conteúdo musical. À frente dos arranjos estava o maestro Damiano Cozzela, de orientação e formação concretista, da mesma escola que já tinha projetado Rogério Duprat (responsável pela apresentação) junto aos Mutantes e demais tropicalistas. O repertório, coeso e instigante, trazia desde peças "espaciais" pré-Pink Floyd, como Mil Novecentos e Além/Tristeza Num Dia Alegre, pequenas sinfonias pop do porte de Espelhos Quebrados (na linha de Eleanor Rugby) e maravilhas garageiras-psicodélicas como a já citada Silvia 20 Horas Domingo, entre outras - o compacto com essas duas canções é um clássico da discografia roqueira nacional.

O disco seguinte - A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais, lançado em 1969, também com Damiano Cozzela, é menos ousado, mas contém inovações sonoras surpreendentes para a época. Nesse disco, Ronnie Von experimenta um caminho mais pop, incluindo no repertório o clássico da MPB Dindi (Jobim e Aloysio de Oliveira), Atlantis (Donovan) e I Started A Joke (Bee Gees), formatados pelos criativos arranjos de Cozzela. No disco seguinte, A Máquina Voadora, Ronnie ainda explora sonoridades que, de certa forma, anteciparam o rock progressivo nacional, que só desenvolveu-se por volta de 1972, com o surgimento de bandas como Módulo 1000, Veludo Elétrico e outras.

Em um momento musical, social e político pós-AI 5, com a Jovem Guarda esgotada e o tropicalismo sendo banido, obras de tamanha ousadia não poderiam ter outro destino senão chocar-se com a massificação alienante que já apontava no horizonte. Sem hits marcantes, os álbuns gravados entre 1967 e 1970 foram varridos das rádios e, consequentemente, das paradas de sucesso, empurrando seu autor para um longo ostracismo. Nos anos setenta, apesar de hits esporádicos, como Cavaleiro de Aruanda, bem que ele tentou retomar o tempo perdido, mas como antes, não aceitava a imposição de modelos, rótulos ou estilos pré-determinados pelo mercado.

A partir de então, incompreendido e lembrado (rotulado) mais pela beleza física do que pela música, Ronnie Von construiu uma carreira de sucesso no exterior, a partir da canção Tranquei a Vida (1976), onde se apresenta até hoje. À margem de uma digna, silenciosa e justificada mágoa, aos poucos Ronnie Von está conquistando o reconhecimento que merece, como um músico que esteve na vanguarda musical de sua época. Não é por acaso que, apesar dos transtornos históricos e da ignorância editorial das gravadoras, Ronnie Von permanece vivo até hoje no imaginário popular, alimentando velhos sonhos e fantasias e atiçando a curiosidade da parcela mais saudável das novas gerações.

Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.

Fazer o download de Ronnie Von - Ronnie Von nº 3 (1967).

21 comments:

Morcego said...

Haha! Roni Von!?
Não sabia que eletinha feito algo assim, vou baixar pra ver se é bom.

Anonymous said...

poxa cara essa mudança de servidor foi legal! com a outra tinha que ficar esperando uma hora pra baixar...essa não! bowa vlw!!

jwagner said...

já conhecia a história desse álbum, mas nunca ouvi.
vou reparar isso hoje! rs

muito obrigado

Anonymous said...

Valeu, Fperacoli. Conheço bem a obra do Príncipe no tocante à fase Psych. Parabéns pelo Blog. Vc conhece o Lágrimas Azuis do Impacto Cinco natalense?
Obra-prima raríssima e desconhecida.
Vale a pena.
Qualquer coisa, passe um e-mail.

furyanimal said...

TENHO OS DOIS PRIMEIROS CDS DO RONNIE VON AQUI, COMO FAÇO PARA POSTAR ATRAVES DO RAPIDSHARE PARA VOCES???

furyanimal said...

MEU E-MAIL É ORLANDIVICASTRO@HOTMAIL.COM AQUELE DOS CDS DO RONNIE VON QUE TENHO E QUERIA POSTAR PARA VOCES, ALIAS PARA NOS QUE SOMOS BENEFICIÁRIOS DA ALTA QUALIDADE DE DISCOS QUE VOCES NOS PROPORCIONAM, NÃO É TURMA QUE GOSTA DE UM MP3 ??

Anonymous said...

Viva Ronnie Von!!!

Anonymous said...

O Ronnie Von Deu um grande paaso com esse álbum, mostrando nos próximos anos pq está bem acima de Roberto Carlos e afins.
E gostei tb de ter mudado pro Turboupload.

Anonymous said...

q d+ vc's terem disponibilizado este álbum...agradeço muito a oportunidade de poder conhecer a música da minha terra...muito classe...muito obrigado Sr.F e compania...gostaria de ter mais coisas deste tipo principalmente do Ronnie...
abraço a todos

Anonymous said...

Olá.

Só pra avisar que a música DÚZIA DE ROSAS tá com o som bem abafado, bem diferente do som das outras.

Vocês poderiam postar os discos de 1968, 1969, 1970 e 1972?

Aproveito para agradecer pela iniciativa do blog. Você está de parabéns!

[]s
Rogério de Andrade

Anonymous said...

Gravei com minha banda Malachaiuma canção do Ronnie Von, chamada Regina. Ficamos muito orgulhosos do resultado. Vocês podem ouvir no nosso blog.
http://banda-malachai.blogspot.com/
e baixá-la por aqui:

http://d.turboupload.com/d/716907/Malachai_-_Regina_Ronnie_Von.mp3.html

Anonymous said...

A tempos que conheço e tento encontrar toda a obra psych do Ronnie Von, Espero que postem toda a obra deste cara, pois quando a gente conhece ve que Sid Barret nao estava sozinho no mundo, alias ele tinha um professor, so que nao o conheceu. Que pena pra ele.Ronnie Von ainda tera sua gloria reconhecida, e so uma questao de tempo e e para isso que os Blogs como este foram criados.

Anonymous said...

desde madrid (españa) : una pagina fantastica; infinitas gracias por permitir escuchar esos maravillosos discos que son imposibles de conseguir

Unknown said...

GENTE QUEM TIVER APENAS A MUSICA BELINHA POR OBSEQUIO ME ENVIA!!!!!!! PLEASE, O MAIL É: izabellyt@gmail.com

FICAREI BASTANTE GRATA!!!!!!!!!
ABRAÇOS A TODOS....

Leonardo Barichello said...

Muito bacana a proposta do blog.

Vc conhece esse espaço aqui: http://billyshearsrecomenda.blogspot.com/2007/12/rock-underground-brasileiro.html ?

Há interesse em trocar links entre nossos blogs?

Anonymous said...

Sensacional o Blog

Anonymous said...

puxa vida, seu blog está de parabéns: é uma verdadeira operação resgate. Quanta coisa boa e esquecida. Não sei como te agradecer. Por exemplo, eu tinha este LP do Ronnie Von, mas quando eu me mudei de Alfenas para Belô(há zilhões de anos atrãs), ele virou um verdadeiro "cinzeiro" e o perdi. Agora acho esta pérola no seu blog. Vou ouvir direto por um bom tempo para matar as saudades. Muito obrigada, de coração.

Anonymous said...

A música jovem brasileira, mesmo não sabendo, deve muito a Ronnie Von. Se hj existe Los Hermanos e seus fracos derivativos é por q lá trás o guerreiro de cabelos lisos enfrentou tudo e a todos para realizar seus incompriendidos albuns do final dos anos de 1960, e que hj são importantes referências. Sem ele o rock nacional não seria o mesmo. Obrigado, Ronnie Von. Viva Ronnie Von!

The Mighty Louche said...

Sorry, I don't know any Portuguese. Was just wondering which songs (on Ronnie Von No. 3) were backed by the Beat Boys, and which ones feature os Mutantes?

Great blog! Thank you so much for sharing!

Unknown said...

Muchas gracias por subir todos estos discos de música brasilera. Conozco a Ronnie Von, me gustan mucho sus canciones, tienen esa psicodelia pop, y una magia especial, se nota la gran dedicación con la que está hecha su música.

Un saludo desde Argentina!


Renzo

André Leão said...

coloquei tudo do ronnie e do erasmo aqui: http://alpn00.blogspot.com/