Thursday, December 13, 2012

Arthur Verocai - Arthur Verocai (1972)



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Faixas:
01. Caboclo
02. Pelas Sombras
03. Sylvia
04. Presente Grego
05. Dedicada a Ela
06. Seriado
07. Na Boca do Sol
08. Velho Parente
09. O Mapa
10. Karina (Domingo no Grajaú)


O estilo de Athur Verocai pode ser comparado a Tim Maia e Jorge Ben. As músicas tem um toque de folk, mais do que uma pitada de funk, solos ao estilo de jazz, incríveis arranjos com 20 instrumentos de cordas, uma mistura de teclados em um clima de trilha sonora.

"Eu costumava ouvir Blood Sweat and Tears, Chicago, Stan Kenton, Wes Montgomery, Jimmy Web, Frank Zappa, Herbie Hancock, Bill Evans e Miles Davis, Milton Nascimento, Bossa Nova, entre outros" explica Arthur Verocai. "No Brasil, nós temos muitas influências musicais, e naquela época não havia um estilo que dominava o mercado. Nesse sentido, meu disco reflete uma busca e uma experimentação musical. Eu estava com um espírito bastante aventureiro nesse álbum e isso me levou a explorar novos caminhos para a melodia, harmonia e rítmo."

Verocai chegou para as gravações do disco de 1972 com alguns sucessos nas suas costas. Em 1971 havia produzido o disco "Agora", de Ivan Lins, fortemente influenciado pelo soul americano. Além disso, ele havia contribuído com alguns arranjos para gravações de Jorge Ben. "Eu também produzi dois LPs para a cantora Célia, pela Continental, e o presidente da gravadora ficou bastante satisfeito com os resultados. Ele me convidou para gravar um álbum com as minhas próprias composições e eu aceitei com a condição que eu pudesse escolher os músicos. A sessão de cordas completa era composta por 12 violinos, 4 violas e 4 violoncelos, sempre com um ou dois percussionistas. A ideia de misturar cordas com música contemporânea veio do meu desejo de percorrer novos caminhos. Eu acredito que o álbum é muito rico, tanto na quantidade, como na qualidade dos músicos." No time, lendas como Robertinho Silva, Pascoal Meireles, Luiz Alves, Paulo Moura, Edson Maciel, Oberdan Magalhães (Banda Black Rio), Nivaldo Ornelas (que acompanhava Milton Nascimento) e Toninho Horta.

Nascido Arthur Cortes Verocai, no Rio de Janeiro, em 17/6/1945, ele estudou música com Léo Soares, Darci Villaverde, Nair Barbosa da Silva, Roberto Menescal e Vilma Graça. Em 1966 Leny Andrade incluiu a música "Olhando o Mar" em seu disco "Estamos Aí". Dois anos depois Verocai participou do evento Musicanossa, que reuniu compositores, músicos e cantores em apresentações no teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro, paro o qual ele escreveu seus primeiros arranjos. As gravações ao vivo incluem as canções "Madrugada" e "Nova Manhã", compostas em parceria com Paulinho Tapajós.

Até 1968, Verocai ainda trabalhava como Engenheiro Civil. Mas, mesmo assim ele conseguia tocar e participar como arranjador nos maiores festivais brasileiros. Ele trabalhava com artistas como Paulinho Tapajós, Elis Regina e os Golden Boys. Em 1969 Verocai engrenou de vez na carreira de músico e arranjador. Nessa época, ele arranjou discos do Terço, Jorge Ben, Elizeth Cardoso, Gal Costa, Quarteto em Cy, MPB 4, Célia, Guilherme Lamounier, Nélson Gonçalves, Marcos Valle, entre outros. Também assinou a produção musical dos espetáculos "É a Maior" e "O Rio Amanheceu Cantando". Em 1970 ele começa a compor músicas incidentais e de abertura para programas de TV.

O disco de 1972 permitiu a Verocai levar seu interesse por música instrumental ainda mais longe. "Eu sempre quis compor trilhas sonoras em grande estilo, como no cinema, mas isso não era possível com meu trabalho na TV", diz ele. "Minha oportunidade apareceu quando eu estava gravando esse álbum. Eu criei uma célula rítimica em um violão junto com a linha melódica. Eu adicionei a linha de baixo, bem como bateria e percussão não convencionais, junto com uma leve orquestração de 4 trompetes e uma flauta, e um toque delicado das cordas (12 violinos, 4 violas e 4 violoncelos). Ao final da composição, Oberdam Magalhães tocou e cantou com sua flauta." O resultado é a faixa "Sylvia".

"Presente Grego" é talvez a faixa mais funk do álbum. "Essa música foi influenciada pelo soul e pelo funk americanos", diz Verocai. "Por volta de 1972, muitos músicos da minha geração tinham várias influências, que permitiam nos distanciar da música mais convencional. "Presente Grego" é uma expressão que vem do Cavalo de Tróia, um presente dos gregos que escondia os guerreiros que derrotariam os troianos. Como nossa ditadura militar que, sob a aparência de um governo correto, praticava a censura e a opressão", explica ele.

Somados aos elementos de funk e soul, o disco tem vários solos de artistas obviamente influenciados pelo jazz. Confira em "Pelas sombras" ou "Karina", onde os saxofones passeiam sobre os rítmos brasileiros. "Minhas preferências musicais vão de Bach e Villa-Lobos aos músicos de jazz como Tom Jobim, Milton Nascimento, Miles Davis, Herbie Hancock, Oscar Peterson, Wes Montgomery e Bill Evans", diz Verocai.

Nos anos que se seguiram ao lançamento desse álbum, Arthur Verocai se tornou um músico publicitário, criando jingles para clientes como Brahma, Fanta, Petrobrás, e Souza Cruz, chegando a ganhar o prêmio "Colunistas" por diversos trabalhos.

Lançou apenas mais dois álbuns com músias inéditas, em 2002 e 2008.

O limbo em que a carreira musical de Verocai havia caído foi rompido a partir de uma redescoberta de sua obra por (pasmem) rappers americanos, virando cult e sampleado por artistas como Ludacris e Little Brother. Como resultado, Verocai foi convidado para a gravação de um DVD em Los Angeles, com uma banda de 30 músicos brasileiros, para uma platéia de 1200 pessoas. O DVD faz parte do projeto Timeless, que reuniu alguns arranjadores que tiveram seus trabalhos resgatados pelo hip hop em CDs e DVDs.


Texto adaptado do site da Gravadora Ubiquity.

Fazer o download de Arthur Verocai - Arthur Verocai (1972).

Thursday, December 06, 2012

Carlos Walker - A Frauta de Pã (1975)



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Faixas:
01. A Frauta de Pã
02. Serenata do Meio-Dia
03. Estrada da Intemperança
04. Pote de Mel
05. Via Láctea
06. Cidade Americana
07. O Cavaleiro e os Moinhos
08. Modinha
09. Debaixo do Sol
10. Um Dia
11. Alfazema


Walker, um talento

Quando um certo pessimismo pelos caminhos da música popular brasileira, tão ameaçada pela supérflua música pop, pelas multinacionais do mau gosto sonoro, ouve-se um dos mil novos talentos que existem nas mais diversas partes, as esperanças renascem. Um exemplo é Carlos Walker, garoto ainda, que após um compacto simples, gravado no ano passado e que não mereceu séquer, uma divulgação, teve editado há dois meses um disco sério, mascante, merecedor da atenção máxima: "A Frauta de Pã" (FRAUTA, com "R" mesmo) (RCA Victor 103.0138, junho/75).

Mesmo desconhecendo-se maiores informações a respeito de Walter - quem seja, suas influências, sente-se a seriedade do seu trabalho, suas propostas, ouvindo-se qualquer uma das faixas deste elepe, dedicado "a memória de Cassiano Ricardo e Cecilia Meireles", dois dos maiores poetas da língua portuguesa. E respeito que o trabalho de Walter angariou dos compositores mais expressivos, é consolidado na presença João Bosco ao violão, acompanhando "O Cavalheiro e os Moinhos" (Bosco/Aldir Blanc), uma das músicas do ano, cujo lançamento foi permitido justamente para Walter, que teve ainda a participação especial de Pirynos arranjos base violão, e a ajuda vocal de Roberto Quartin (como produtor , da Forma, presença marcante nos anos 60), Sonia Burnier, Burnier (sobrinho de Luis Bonfá que já fez um interessante elepe, em parceria com Quartier), Alberto Arantes, Vânia Ferreira ,Raymundo Bittencourt e Angela Viana , Eduardo Souto Neto e Geraldo Eduardo Carneiro (letrista de Egberto Gismonti, o que já dizia muito ) também deram uma música inédita a Walker (Debaixo do Sol ), enquanto Bosco/Blanc, além de "O Cavalheiro e os Moinhos", lhe garantiram outra nova composição: "A Serenata do Meio Dia". Mas, o próprio Walker, como compositor é uma revelação das mais agradáveis :"A Frauta" de "Pã" que dá o título ao disco e abre o lado A, é uma música de grande densidade, a qual o maestro Alberto Arantes deu um arranjo de grande beleza, quase como uma pastoral medieval - dentro do próprio clima proposto por Walker ;"A Estrada da Intemperança", "Pote de Mel", "Via Láctea", "Cidade Americana " (em parceria com Piry ) , "Modinha" (sobre uma poesia de Cecília Meirelles) e "Alfazema" são as músicas de Walker - todas de ótimo nível. Uma homenagem pessoal, por certo , é a inclusão de "Um Dia" , para o qual o notável maestro Radamés Gnatalli criou um bonito arranjo .Laércio de Freitas , demonstrando que não é apenas autor de "Capim Gordura" , mas sim um arranjador de méritos, cuidou dos arranjos de "Alfazema", "Pote de Mel" e "Serenata do Meio Dia ".- Um disco importante e que faz o nome Walker ficar anotado como a revelação do ano. E podem apostar no garoto que ele vai corresponder as expectativas.


Texto de Aramis Millarch, publicado no jornal Estado do Paraná, em 17/08/1975.

Fazer o download de Carlos Walker - A Frauta de Pã (1975).