Wednesday, November 24, 2010

Jorge Ben e Trio Mocotó - On Stage (1972)




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Faixas:
01. Mas que Nada
02. Charles Jr.
03. Que Pena
04. Take it Easy my Brother Charles
05. Domenica Domingava num Domingo Linda Toda de Branco
06. Apresentação
07. Oba, Lá Vem Ela
08. Zazueira
09. Chove Chuva
10. Quem Foi que Robou a Sopeira...
11. Cade Tereza
12. Pandeiro , Zabumba , Batucada
13. Pulo Pulo
14. Hino do Flamengo - País Tropical
15. Banana Bananeira
16. Tá na Hora
17. Domingas
18. Cidade Maravilhosa - Hino do Flamengo


No Patropi, as coisas são mesmo atrasadas, acostumou-se. Quando o assunto é disponibilização da arte então, tudo é ainda mais atrasado. Por isso mesmo, um cara como Jorge Ben, de discografia fundamental para a compreensão do que é a música brasileira, nunca teve seus álbuns devidamentes colocados no mercado. Agora, finalmente, será lançada a caixa Salve, Jorge!, só com os discos do compositor editados pela Phillips. Genialidade de 1963 a 1976, só discaço.

Mas como ser chato é fundamental, um protesto precisa ser feito. Entendo que o seminal O Bidú – Silêncio no Brooklin, de 1967, tenha ficado fora, já que não consta no catálogo da Phillips. E a questão dos direitos nesse país é um eterno ball and chain. Só não consigo entender como o maravilhoso On Stage não foi incluído na caixa. Esse era o momento para colocar o disco no mercado brasileiro.

Lançado apenas no Japão pela Phillips em 1972, On Stage é um disco ao vivo gravado na terra do sol nascente. Com o tempo, tornou-se objeto de culto. O vinil original é raríssimo, o cd-r é obrigatório. É o grande registro de Jorge Ben em cima de um palco, muito superior ao oficial Jorge Ben à L’Olympia, de 1975, que por sinal, também ficou de fora da caixa.

On Stage é um disco sobrenatural. Jorge Ben e seu incisivo violão, acompanhados “apenas” pelo Trio Mocotó – o grande power-trio da música brasileira –, desfilam o repertório de grandes discos como Força Bruta e o homônimo de 1969 (aquele da capa psicodélica), além de hits anteriores e essenciais como Mas Que Nada e Chove Chuva.

Para destacar somente um momento emblemático: a versão de Charles Jr. Um mantra, em levada ainda mais hipnótica e ligeiramente psicodélica, com Jorge Ben entregue ao coro grave feito pelo Trio Mocotó, que num crescendo harmônico e percussivo, deixa o cantor poderoso para improvisar em frases e riffs de violão. É notório que há um elemento forte do blues na música de Jorge Ben. Aqui, o lamento dá o tom, numa melancolia cheia de força. On Stage mantém uma nuvem carregada até nos momentos mais alegres, há a impressão que o compositor entoa versos como “pois eu nasci de um ventre livre, nasci de um ventre livre no século XX” carregando um peso enorme nos ombros. Não por acaso, em fuga sublime, mergulhou de cabeça no misticismo nas obras-primas imediatamente posteriores. Apesar de não-oficial, On Stage pode ser compreendido com um passo fundamental no percurso de Jorge Ben durante a década de 1970.

Texto de Leonardo Bomfim, publicado originalmente blog Freakium & Meio

Fazer o download de Jorge Ben e Trio Mocotó - On Stage (1972).

Tuesday, November 16, 2010

Programa Brazilian Nuggets 11 - Especial Jorge Ben parte II para Download

Para quem perdeu, segue para DOWNLOAD o programa Brazilian Nuggets, Especial Jorge Ben parte II. Nesta edição, disponibilizei uma versão extendida, com uma hora a mais de programa.

For those who missed, you can DOWNLOAD the whole Brazilian Nuggets show, Jorge Ben Special part II. At this edition, you can download an extended version of the show, with an extra hour of music and information.

Confira a Lista das Músicas

Tracklist

Negro é Lindo - 1971

01. Rita Jeep
02. Que Maravilha
03. Cassius Marcelo Clay
04. Negro É Lindo
05. Maria Domingas

On Stage - 1972

06. Chove Chuva
07. Oba, Lá Vem Ela
08. Hino do Flamengo / País Tropical
09. Charles Jr.

Ben - 1972

10. O Circo Chegou
11. Moça
12. Domingo 23
13. Filho Maravilha (Fio Maravilha)
14. Que Nega é Essa

10 Anos Depois - 1973

15. Pais Tropical/Filho Maravilha (Fio Maravilha)/Taj Mahal
16. A Minha Menina/Que Maravilha/Zazueira

A Tábua de Esmeralda - 1974

17. Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas
18. O Homem da Gravata Florida
19. Errare Humanum Est
20. Magnólia
21. Zumbi
22. 5 Minutos

Solta o Pavão - 1975

23. Zagueiro
24. Assim Falou Santo Tomaz de Aquino
25. Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros
26. Jorge da Capadócia
27. Dumingaz

Ogum Xangó - Gilberto Gil e Jorge Ben - 1975

28. Meu Glorioso São Cristóvão
29. Filhos de Gandhi

África Brasil - 1976

30. Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)
31. Hermes Trimegisto Escreveu
32. Xica da Silva
33. Cavaleiro do Cavalo Imaculado
34. Taj Mahal

A Banda do Zé Pretinho - 1978

35. A Banda do Zé Pretinho
36. Troca Troca
37. Amante Amado

Raridades

38. Os Mentes Claras (1972)
39. Olha a Beleza Dela (1972)
40. A Lua é Minha (1972)
41. Silvia Lenheira (1972)

Friday, November 12, 2010

Jorge Ben - O Bidú, Silêncio no Brooklin (1967)




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Faixas:
01. Amor de carnaval
02. Nascimento de um príncipe africano
03. Jovem samba
04. Rosa mais que nada
05. Canção de uma fã
06. Menina gata Augusta
07. Toda colorida
08. Frases
09. Quanto mais te vejo
10. Vou andando
11. Sou da pesada
12. Si manda



Uma das maiores lendas urbanas da música brasileira é que Jorge Ben só vale a pena com violão. Por mais que as grandes obras-primas do compositor sejam mesmo os discos da “fase acústica”, há grandes momentos guitarreiros em sua discografia. E O Bidú – Silêncio no Brooklin, disco de 1967 cheio de guitarras elétricas, permanece até hoje com uma aura especial.

Amor de Carnaval, a canção de abertura, já adianta o que está por vir. Um irresistível baião-rock cantado com um sotaque quase paulistano bem debochado. Jorge Ben estava passando um período em Sampa e Bidú veio ao mundo com sabor totalmente paulista. As letras citam bares da Rua Augusta, mulheres modernas com roupas coloridas, chuvas pesadas e ainda dialogam com o manifesto juvenil apaixonado da Jovem Guarda, a essa altura radicada na grande metrópole do país.

Na época, Jorge Ben estava muito próximo do iê-iê-iê brasileiro. Ele costumava aparecer no programa comandado por Roberto Carlos e ainda dividia uma casa com Erasmo Carlos no bairro Brooklin. Daí vem o subtítulo Silêncio no Brooklin, frase constantemente gritada por algum vizinho que não agüentava mais os ensaios da dupla. A aproximação de Ben com o pessoal da Jovem Guarda acabou até criando um mal-estar com alguns MBPbistas radicais. O compositor carioca chegou a virar “persona non grata” no programa Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina.

Mas Ben não estava nem aí. Ele queria mesmo era fazer seu samba de guitarra e curtir a nova cidade, ao lado de sua esposa paulistana Maria Domingas (para quem dedicou vários sucessos nos discos seguintes), com seu novo carro – um Karmann-Guia apelidado de Bidú. A canção Jovem Samba explica a união do samba com a Jovem Guarda: “Eu sou da jovem samba/ a minha linha é de bamba/ o meu caso é viver bem/ com todo mundo e com você também.”

Acompanhado pelo grupo The Fevers, Bidú é um disco de um frescor pop incrível. Canções como Menina Gata Augusta (parceria com Erasmo) e Toda Colorida trazem as impressões de Ben para um novo tipo de mulher. Saía de cena a mulata carioca e entrava a paulistana moderninha. Já em Sou da Pesada, o compositor afirma em um discurso jovem-guardista ao seu modo: “Mas que nada/eu sou da pesada/…/ eu só fico triste/quando não vejo você meu amor.” No entanto, foi com Si Manda que Ben radicalizou sua poesia. A letra, cheia de gírias, berra junto com o marcante riff de guitarra: “Si manda, vai simbora/silêncio no brooklin/some, desaparece, sai da minha frente/ não quero mais você não, viu?/”. Nunca Jorge Ben soou tão agressivo.

Si Manda chamou bastante a atenção de Caetano Veloso, que estava prestes a arrombar as estruturas com a sua Tropicália. Sempre que pode, Caetano afirma que Bidú é um dos discos mais importantes de todos os tempos, chegando até a exagerar dizendo que Si Manda era tudo que ele e Gil gostariam de ter feito e não conseguiram.

Bidú acabou sendo o disco mais underground de Jorge Ben, gravado quase clandestinamente fora da gravadora Phillips, que não se interessava em lançar nada do carioca longe do violão. Apesar de não chegar perto da qualidade de clássicos como o homônimo de 1969 e A Tábua de Esmeralda, Bidú teve grande importância pois confirmou a multiplicidade musical de Ben, e ainda estreitou laços com o parcela roqueira do Brasil. Logo depois do disco, o compositor carioca presenteou os Mutantes e Os Incríveis com as sensacionais A Minha Menina e Vendedor de Bananas, respectivamente. Para a sorte de todos – menos do vizinho mala – a partir dali não haveria silêncio no Brooklin e em nenhum lugar do Brasil. Violão, guitarra, samba, rock, Jovem Guarda e Tropicália A bagunça já estava armada.


Texto de Leonardo Bomfim, publicado originalmente blog Freakium & Meio

Fazer o download de Jorge Ben - O Bidú, Silêncio no Brooklin (1967).