Friday, March 31, 2006

Manduka - Manduka (aka Brasil 1500) (1972)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Brasil 1500
02. Entra Y Sale
03. Naranjita
04. De La Tierra
05. Patria Amada Idolatrada Salve Salve
06. Oiticumana
07. De Un Extranjero
08. Qué Dirá El Santo Padre



Nasceu irremediavelmente poeta. Aos quatro anos de idade, uma tia levava-o em passeio por Copacabana quando ele saltou de sua inocência e perguntou a queima roupa, para o terno espanto dela, se o mar ficava ali de noite, e como a resposta fosse afirmativa tornou a indagar "e fazendo o quê, esperando o sol para se esquentar?". Era assim Manduka, falecido na semana que passou, ainda na força e na inspiração de seus cinqüenta e três anos bem vividos, deixando inconsoláveis seu pai o poeta Thiago de Mello, de quem herdara a veia lírica e a alma de artista, e a mãe, a jornalista Pomona Politis, que lhe passou o ardente sangue grego. Manduka era carinhoso apelido de família. Na verdade, chamava-se Manuel, em homenagem ao padrinho, o vate nacional Manuel Bandeira, íntimo amigo de Thiago, que celebrizou o menino logo ao nascer com um poema em seu Mafuá de Malungo.

Criou-se assim, tropeçando nas pernas de poetas, escritores e boêmios, a movimentada fauna na qual o pai também pontificava no Rio de Janeiro dos anos 50. Ainda muito pequeno acompanhou Thiago em suas andanças pelo mundo, passando longa temporada no Chile, onde simplesmente cruzou com um dos maiores mitos da nossa América: morou nada menos do que numa das vivendas de Pablo Neruda, privando da amizade e do carinho do poeta já consagrado e agraciado com o prêmio Nobel. Nos jardins da quinta, o grande Neruda, bem ao seu estilo, fazia o seu show matinal para o pequeno alumbrado, tirando dos bolsos, em passes de mágica, objetos fascinantes ("Mira, Manolito...") como pássaros, conchas do mar, brinquedos de corda e fantoches, que manipulava com a graça infantil de clown de circo. Enfim, um mundo encantado que nos faz logo pensar num filme que bem poderia se chamar O Menino e o Poeta, parafraseando a inesquecível obra de Skármeta.

Ungido e crismado nesse clima, desde o nascedouro estava Manduka fadado a trilhar uma carreira de artista. E decidiu-se cedo pela música, como poderia ter enveredado pelo desenho e a pintura, que só tardiamente abraçou, na década de 90, quando o conheci. Mas foi como compositor e letrista que se lançou e brilhou, trabalhando com o Geraldo Vandré da última fase e depois com Dominguinhos, com quem fez a conhecida "Quem Me Levará Sou Eu", que, recebida calorosamente, conquistou a láurea principal num festival da TV Tupi. Isso num tempo em que os festivais consagravam nomes como Chico Buarque e Caetano Veloso. Suas derradeiras parcerias em música se deram já na sua fase brasiliense, com o também poeta e jornalista Luís Turiba; e nos últimos meses preparava com os irmãos chargistas Paulo e Chico Caruso um show em grande estilo, que o traria de volta aos palcos do Rio de Janeiro.

No bar da livraria Presença, chamava-me a atenção aquela figura meio sobre o bizarro, tirada a Anthony Quinn, lembrando o grego Zorba, óculos escuros e barba hirsuta. Bebericava o seu Martini sempre solitário, na verdade só de puro charme e figuração para esconder a timidez e um temperamento até certo ponto arredio, como pude concluir depois. Um dia em que se excedera nos drinks mostrou-se em todo o seu talento histriônico: assisti então a uma sua imitação absolutamente mediúnica de Manuel Bandeira, dizendo com certeira sensibilidade o "Evocação do Recife", com a mesma voz cavernosa de tuberculoso profissional, tão minha conhecida do antigo disco Festa. Entrei na roda e no papo e de repente era como se fôssemos amigos há trezentos anos e selamos ali uma amizade para toda vida.

Depois fiz para Manduka e com sua mulher, a bela Valéria a quem ele chamava ternamente de "garça morena" um longo clip filmado nos picos rochosos dos Pireneus goianos, que virou peça de resistência do seu show Zum-Zum, com o qual fez uma cruzada de norte a sul do Brasil, tocando, cantando e conversando com os universitários. Por último, já morando em Petrópolis, onde se tornou parceiro de Alceu Valença na escrita de uma ópera popular para o cinema, começou a trabalhar também na trilha sonora do meu filme O Engenho de Zé Lins, sobre o romancista José Lins do Rego que quase conheceu, pois o autor de Fogo Morto morreu nos braços de Thiago de Mello, seu maior amigo e confidente.

Agora a cena é outra mas trata também da passagem desta para a melhor, como dizem. Vejo Manuel Bandeira, em meio aos querubins, recebendo o afilhado, enlaçando-o numa nuvem e beijando-o afetuoso com sua proverbial dentuça. Ao fundo sua voz ressoa cava e doce, dizendo o poema do batismo de Manduka, ao dedicar aos seus pais o livro Opus 10 de sua lavra: "A Thiago e Pomona ofereço/ Meu Opus 10, exemplar A/ E com este voto ofereço:/ Deus bem-fade a vida em começo/ Do opus 1 deles, meu xará./ - Meu imprevisível xará".

Texto de Vladimir Carvalho, cineasta.

Discografia
  • Brasil 1500 (1972) IRT/ILS (Chile) LP
  • Manduka (1974) CBS (Argentina) LP
  • Manduka e Naná Vasconcelos (1975) Le Chant du Monde (França) LP
  • Brasil (1976) Edigsa (Espanha) LP
  • Caravana (1978) Le Chant du Monde (França) LP
  • Los sueños de America. Manduka e Los Jaivas (1978) Movieplay (Espanha) LP
  • Manduka (1979) CBS LP
  • Sétima vida. Manduka e Pablo Milanês (1986) Egrem (Cuba)/Polydor (México) LP
  • Eterna (1986) Independente (México) LP
  • Os estatutos do homem. Manduka e Thiago de Mello (1989) Edições Paulinas LP
  • Terceira asa (1996) Independente CD

Fazer o download de Manduka - Manduka (1972).

Thursday, March 30, 2006

Marconi Notaro - No Sub Reino dos Metazoários (1973)



DOWNLOAD!


Faixas:
01. Desmantelado
02. Ah Vida Ávida
03. Fidelidade
04. Maracatú
05. Made in PB
06. Antropológica
07. Antropológica ii
08. Sinfonia em Ré
09. Não Tenho Imaginação pra Mudar de Mulher
10. Ode a Satwa



O LP 'No Sub Reino dos Metazoários', de Marconi Notaro, é dos expoentes da cena psicodélica nordestina. Lançado em 1973, enquadra-se na linha de obras como os discos de Lula Côrtes & Lailson - 'Paebirú' e 'Satwa', clássicos da psicodelia nacional.

Ultra-psicodélico em alguns momentos, o disco abre com o samba 'Desmantelado' (composto por Notari em 1968, "nos áureos tempos do Teatro Popular do Nordeste), com o regional formado por Notari, Robertinho de Recife, Zé Ramalho e Lula, entre outros. A segunda faixa, 'Ah Vida Ávida', com 'Notaro jogando água na cacimba de Itamaracá', mais Lula na 'cítara popular' e Zé Ramalho na viola indicam o que vem a seguir, um misto de alucinada psicodelia com pinceladas da mais singela música popular, como o frevinho 'Fidelidade' (... "permaneço fiel às minhas origens, filho de Deus, sobrinho de Satã" ...).

O momento mais radical disco álbum é a quinta faixa, 'Made in PB', parceria de Notaro com Zé Ramalho, um rockaço clássico, destacando a guitarra distorcida de Robertinho de Recife e efeitos de eco. As músicas 'Antropológicas 1' e 'Antropológica 2', como a maioria das outras canções, são improvisos de estúdio, reunindo os músicos já citados, com ótimo resultado sonoro e poético.

Com produção do pessoal do grupo multimídia de Lula Côrtes e sua mulher Kátia Mesel, o disco foi gravado nos estúdio da TV Universitária de Recife e da gravadora Rozenblit, também na capital pernambucana. A capa é um desenho de Lula Côrtes, tão chapado esteticamente quanto o som que o tosco papelão embalava, com uma foto de Marconi Notaro no centro, com o rosto dividido entre a capa frontal e a contracapa.

O álbum, infelizmente, como a maioria do catálogo da Rozenblit permanece inédito, esperando uma cuidada reedição oficial. O LP original é praticamente impossível de ser encontrado, mas uma ótima cópia em CDr já circula no universo de colecionadores.

Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.


Fazer o download de Marconi Notaro - No Sub Reino dos Metazoários (1973).

Guilherme Lamounier - Guilherme Lamounier (1973)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Mini Neila
02. GB em Alto Relevo
03. Patrícia
04. Telhados do Mundo
05. Freedom
06. Capitão de Papel
07. Amanha Não Sei
08. Será que Eu Pus um Grilo na sua Cabeça?
09. Passam Anos, Passam Anas
10. Cabeça Feita



O COMPOSITOR CARIOCA Guilherme Lamounier é um nome tão pouco lembrado que nem teve tempo de se tornar uma "lenda" - raras vezes seu nome foi mencionado em revistas de música e o disco em questão seria bem pouco citado, apesar de ser uma obra-prima do pop nacional. Seus maiores sucessos, "Enrosca" e "Seu melhor amigo", foram eternizados por um cantor cujo nome já afasta fâs de pop-rock: Fábio Jr. ("Enrosca" também foi gravado por... bem... Sandy & Junior). Seu papel durante os anos 70 acabou restrito, em vários momentos, aos bastidores - ele compôs outras inúmeras canções, numa linha que trafegava entre o rock, a MPB e a soul music nativa, que acabariam gravadas por Zizi Possi, Rosa Maria, Roupa Nova, Frenéticas, Jane Duboc e outros. Também responsabilizou-se por vários temas de novelas globais, além de trabalhar ao lado da dupla Robson Jorge & Lincoln Olivetti em várias empreitadas.

Guilherme vinha de família de músicos: o avô, Gastão Lamounier, era compositor e o primo, Gastão Lamounier Junior, também tornou-se compositor e músico, trabalhando com Erasmo Carlos, Banda Black Rio, grupo Karma e vários outros ("Tem que ser agora", gravada por Pedro Mariano em 2000, é de Gastão e Luiz Mendes Junior). Outro primo famoso era Ricardo Lamounier, DJ da boate setentista New York City Discothéque. Antes de Guilherme Lamounier, Guilherme já havia gravado um outro disco, hoje também obscuro, pela Odeon - lançado em 1970 com produção de Carlos Imperial e participação de Dom Salvador e Maestro Cipó, o disco é definido por um site de venda de discos raros como "uma versão crua e rude de Wilson Simonal", contendo "funks pesados" como "Cristina" e "A casa onde ela mora". O álbum de 1973, um dos raros discos nacionais lançados pelo selo Atco, da WEA - que era representada no Brasil pela Continental, durante os anos 70 - pode ser definido como um feliz encontro entre folk, pop, rock (pesado em alguns momentos) e o acento soul que marcaria praticamente tudo feito por Guilherme. Era uma coleção de 10 belas melodias que, ouvidas hoje, dão pena por quase não terem freqüentado as rádios. De lá para cá, este disco jamais seria reeditado.

Guilherme Lamounier foi fruto de uma parceria entre o cantor e Tibério Gaspar, que assinou as letras de todas as músicas - as fotos do encarte, sempre trazendo a dupla, dão a entender que Tibério, mais conhecido por suas parcerias com Antonio Adolfo ("Sá Marina", "Juliana") foi fundamental para o desenvolvimento do álbum. Tocado ao violão e ao piano, com discretas guitarras, o disco abria com uma balada quase Beatle, "Mini-Neila". A melodia, de matar Noel Gallagher de inveja, era acentuada pelo belo arranjo de cordas - creditado, no encarte, a um tal de Luiz Claudio - e completada por um belo refrão, um dos melhores do disco. Depois vinha o som folk e viajante de "GB em alto relevo", uma melodia cheia de surpresas e de acordes escondidos, que mostram a excelência de Lamounier como artesão pop. "Patrícia", outra balada folk, entra no álbum lembrando Lô Borges e traz uma letra cheia de imagens fortes, sexuais. "Os telhados do mundo" é quase progressiva, trazendo percussão, efeitos sonoros, guitarras, órgão e uma letra psicodélica, libertária ("não me interessa saber o que vocês pensam de mim por aí/só interessa saber quem sou ou o que não sou por aqui"). Todas as letras do álbum oscilavam entre o romantismo e uma espécie temática jovem dos anos 70, com imagens de teor quase hippie.

Bem distante do tal "Wilson Simonal cru" do primeiro disco, Guilherme cantava de uma forma quase black, alternando tons rockeiros com vocais roucos e gritados, lembrando por vezes uma versão carioca de Arnaldo Baptista (com quem até se parecia fisicamente). Esse modo de cantar aparecia em músicas como "Freedom", soul acústico pesadíssimo, com linhas de baixo vigorosas e um forte trabalho de metais, quase lembrando uma trilha de filme. Ou mesmo em "Cabeça feita", hard rock doidaralhaço que, dois anos depois, seria gravado pelo grupo carioca O Peso - e que fechava o disco com guitarras na cara do ouvinte e uma letra bandeirosa e libertária. O disco ainda trazia baladas com um pé no soul, como "Capitão de papel" (cuja letra, bem anos 70, citava personagens de histórias em quadrinhos) e a belíssima "Amanhã não sei", conduzida por violão, piano e órgão Hammond e explodindo em um forte arranjo de cordas no final. Completando, ainda havia a curiosa "Será que eu pus um grilo na sua cabeça?" - balada hippie com letra bucólica e romântica, que não citava em momento algum o longo nome da música - e a balada hard "Passam anos, passam anas", seis minutos de fazer os Black Crowes roerem os cotovelos de inveja (a música até lembra um pouco "Descending", do Amorica).

Na época de Guilherme Lamounier, o cantor já colaborava com músicas para trilhas de novelas - ele já havia gravado, na onda dos cantores brazucas que pagavam de inglês, o tema "What greater gift could there be" para a novela global O homem que deve morrer. Continuou assinando outros temas, como a disco-track sacana "Requebra que eu curto" (O pulo do gato, 1978) e até mesmo "Enrosca", cuja versão original era um pop-rock pesadinho (da novela Locomotivas, 1977). Guilherme também escreveu músicas para filmes dos anos 70, como a pornochanchada Cada um dá o que tem (de Carlo Mossy). Sua carreira discográfica é que permaneceu no pára-e-anda por um belo tempo. Ainda na Continental, Guilherme lançou um single com "Vai atrás da vida (que ela te espera)" e deu uma sumida, lançando apenas outros compactos. Em 1978 sairia outro Guilherme Lamounier, desta vez pela Som Livre - revelando "Serenatas perfumadas com jasmin", da trilha de Pecado rasgado.

De lá para cá, pouco se ouviria falar de Lamounier - a não ser por uma ou outra regravação. Seu ultimo disco sairia em 1983, um single com a zoada "Eu gosto é de fazer o que ela gosta". Pouco se sabe sobre a vida de Guilherme hoje, o que ele anda fazendo e se ainda trabalha - pesquisando na internet, é impossível achar informações sobre a vida dele e até mesmo o site Cliquemusic, que possui um bom material para pesquisa sobre MPB, não tem um verbete com o nome do cantor. As fofocas e boatos sobre a vida de Lamounier se acumulam até entre alguns de seus antigos amigos, já que não há muita informação. E Guilherme Lamounier permanece inédito em CD, mesmo com os vários projetos que a WEA vem fazendo para reeditar discos do catálogo da gravadora Continental. Para quem quiser conhecer o álbum, há cópias em CD-R rolando por aí.

Texto de Ricardo Schott, publicado no site discotecabasica.com.

Fazer o download de Guilherme Lamounier - Guilherme Lamounier (1973).

Blow Up - 2nd Album (1971)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Hei Brasil
02. Hello My Baby
03. I Want You Any Way
04. Som D'Avenida
05. Não é Natural
06. Canção de Quase Um Minuto
07. Noite e Dia
08. Expresso 21
09. Amigo Coração
10. Tá Cozendo o Tempo
11. Meu Amigo



Em 1966, nascia em Santos, no bairro do Macuco, o grupo The Black Cats, formado por Robson (guitarra solo), Hélio (bateria), Tivo (baixo e vocal), Zé Luis (vocal), Nelson (teclado) e Adalberto (guitarra base), com forte influência dos Shadows, Jovem Guarda, Beatles e Bee Gees. A primeira apresentação do grupo foi em setembro de 1965, na TV Excelsior, no programa Almoço Musicado, de Hugo Santana. Na onda beatlemania, começaram a ensaiar e tocar nos bares da região, onde conheceram o cantor e compositor mineiro Zegê (mais tarde conhecido por Zé Geraldo), que os convidou para acompanha-lo em seus shows.

Em 1968, por já existir outro grupo com o nome de The Black Cats, inclusive patenteado, trocaram o nome para Blow Up, tirado de um filme homônimo de Antonioni. Um ano mais tarde gravam o seu primeiro disco, chamado Blow Up, pela gravadora Caravelle, e participam do filme Se Meu Dólar Falasse, com Grande Otelo e Dercy Gonçalves. O segundo álbum veio em 1971, novamente chamando-se Blow Up, o disco que também é conhecido por Expresso 21, já trazia mudanças da formação inicial, com a entrada de Lobão no vocal, em substituição a Zé Luis. Os dois álbuns integram as listas de mais procurados por colecionadores, inclusive internacionais, sendo que o seugndo tem sua capa publicada no livro 1001 Record Collector Dreams, do austríaco Hans Pokora, e também pode ser visto no site Rato Laser.

Em 1974, ocorre outra substituição: entra Adalberto no lugar de Dielson, autor da composição de maior sucesso do grupo - Rainbow lançada em 1976 pela Philips. A música entrou na trilha sonora da novela Anjo Mau (primeira versão) e, com ela, o grupo participou do Globo de Ouro da Rede Globo, do programa Fantástico, da mesma emissora, e entrou na compilação Sua Paz Mundial - Volume 4. Em 1974, ganharam o prêmio de melhor banda do estado de São Paulo, segundo a imprensa especializada, entregue no ginásio do C.A. Juventus.

O Blow Up ainda gravaria mais um compacto Pamela Poon Tang, em 1977. Depois de tentativas frustradas com gravadoras que impunham condições, ou queriam grupos populares no seu elenco, a banda até que tenta fazer um disco independente, mas os obstáculos da época eram muitos e o projeto acaba ficando na gaveta. Em 1988, depois de brigas internas, o Blow Up resolveu encerrar suas atividades. O retorno veio alguns anos depois, com o grupo voltando a se apresentar em clubes e bares de Santos, com um público fiel, que lota todas as suas apresentações.

A formação atual conta com Lobão (vocal), Hélio (bateria), Marinho (baixo), Lando e Edú (guitarra), Alex Lobinho (sax e flauta) e Oliver Alex (teclado), tocam várias músicas dos Beatles (sua especialidade), Creedence Clearwater Revival, Bee Gees, e até de grupos atuais como R.E.M., entre outros. Atualmente, o grupo se prepara para lançar um álbum ao vivo, sem nenhuma pretensão de retorno ao cenário musical, simplesmente deixar um registro na história cultural do rock nacional.

Discografia
  • Zegê/The Black Cats (compacto 7", 1968 - Mocambo)
  • Blow Up (LP, 1969 - Carvelle Discos do Brasil)
  • Blow Up (LP, 1971 - Caravelle Discos do Brasil)
  • Rainbow (compacto 7", 1976 - Philips)
  • Pamela Poon Tang (compacto 7", 1977 - Philips)

Texto de Sérgio Dias, publicado no site Senhor F.

Fazer o download de Blow Up - 2nd Album (1971).

Wednesday, March 29, 2006

Ave Sangria - Ave Sangria (1974)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Dois Navegantes
02. Lá Fora
03. Três Margaridas
04. O Pirata
05. Momento na Praça
06. Cidade Grande
07. Seu Waldir
08. Hei! Man
09. Por Que?
10. Corpo em Chamas
11. Geórgia, a Carniceira
12. Sob o Sol de Satã



Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste.

"Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento.

Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP.

Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 45 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel.

Ciganos

A mudança do nome aconteceu quando o grupo passou a ser convidado para apresentações em outros Estados. Os músicos cansaram-se de explicar o significado de Tamarineira Village. O Ave Angria, segundo Marco Polo, foi sugestão de uma cigana amalucada, que encontraram no interior da Paraíba: "Ela gostou de nossa música e fez um poema improvisado, referindo-se a nós como aves sangrias. Achamos legal. O sangria, pelo lado forte, sangüíneo, violento do Nordeste. O ave, pelo lado poético, símbolo da liberdade do nosso trabalho.

Na época, o som do Quinteto Violado era uma das sensações da MPB. Não tardou para as gravadoras mandarem olheiros ao Recife em busca de um novo quinteto. A RCA foi uma delas. O Ave Sangria foi sondado e recusou a proposta (a RCA contratou a Banda de Pau e Corda).

O disco viria com a indicação da banda, pelo empresário dos Novos Baianos, à Continental, a primeira gravadora a apostar no futuro do rock nacional. Antecipando a gozação por serem nordestinos, os integrantes da banda chegaram no estúdio Hawai, na Avenida Brasil, Rio, todos de peixeira na mão: "Falamos para o pessoal ter cuidado, porque a gente vinha da terra de Lampeão", relembra Almir Oliveira. Foi um dos poucos momentos de descontração da banda. Com exceção de Marco Polo, nenhum dos integrantes conhecia o Rio e jamais haviam entrado num estúdio de gravação.

De peixeira na mão

Como agravante, quem produziu o disco foi o pouco experiente Marcio Antonucci. Ex-ídolo da Jovem Guarda (formou a dupla Os Vips, com o irmão Ronaldo), Antonucci ficou perdido com o som que tinha em mãos, e o pôs a perder: "Ele não entendeu nada daquela mistura de rock e música nordestina que a gente fazia, e deixou as sessões rolarem. O diabo é que a gente também não tinha a menor experiência de estúdio", conta o guitarrista Paulo Rafael. Resultado: o disco acabou cheio de timbres acústicos. O Ave Sangria, involuntariamente, virou uma espécie de Quinteto Violado udigrudi. E adulterado não foi apenas o som. A gravadora não topou pagar pela arte da capa e colocou em seu lugar um arremedo do desenho original, assinado por Laílson.

O disco, mesmo pouco divulgado, conseguiu relativo sucesso no Sudeste, e vendeu bastante em alguns Estados do Nordeste. Uma das músicas que fizeram mais sucesso, e polêmica, foi o samba-choro Seu Waldir. "Seu Waldir o senhor/ Machucou meu coração/ Fazer isto comigo, seu Waldir/ Isto não se faz não... Eu quero ser o seu brinquedo favorito/ Seu apito/ Sua camisa de cetim..." Numa época em que a androginia tornava-se uma vertente da música pop. Lá fora com o gliter rock de David Bowie, Gary Glitter e Roxy Music com Alice Cooper, a aqui com o rebolado dos Secos & Molhados, Seu Waldir foi considerado pelos moralistas pernambucanos como uma apologia ao homossexualismo, quando não passava de uma brincadeira do irreverente do Ave Sangria.

Seu Waldir por pouco não vira mito. Uns diziam que era um senhor que morava em Olinda, pelo qual o vocalista do Ave Sangria apaixonara-se. Outros, que se tratava de um jornalista homônimo. Enfim, acreditava-se que o tal Waldir era um personagem de carne e osso. Marco Polo esclarece a história do personagem "Eu fiz Seu Waldir, no Rio, antes de entrar na banda. Ela foi encomendada por Marília Pera para a trilha da peça A Vida Escrachada de Baby Stomponato, de Bráulio Pedroso, que acabou não aproveitando a música".

O Departamento de Censura da Polícia Federal não levou fé nesta versão. Proibiu o LP e determinou seu recolhimento em todo território nacional. A proibição incitada, segundo os integrantes do Ave Sangria, pelo hoje colunista social do Diário de Pernambuco, João Alberto: "Ele tocava a música no programa de TV que ele apresentava e comentava que achava um absurdo, que uma música com uma letra daquelas não poderia tocar livremente nas rádios", denuncia Rafles. Almir Oliveira diz que lembra dos comentários do jornalista na televisão: "Mas não atribuo diretamente a ele. Se não fosse ele, teria sido outra pessoa, a música era mesmo forte para a época", ameniza. A proibição, segundo comentários da época, deveu-se a um general, incentivado pela indignação da esposa, que não simpatizou com a declaração de amor a seu Waldir.

O disco foi relançado sem a faixa maldita, mas aí o interesse da mídia pelo grupo já havia passado. A Globo, por exemplo, desistiu de veicular o clipe feito para o Fantástico, com a música Geórgia A Carniceira. O grupo perdeu o pique: "A gente era um bando de caras pobres, alguns já com filhos, a grana sempre curta. No aperto, chegamos até a gravar vinhetas para a TV Jornal (uma delas para o programa Jorge Chau)", relembra Marco Polo.

Em dezembro de 1974, o Ave Sangria parecia querer alçar vôo novamente. O grupo fez uma das suas melhores apresentações, com o show Perfumes & Baratchos. O público que foi ao Santa Isabel não sabia, mas teve o privilégio de assistir ao canto de cisne da Ave Sangria. Foi o último show e o fim da banda.
Texto de José Teles, publicado no site Senhor F.

Fazer o download de Ave Sangria - Ave Sangria (1974).

Saturday, March 25, 2006

Kris Kringle - Sodom (1971)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Louisiana
02. Help
03. That's My Love for You
04. The Resurrection Shuffle
05. Janie Slow Down
06. Susie
07. The Monkey Song
08. Sarabande
09. Mr. Universe
10. What You Want


Kris Kringle foi um projeto paralelo, um dos nomes de grife usados pelo grupo Memphis, campeão das domingueiras paulistanas no Clube Pinheiros e Círculo Militar em São Paulo, no início dos anos 70. O Memphis começou em 1966 como Bumble Bees e passou pelo Colt 45, mas também usou nomes de grupos fantasmas, como The Fox, Beach Band, Young Fellow, Joe Bridges e Baby Joe.

O Kris Kringle (Papai Noel em alemão) lançou o petardo “Sodom” em 1971. Entre as várias versões de músicas de sucesso, destaque para a versão heavy-psicodélica de "Help", dos Beatles, o progressivo jurássico de "Sarabande" e o som Deep Purple total de "That's my love for you". Tudo no lugar: riffs grudentos, solos sinuosos, bateria acelerada, vocal hard e coruscantes linhas de baixo do virtuose Nescau. E, claro, órgão Hammond sempre na hora certa e na medida. Do primeiro ao último sulco, rock puro na veia!

Um avanço para a época, o LP já foi lançado em estéreo, em ótima produção do mago de estúdio Cesare Benvenuti. Experimente ouvir com fones de ouvido de boa qualidade. Tudo foi gravado, mixado e masterizado (no talo!) à perfeição, no histórico Estúdio Gazeta (Estúdios Reunidos), na Av. Paulista, 900, no quarto andar do prédio da Fundação Cásper Líbero. Diferentemente até de CDs produzidos nos anos 90, o som é forte, redondo, encorpado e tonitruante. Nada de som de radinho de pilha, muito menos bateria de caixinha de fósforos. Meia hora de pau puro, para nenhum headbanger botar defeito!

Pelo grupo, passaram, entre outros: Dudu França (Joe Bridges), bateria e lead vocal; Marcos Maynard (Marcão), guitarra-base, órgão e vocais; Carlos Alberto Marques (Carlinhos), guitarra, saxofone e vocais; Juvir Moretti (Xilo), guitarra-solo e vocais; Marco Antônio Fernandes Cardoso (Nescau), baixo e vocais; e Otávio Augusto Fernandes Cardoso (Otavinho), guitarra-base, teclados e vocais.

Sodom é um lugar de confusão, cenas de tumulto, confusão e gritaria. Homem maluco ou lunático sem ordem! No conceito de Kris Kringle, a palavra recebe um novo e diferente sentido. Sodom vem a ser o som de duas vozes, Kris Kringle e Joe Bridges; separadamente explosivas e, quando juntas, incomparáveis.

Sodom são as cordas da guitarra, movidas ferozmente por Mark Kringle. Sodom é o movimento de Joe Bridges, que não toca, mas ataca sua bateria. Sodom é você, a audiência acompanhando o ritmo com as mãos, deixando-os juntos nesse palpitante ritmo, e seus pés acompanhando com a dança, porque o som os força a isso.

Enfim, Sodom é o agradável trabalho, excitação e exaustão que entram na criação de um LP que não é um LP, mas um ato final num longamente esperado sonho. É a criação de seis rapazes guiados por seu produtor.
(Trad. Peja Prod.)


O encarte viajandão parece usar linguagem cifrada. Além disso, finge, na maior caradura, ser tradução de um suposto original em inglês. As ilustrações também são totalmente psicodélicas, "mutcho lôkas" mesmo, condizentes com a viagem musical proposta pelo disco. O álbum, disputado a tapa nos sebos nacionais e internacionais por até US$ 300, teve bastante repercussão, pois mereceu uma segunda edição em 1972, e até um single lançado na França.

Texto de Silvio Atanes, publicado originalmente no blog Lágrima Psicodélica.

Fazer o download de Kris Kringle - Sodom (1971).

Wednesday, March 22, 2006

Spectrum - Geração Bendita (1971)




DOWNLOAD!





Faixas:
01. Quiabo's
02. Mother Nature
03. Trilha Antiga
04. Mary You Are
05. Maria Imaculada
06. Concerto do Pântano
07. Pingo é Letra
08. 15 Years Old
09. Tema de Amor
10. Thank You My God
11. On My Mind
12. A Paz, Amor, Você



Jornal do Brasil - 14 de Fevereiro de 2002

Um clássico psicodélico - por Silvio Essinger
Disco gravado em 1971 por uma obscura banda de Friburgo vira cult na Europa, onde colecionadores pagam até US$ 2 mil pelo LP

O que havia restado para o funcionário público aposentado José Luiz Caetano, 49 anos, era apenas uma fita cassete, que ele ouvia em suas viagens de carro pela serra. ''Chorava de alegria e tristeza. Sentia um arrepio ao ver a amplitude do trabalho que tínhamos feito. E tudo se perdera no vento, jogado em alguma prateleira'', diz José Luiz. Na tal fita estavam as músicas do disco Geração bendita, gravado em 1971 com sua banda Spectrum, formada por amigos beatlemaníacos de sua cidade, Nova Friburgo. Sem repercussão alguma em sua época, o trabalho acabou vingando só 30 anos depois, por vias tortíssimas: depois de virar raridade, cult mesmo entre colecionadores europeus, Geração bendita foi relançado em outubro de 2001 em caprichada edição de vinil, numa tiragem limitada, pelo selo alemão Psychedelic Music. Mais: quem quiser comprar um LP original de 1971, em bom estado, tem que desembolsar até US$ 2.000.

Saudado na Alemanha como uma pérola do rock psicodélico sul-americano, o disco relançado vendeu toda a tiragem de 410 cópias em uma semana (outras 40 tiveram que ser guardadas para os clientes da internet). Em abril, Geração ganhará sua primeira edição oficial em CD, também na Alemanha.

''O tempo ficou curto e a cabeça pequena'', diz José Luiz, que, com toda a satisfação, deixou a pacata vida de lado e hoje vive em meio a uma frenética troca de e-mails e telefonemas com representantes de selos fonográficos e colecionadores no exterior. Em 1998, ele estava completamente desanimado, depois de tentar promover uma reunião da banda, que rendeu apenas uma edição caseira do disco em CD. Tudo indicava que se perderiam na memória as músicas, feitas para a trilha sonora do inacreditável Geração bendita, anunciado como ''o primeiro filme hippie brasileiro'', feito em ''uma comunidade hippie autêntica''. Até que um dia o músico foi procurado pelo colecionador Luiz Antônio Torge, que mantém um site com capas de discos brasileiros raros, o Rato Laser.

Paulada - ''Há uns oito anos, um peruano que mora em Burbank, nos Estados Unidos, me enviou uma lista de discos brasileiros que procurava. No final da lista, havia um tal de Geração bendita, que ninguém conhecia'', diz Torge. Um amigo conseguiu então para ele a obscura bolacha psicodélica. ''Escutei e foi aquela paulada. Ele não perde para nenhum baita disco americano ou europeu do mesmo estilo.'' O colecionador só conseguiu chegar a José Luiz por intermédio do diretor do filme, Carlos Bini, o único nome completo na contracapa do disco original, que fora lançado pelo extinto selo Todamérica, especializado em cantores do rádio.

Logo a descoberta chegou a Thomas Hartlage, do Psychedelic Music, em uma fita enviada por Torge. ''Fiquei tão impressionado com o som e com as composições que passei um ano tentando comprar o LP original. Por fim, consegui uma cópia no Brasil, pela qual paguei US$ 1.500'', diz Hartlage. E a fama de Geração bendita se espalhou. ''Ele é uma jóia da música psicodélica'', elogia Hans Pokora, autor da série de livros Record collector dreams, que compila capas de raridades roqueiras do mundo inteiro. ''Além de ser ótimo, ele é raro também, o que torna a obra ainda mais cultuada'', acrescenta Luiz Antônio Torge. ''E o fato de as músicas não serem covers de bandas da Europa ou Estados Unidos deixa os colecionadores loucos.''

Ouvir os poucos mais de 29 minutos do Geração surpreende qualquer roqueiro, até o mais experimentado. Apesar do som precário (os instrumentos eram de terceira mão e as novas cópias do disco tiveram que ser tiradas de um LP, já que as fitas master desapareceram), trata-se de um excelente disco de rock, com ecos do psicodelismo de Jimi Hendrix, o peso de Cream e Steppenwolf (a grande paixão da banda) e das impecáveis harmonias vocais de Simon & Garfunkel e The Mamas & The Papas. As guitarras falam alto em faixas como Quiabos (nome do sítio onde vivia a comunidade hippie do filme), Pingo é letra e Trilha antiga.

Viola e guitarra - Há também belas baladas, só com as vozes dos integrantes e o acompanhamento de uma viola caipira (substituindo o violão de 12 cordas, inacessível para os garotos), que José Luiz Caetano comprou em 1970 e guarda até hoje. Entre elas, Mary you are, Tema de amor, Mother nature e Maria imaculada. A faixa mais psicodélica mesmo é Concerto do pântano, com a combinação da viola com slide e guitarra com efeito wah-wah. O hino hippie A paz, o amor, você encerra o disco em grande estilo - nada a dever, por exemplo, aos Mutantes de Jardim elétrico.

Produzido por Carl Kohler, dono do Quiabos, o filme Geração bendita era a grande oportunidade que o Spectrum tinha de entrar na mídia. ''Uma história nunca vista no Brasil! Uma geração simples, divertida, humana, bela e inteligente! Você vai fundir a cuca, bicho!'', anunciava o trailer do filme, que originalmente seria um documentário, mas acabou virando ficção com a entrada no projeto do diretor Carlos Bini. ''O filme não é nenhuma obra-prima, mas retrata uma época'', diz hoje José Luiz Caetano. Bondade dele: Geração bendita poderia ser exibido hoje em dia como uma curiosidade trash, com cenas de hippies queimando um aparelho de TV, tocando flauta à beira do rio, queimando fumo e destroçando com fúria um leitão assado.

Com interpretações constrangedoras e um fiapo de roteiro, centrado na história de um burocrata que larga tudo para viver com os hippies que acampam na praça principal de Nova Friburgo, Geração bendita, o filme, tem uma cena antológica, em que todos tomam banho nus num rio, no qual um treslocado vai derramando um balde de tinta para colorir a água. ''Alguns dizem que a minha bunda está ali, mas eu não me vejo'', brinca José Luiz, que jura não ter ido fundo na onda daquela época. ''Minha droga era a música'', assegura.

Big Boy - Proibido a princípio pela Censura, Geração bendita acabou sendo lançado só em 1972, e em poucos cinemas, com o título de É isso aí, bicho!. E nada aconteceu. Frustrados e sem empresário, os músicos do Spectrum se separaram - isso, apesar de terem recebido elogios e uma convocação de um de seus ídolos, o radialista Big Boy, do Baile da pesada. Com nova formação, chegaram a tentar a sorte em boates de Ipanema, numa onda meio Cream. Mais tarde, com a adesão do vocalista (já falecido) Wirley, embarcaram numa onda Led Zeppelin. Nessa, gravaram a trilha de outro filme de Bini, Guru das 7 cidades. Depois acabaram mais uma vez, só que definitivamente.

Com o fim do sonho roqueiro, José Luiz se casou, foi trabalhar como professor de shiatsu e teve dois filhos. Mais tarde, um concurso o levou a ser funcionário público. No meio tempo, cursou dois anos de Direito, que o ajudaram bastante na hora de se meter no complicado trâmite legal para a liberação dos direitos do disco, quando do convite da Psychedelic Music para o relançamento. Foi uma longa peregrinação que envolveu todos os músicos de Geração bendita ainda vivos: o baterista Fernando (que trabalha com informática no Rio) e os guitarristas Sérgio (desenhista da construção civil em Friburgo) e David (pecuarista em Bom Jardim). O baixista do disco, Toby, morreu no começo dos anos 90 num acidente de carro.

''O Geração ainda é um disco atual, em letra e música'', acredita José Luiz, que montou um site do Spectrum e trabalha agora pelo seu relançamento em CD no Brasil. Ele sonha inclusive fazer um videoclipe, com cenas do Geração que estão em poder de Carl Kohler, hoje recluso e desiludido com o meio cinematográfico. Trinta anos depois, o músico continua no clima paz-e-amor do filme - em sua opinião, o sonho não acabou e os anos 70 sequer começaram. ''O objetivo final do homem tem que ser o humanismo'', prega José Luiz.


Fazer o download de Spectrum - Geração Bendita (1971).

Monday, March 20, 2006

Trilha Sonora do Filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Abertura
02. Manuel e Rosa
03. Sebastião
04. Discurso de Sebastião
05. A Mãe
06. Antonio das Mortes
07. Corisco
08. Lampião
09. São Jorge
10. Monólogo
11. A Procura
12. Reza de Corisco
13. Perseguição/Sertão Vai Virar Mar


Sei que esse não é um disco de rock, e muito menos psicodélico ou progressivo. Mas é uma raridade sem igual. Publico aqui em homenagem aos que, como eu, também são amantes da sétima arte.


No encarte do disco, lemos:


DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL

cancioneiro do nordeste
composto e interpretado por
SERGIO RICARDO

Letras de
GLAUBER ROCHA



O cego Zé, guiado apenas por seu primo Pedro das Ovelhas, me disse que ele cantava para não perder o juízo; pegava o cavaquinho e, voz de angústia, furando as tardes de Monte Santo, invocava amores perdidos e crimes terríveis.

Quem anda pelo sertão conhece bem um cantador -- velho e cego (que cego vê a verdade no escuro e assim canta o sofrimento das coisas) bota os dedos no violão e dispara nas feiras, levando de feira em feira e do passado para o futuro, a legenda sertaneja: história e tribunal de Lampião, vida, moralidade e crítica. Na voz de um cantador está o "não" e o "sim" -- e foi através dos cantadores que achei as veredas de Deus e o Diabo nas terras de Cocorobó e Canudos.

Sou mau cantador -- sem ritmo e sem memória, fiquei por tempos a ruminar e reinventar a essência das coisas que tinha ouvido -- e um enorme romance em versos nasceu, impuro e rude, narrando o filme. Acabando o trabalho, pronta a montagem, restavam imagens neutras, mortas, que necessitavam da música para viver: eram imagens do romanceiro transcrito. Todo o episódio de "Corisco", por exemplo, nasceu das cantigas que ouvi cantar em vários lugares diferentes e, dispensada a música, perderia um significado maior.

Sérgio Ricardo, embora seja sambista com mistura de morro e asfalto, tem paixão pelo nordeste, tem a vantagem de ser cineasta e sabe que música de filme é coisa diferente: tem de ser parte da imagem, ter o ritmo da imagem, servir (servindo-se) à imagem.

Começamos o trabalho. Dei as letras -- nas quais usei muitos versos autênticos do povo -- e Sérgio começou a compor. Tinha seus vícios de "arranjos"; discutimos que o negócio tinha de ser "puro". Sérgio ouviu péssimas gravações do cego Zé e do seu primo Pedro: pegou e matutou o tom. Cortamos certos versos, fizemos outros: Sérgio deu uns palpites nas letras e eu, mau cantador, dei palpites na música. E ensaiamos pra valer na hora da gravação. Transformei Sérgio em ator -- gritei, ele ficou nervoso, deixou os preconceitos e soltou a voz e os dedos do violão. Depois de vários dias a noites a banda sonora estava gravada.

Acho que o cinema brasileiro tem, nas origens de sua linguagem, um grande compromisso com a música -- o nosso triste povo canta alegre, uma terrível alegria de tristeza. O samba de morro e a bossa nova, o romanceiro do nordeste e o samba de roda da Bahia, cantiga de pescador e Villa-Lobos -- tudo vive desta tristeza larga, deste balanço e avanço que vem do coração antes da razão.

Uma das mais belas imagens do nosso cinema é, por isso, aquela de Grande Othelo, em "Rio Zona Norte", cantando um samba de Zé-Keti. É assim que nossa música no cinema funcionará sempre como a explicação profunda da alma brasileira.

Glauber Rocha


Fazer o download da Trilha Sonora do Filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964).

Sound Factory - Sound Factory (1970)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Restless Time
02. Crossroads
03. Can't Find my Way Home
04. I'm Yours and I'm Hers
05. Whithering Tree
06. Sanghai Noodle Factory
07. Wasted Union Blues
08. Lather
09. Let's go
10. Midnight Inspiration



Em 13 de abril de 1970, o Sound Factory entrou no estúdio da Castelinho, no centro da cidade, para iniciar as gravações do que viria a ser o primeiro e único LP da banda. A banda era formada por Antônio Ricardo Canízio Sampaio, no baixo, Izidro Martins Neto, no órgão, Trajano Luis Lemos Junior, na bateria, e o norte-americano Kevin Valentine Peter Brennan na guitarra. Entre os 10 temas gravados, dois são de autoria de Kevin (Restless Time e Let's Go), um de Ricardo (Midnight Inspiration) e os demais covers do Traffic (Withering Tree e Shangai Noodle Factory), Blind Faith (Can't Find My Way Home), Johnny Winter (I'm Yours And I'm Hers), It's A Beautiful Day (Wasted Union Blues), Jefferson Airplane (Lather) e Robert Johnson (Crossroads).

Produzido por Raimundo Bittencourt, com fotos de capa e contra-capa de Gilson Sérgio Cruz, o disco, que tem o nome do conjunto como título, só viria a ser lançado em agosto. Com tiragem reduzida de 300 unidades o LP acabou se transformando numa das maiores raridades do rock brasileiro, sendo também objeto de cobiça de colecionadores do mundo inteiro.

Restless Time é a primeira faixa do disco. O início climático, à base de órgão, baixo, dulcimer e de um aproveitamento sutil do prato antecede a entrada do vocal e de instrumentos de percussão, como o triângulo e o reco-reco. Kevin se encarrega do dulcimer e do vocal principal, acompanhado por gritos de Trajano. As intervenções de Trajano às vezes se sobrepõem a voz de Kevin, o que não agradou ao guitarrista na época. Mas, segundo Trajano, a idéia era trazer um pouco de agressividade como contraponto a suavidade do dulcimer e do órgão.

Em Crossroads, quem assume o vocal é Ricardo, com baixo, órgão, bateria e a guitarra de Kevin incendiando a música. A bonita canção de Steve Winwood, Can't Find My Way Home, que Gilberto Gil também gravaria no ano seguinte, segue o arranjo criado originalmente pelo Blind Faith. O vocal é de Trajano, os violões, gravados em overdub, de Kevin, o ganzá, de Ricardo e o discreto órgão, de Izidro.

A banda volta a sua formação tradicional de guitarra, baixo, órgão e bateria para executar I'm Yours and I'm Hers. O vocal é de Ricardo mas o brilho fica por conta da guitarra distorcida de Kevin. Emprestadas do repertório do Traffic são as duas canções seguintes: Withering Tree e Shangai Noodle Factory . Ambas cantadas por Trajano. Na primeira, Kevin, Ricardo e Izidro compartilham o vocal no final da canção, cuja melodia é guiada pelo doce e suave piano de Izidro. Na segunda, os floreios do baixo, as boas intervenções do órgão e da guitarra e o falsete explorado por Trajano, garantem um dos melhores arranjos do disco, talvez, por isso, embalado numa mixagem bem equilibrada que nem sempre transparece no disco.

Wasted Union Blues, do It's A Beautiful Day, e Lather, do Jefferson Airplane, são os dois últimos covers do LP, com Ricardo assumindo os vocais novamente. Pra quem gosta de guitarra, é bom reparar no ótimo trabalho de Kevin nos dois números. Mas sua voz, em falsete, deixa um pouco a desejar em Let's Go. Na verdade, esse tema de sua autoria, o mais curto do disco, serve para Kevin exibir um pouco de sua técnica, amparada, com competência, pelo baixo de Ricardo.

Finalmente, fechando o disco, o número instrumental Midnight Inspiration. Aqui, Ricardo se apropria do piano, usando suas teclas por quatro minutos e seis segundos para explorar essa serena, envolvente e bonita melodia, com acompanhamento discretíssimo do órgão. Esse tema gerou enorme satisfação para Ricardo e demais integrantes da banda, ao ser incluido na programação da rádio Eldorado, especialmente no programa Um Piano Ao Cair da Tarde. Trajano lembra vivamente de ouvir o locutor anunciar... "Agora, com o Sound Factory, Midnight Inspiration, de Antônio Ricardo Sampaio". Quanto aos rocks, porém, nenhuma rádio se interessou em tocá-los.
Adaptado de texto de Nelio Rodrigues, publicado no site Senhor F.

Fazer o download de Sound Factory - Sound Factory (1970).

Saturday, March 18, 2006

The Beatniks - Complete Mocambo Singles (1968)




DOWNLOAD!





Faixas:
01. Glória
02. Fire
03. Eu te Encontro
04. Alligator Hat
05. Era um Rapaz que Como Eu...
06. Outside Chance



Passando por diversas formações, o conjunto Beatniks nasceu Analphabeatles e mudou de nome por existir mais bandas homônimas, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Nos idos de 1965, injetaram beatlemania nos programas 'Jovem
Guarda', apresentado por Roberto Carlos na TV Record, e 'O Bom', comandado por Eduardo Araújo, e na TV Excelsior (SP), Canal 9. A banda Betniks, quando não acompanhava a cantora Silvinha, também tocava nas domingueiras paulistas e nos famosos shows promovidos pela Rhodia/Fenit.

Depois do beat europeu flertaram com a "cultura" da pisicodelia, que imperava simultânea por todo o mundo em 68. Gravaram uma das mais lindas versões de Glória, de Van Morrisson, num chapante compacto duplo pela etiqueta Mocambo, da gravadora pernambucana Rosemblit.

Uma aparição em 1975 foi documentada, mas em 1984 com outra formação, o grupo voltou a cena e fez uma série de shows; desaparecendo depois, como desapareceram os disquinhos, raridades valiosas recuperadas graças a colecionadores aficionados, como o pessoal da Misty Lane, uma gravadora bacana de Roma, Italia (mistylane@iol.it); que editou só no formato de vinil - Mini Long Play de 10 polegadas - todos os registros do grupo.

Com Bogô, guitarra, vocal e cabeça pensante da banda; Márcio, guitarra e vocal; Nenê, baixo, depois Incríveis; e Nino gravaram ‘Cansado de Esperar’ e ‘Este Lugar Vazio’, compacto originalmente lançado em 66, pela CBS. E, depois pela Mocambo, em 68, ‘Era um Rapaz que Como Eu Amava Os Beatles e Os Rolling Stones’ e ‘Outside Chance’, uma versão dos Turtles.

Também passaram pela banda Mário Lúcio, no baixo, e Pandinha na bateria. Com a formação: Márcio e Tuca, guitarras e vocais; Cláudio, baixo e Norival na bateria gravaram o famoso single duplo, também pela Mocambo em 68, com ‘Glória’, ‘Fire’ , ‘Eu Te Encontro’ e ‘Alligator Hat’.

Texto de Luiz Calanca, publicado no site Senhor F.


Fazer o download de The Beatniks - Complete Mocambo Singles (1968).

The Galaxies - The Galaxies (1968)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Hey!!!!
02. Can't Judge a Book by Looking at the Cover
03. Orange Skies
04. I'm Not Talking
05. Ain't Gonna Lie
06. Linda Lee
07. Mellow Yellow
08. Concrete and Clay
09. Que Vida
10. How Does That Grab You Darling
11. Slow Down Baby
12. Farmer John



Lançado em 1968, The Galaxies, uma das maiores raridades da garagem e da psicodelia tropical, foi gravado pelo selo Som Maior, em São Paulo. Formado pelo inglês David Charles Odams (guitarra e vocal), pela americana Jocelyn Ann Odams (maracas e vocal) e pelos brasileiros Alcindo Maciel (guitarra e vocal) e José Carlos de Aquino (guitarra e bateria), o grupo destacou-se no circuito de garagem da capital paulista.

O repertório do disco traz clássicos como o original Linda Lee e os covers para I’m Not Talking e Orange Skies e Que Vida, ambas do grupo americano Love, além de outras peças de blues e sucessos da época. Apesar das dificuldades de gravação da época, o álbum tem boa qualidade técnica, instrumental e vocais bem colocadas, particularmente devido ao domínio que seus integrantes tinha do inglês. Também tocou no disco o guitarrista Carlos Eduardo Aun (Tuca), que não aparece na ficha técnica porque, na mesma época, era titular dos Baobás.

Inédito em cd, é um dos álbuns mais procurados pelos colecionadores internacionais de psicodelia dos anos sessenta.

Texto publicado no site Senhor F.

Fazer o download de The Galaxies - The Galaxies (1968).

Thursday, March 16, 2006

Rubinho e Mauro Assumpção - Perfeitamente, Justamente Quando Cheguei (1972)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. A Montanha
02. Bloco da Visão
03. Os Olhos
04. Sozinho Não Estou
05. Dobra a Esquina Para Ver o Sol
06. Debandada Geral
07. Quero Companheira
08. Você Falou
09. Qualé a Sua
10. Pé Na Estrada
11. Tá Tudo Aí
12. No Mundo da Lua
13. Quando Cheguei



Grupo de rock formado por Mauro Assumpção (voz), Rubinho (violão e teclados), Marcelo (baixo), Gegê (bateria), Hermes (percussão), Formiga (piston) e Darci (piston) na cidade do Rio de Janeiro no início da década de 1970. Fazia um rock no estilo psicodélico, nos moldes das bandas californianas da década de 1960. Conjunto de curta duração, lançou apenas um LP "Quando cheguei" pelo selo Tapecar em 1972.

Texto extraído do Dicionário Cravo Albin.

Fazer o download de Rubinho e Mauro Assumpção - Perfeitamente, Justamente Quando Cheguei (1972).

Os Lobos - Miragem (1971)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Seu Lobo
02. O Homem de Neanderthall
03. Avenida Central
04. Meu Amor Por Cristina
05. You
06. Miragem
07. Santa Teresa
08. Dorotéia
09. Carro Branco
10. Pasta Dental Sabor Chicletes
11. Cristina (bonus)
12. Só Vejo Você (bonus)
13. Cabine Classe A (bonus)
14. Fanny (bonus)

* as músicas bônus são dos dois primeiros compactos da banda


Grupo de rock formado por Dalto e Cristina (voz), Ronaldo (guitarra), Cássio (guitarra), Fábio (teclados), Francisco (baixo) e Cláudio (bateria) na cidade de Niterói (RJ) no início da década de 1970. Fazia um rock psicodélico nos moldes dos Mutantes, chegando a lançar alguns discos pelo selo Top Tape. Posteriormente Dalto segui carreira solo, conseguindo emplacar alguns hits como "Flashback" e "Muito estranho".

Texto adaptado do site www.dicionariompb.com.br.


Discografia Completa



Fazer o download de Os Lobos - Miragem (1971).

Wednesday, March 15, 2006

The Buttons - The Buttons (1970)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Happy Mary
02. Slow Down
03. Birds In My Tree
04. Dear Old Mrs. Bell
05. Moonlight Serenade
06. Look My World
07. The Sound Of Night
08. Free World
09. Why
10. I Never Tried
11. Whispering
12. I'm Thinking Of Rita



Os Botões na verdade eram uma derivação do grupo The Snakes, que foi formado em 1963 na Vila Califórnia em SP, por: Alaor (baixo), Evandes e Carlão (guitarras solo),Milton (guitarra base) e Nelson na bateria. Tratava-se de um grupo instrumental que se apresentavam tocando exclusivamente musicas dos The Ventures e The Shadows.

Por volta de 64/65 o grupo mudou a formação saindo Evandes e Milton e entrando Sidney nos teclados e Carlinhos na guitarra base, mudando o nome e o estilo para, Os Botões, passando a tocar Beatles e os sucessos das rádios nos shows e bailes. Essa formação perdurou até 1970 quando gravaram com o nome de The Buttons um compacto com a musica Whispering, e em seguida um LP. Logo após a gravação foi a vez do Alaor sair do grupo para seguir sua carreira de empresário, (pra quem não sabe, o Alaor é fundador da Snake e Ookipik, quem não lembra dos aparelhos, falantes e guitarras fabricadas por ele) nesse ponto o Carlinhos assumiu o baixo e a banda seguiu com quatro músicos. Em 71 sai o Nelson da bateria para a entrada de Eduardo (Transa som) que ficou pouco tempo dando lugar ao grande baterista Marinho Thomas, nessa época o grupo chegou a gravar com o nome de The Union, porém só obtiveram sucesso em 73 quando gravaram um LP com a musica Me and You já com o nome “Dave Maclean” que foi tema da novela da rede globo - Ossos do Barão.

Em 74 novas mudanças, saem Carlinhos e Sidney e entram: Mario testoni nos teclados e João Alberto no baixo. Com essa formação gravam um Lp com a musica We Said Goodbye que foi um enorme sucesso. Neste ponto acontece a mudança definitiva, Carlão passa a seguir sua carreira solo como Dave Maclean e João Alberto, Mario Testone e Marinho Thomas se juntam ao Casa das Maquinas.

Texto extraído do site oficial de Dave Maclean.

Fazer o download de The Buttons - The Buttons (1970).

Tuesday, March 14, 2006

Ronnie Von - Ronnie Von nº 3 (1967)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Prá Chatear
02. A Filha do Rei
03. Meu Mundo Azul
04. O Último Homem da Terra
05. O Manequim
06. A Importância da Flor
07. Jardim de Infância
08. Uma Dúzia de Rosas
09. O Homem da Bicicleta
10. A Chave
11. Minha Gente
12. Belinha
13. Vamos Falar de Você
14. Soneca Contra o Barão Vermelho



No palco do festival Bananada 2000, em Goiânia, a banda gaúcha Vídeo Hits enlouquece a galera com a canção Silvia 20 Horas Domingo - psicodélica e, ao mesmo tempo, extremamente pop. Em um sítio em São Paulo, o grupo alagoano Mopho ensaia um novo repertório, adicionando mais informações ao seu já colorido mix sonoro, entre elas os velhos vinis psicodélicos de Ronnie Von. No centro das atenções um raríssimo e pouco conhecido álbum do cantor, lançado em 1968, com arranjos do maestro Damiano Cozzela (um dos arranjadores do primeiro álbum tropicalista de Caetano Veloso) e participação do grupo gaúcho de Jovem Guarda, Os Brasas.

As cenas, as lembranças e as referências ao álbum, que talvez surpreendam o próprio Ronnie Von, não têm sido exclusividade do momento registrado pelo senso arqueológico de Senhor F e seus antenados colaboradores. Aqui e ali, de maneira cada vez mais intensa, a obra de Ronnie Von parece estar sendo redescoberta em sua verdadeira dimensão, a exemplo da versão do Ira! para Minha Gente Amiga (que virou um sacolejante funk-latino-psicodélico, com a sempre ótima guitarra de Edgar Scandurra). Passados tantos anos de um preconceituoso e praticamente imposto anonimato, a justiça parece estar chegando para o jovem que, nos anos sessenta, foi bem mais do que apenas o Princípe da Jovem Guarda.

Um dos mais radicais beatlemaníacos, e responsável pelo batismo dos Mutantes, a quem deu força quando eram ilustres desconhecidos, Ronnie Von construiu uma tão invejável quanto pouco conhecida discografia, especialmente entre 1966 e 1972. Iniciando sua carreira no Rio de Janeiro, com apoio do grupo The Brazilian Bitles, integrou a Jovem Guarda, mas sempre esteve mais próximo da beatlemania, como não deixa dúvida seu álbum de estréia, onde sete das doze canções são de Lennon & McCartney - e outra dos Rolling Stones (As Tears Goes Bye). Não por acaso, é em seu programa de televisão, O Pequeno Mundo de Ronnie Von, que os Mutantes tiveram espaço para dar os primeiros passos da carreira, tocando Beatles ou temas clássicos com arranjos roqueiros.

De origem social mais elevada, mas nem por isso metido a besta, dono de uma beleza que provocava inveja e suspiros, e intérprete sensível e ousado, Ronnie Von, na verdade, sempre esteve além do seu tempo. Avesso a rótulos, depois do estrondoso sucesso com Meu Bem/Girl (de Lennon & McCartney), em 1966, e do estouro ainda maior do hit A Praça, ele entrou de cabeça no moderno pop, na psicodelia e, até mesmo, no progressivo, o que lhe custou a incompreensão de boa parte do público. O álbum gravado em 1968, especialmente, e os seguintes - A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais (1969) e A Máquina do Tempo (1970) radicalizaram a orientação experimentalista do cantor.

O disco com Os Mutantes (e os Beat Boys), lançado em 1967, arranjado por Rogério Duprat, traz, entre outras coisas, um cover para uma canção dos Hollies - Lullaby To Him, uma composicão de Caetano Veloso, que divide com ele os vocais, e uma enfiada de músicas estranhas. No mesmo ano de 1967, de sua parceria com o grupo Baobás que, a seguir, teve o ex-Mutantes e atual produtor Liminha entre seus membros, resultou o compacto com Winchester Catedral, em versão de Fred Jorge, e Menina Azul, em parceria com o guitarrista do grupo, Ricardo Contins. Mas foi com o disco seguinte, intitulado apenas Ronnie Von, lançado em 1968, que o Pequeno Príncipe perdeu definitivamente a inocência, desafiando padrões, fórmulas e pré-conceitos.

Com uma capa totalmente psicodélica, onde ele posa de peito nú, como uma espécie de Joe D'Alessandro (ator dos filmes de Andy Wharol) dos trópicos, o álbum não deixava dúvidas sobre o seu conteúdo musical. À frente dos arranjos estava o maestro Damiano Cozzela, de orientação e formação concretista, da mesma escola que já tinha projetado Rogério Duprat (responsável pela apresentação) junto aos Mutantes e demais tropicalistas. O repertório, coeso e instigante, trazia desde peças "espaciais" pré-Pink Floyd, como Mil Novecentos e Além/Tristeza Num Dia Alegre, pequenas sinfonias pop do porte de Espelhos Quebrados (na linha de Eleanor Rugby) e maravilhas garageiras-psicodélicas como a já citada Silvia 20 Horas Domingo, entre outras - o compacto com essas duas canções é um clássico da discografia roqueira nacional.

O disco seguinte - A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais, lançado em 1969, também com Damiano Cozzela, é menos ousado, mas contém inovações sonoras surpreendentes para a época. Nesse disco, Ronnie Von experimenta um caminho mais pop, incluindo no repertório o clássico da MPB Dindi (Jobim e Aloysio de Oliveira), Atlantis (Donovan) e I Started A Joke (Bee Gees), formatados pelos criativos arranjos de Cozzela. No disco seguinte, A Máquina Voadora, Ronnie ainda explora sonoridades que, de certa forma, anteciparam o rock progressivo nacional, que só desenvolveu-se por volta de 1972, com o surgimento de bandas como Módulo 1000, Veludo Elétrico e outras.

Em um momento musical, social e político pós-AI 5, com a Jovem Guarda esgotada e o tropicalismo sendo banido, obras de tamanha ousadia não poderiam ter outro destino senão chocar-se com a massificação alienante que já apontava no horizonte. Sem hits marcantes, os álbuns gravados entre 1967 e 1970 foram varridos das rádios e, consequentemente, das paradas de sucesso, empurrando seu autor para um longo ostracismo. Nos anos setenta, apesar de hits esporádicos, como Cavaleiro de Aruanda, bem que ele tentou retomar o tempo perdido, mas como antes, não aceitava a imposição de modelos, rótulos ou estilos pré-determinados pelo mercado.

A partir de então, incompreendido e lembrado (rotulado) mais pela beleza física do que pela música, Ronnie Von construiu uma carreira de sucesso no exterior, a partir da canção Tranquei a Vida (1976), onde se apresenta até hoje. À margem de uma digna, silenciosa e justificada mágoa, aos poucos Ronnie Von está conquistando o reconhecimento que merece, como um músico que esteve na vanguarda musical de sua época. Não é por acaso que, apesar dos transtornos históricos e da ignorância editorial das gravadoras, Ronnie Von permanece vivo até hoje no imaginário popular, alimentando velhos sonhos e fantasias e atiçando a curiosidade da parcela mais saudável das novas gerações.

Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.

Fazer o download de Ronnie Von - Ronnie Von nº 3 (1967).

Monday, March 13, 2006

Damião Experiença - Planeta Lamma (1974)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. 1308 Registrou gravou rose Olíria Experiença
02. Que dor eu sinto
03. A vida é sempre assim
04. Linguagem do povo do infinito ao universo de rose 1999
05. Loucura total 1999 a Damião Experiença
06. Amente astrologica 1999
07. Planeta lamma
08. Minha dor
09. Som planeta lamma
10. Planeta bicho
11. Mundo no espaço
12. Meu passado ? meu presente
13. Linguagem do planeta lamma música do planeta lamma



Segundo Damião Experiença, o Planeta Lamma é o destino final de todo ser humano. Ele fica a sete palmos debaixo do chão e lá "não tem fulano, não tem sicrano", "pode ser barão, pode ser ladrão". Marco inaugural da discografia de Damião, o álbum Planeta Lamma, gravado de forma precária, apenas com um violão de uma corda, uma gaita presa ao pescoço e uma espécie de chocalho amarrado ao violão, é uma perfeita introdução ao universo Damiônico. Nele, Damião desfila suas composições nada convencionais, cantadas no dialeto lammês, o idioma do Planeta Lamma. Como todos os seus discos posteriores, Planeta Lamma foi gravado, arranjado, prensado, embalado e vendido pelo próprio Damião, que ainda era o responsável pelo layout da capa.

São 34 discos, ao longo de 18 anos de carreira. Suas músicas vão de berros e grunhidos primais a um total caos sonoro, passando por composições acústicas (cantadas em lammês ou português), rocks progressivos com um alto teor de improvisação e músicas instrumentais ao estilo Frank Zappa. Como traço marcante, uma criatividade única, misto de primitivismo e elaboração formal. Uma comparação com Captain Beefheart logo vem a mente.

Suas letras são um caso a parte. Versando sobre assuntos como ditadura, comunismo, violência policial, fome, prostituição, virgindade e casamento, elas muitas vezes parecem desafiar a lógica. Em seus discos podem ser encontradas pérolas como "se você não casar com mulher virgem, já é corno, já comeram tua mulher", "vou para Havana plantar cana, encontrar uma moça cubana - o russo é o maior cérebro do mundo", ou ainda "mamãe não quer que eu seja homem não; porque homem usa chifre na cabeça".

Muito de mistério cerca a sua obra. O número exato de discos gravados por ele é apenas um chute; nem mesmo Damião se lembra quantos são. Ele faz mistério também sobre os músicos que o acompanharam. Segundo Damião, a maioria deles são famosos e vivem aparecendo na TV e na mídia de um modo geral.

Após gravar seu último disco, em 1992, Damião impõe a si mesmo uma vida de reclusão. Perambula pelas ruas de Ipanema, cata lixo e sucata, vende ou simplesmente distribui os discos que lhe restaram. Com freqüência é confundido com um mendigo. Esporadicamente escreve uma música ou grava alguma coisa acústica, apenas com seu violão.

A partir do ano de 2001, com a popularização da Internet e dos programas de compartilhamento de músicas, ocorre um pequeno resgate da obra de Damião. Um grupo de admiradores e colecionadores do seu trabalho se reúne e lança um portal dedicado a ele (www.damiaoexperienca.net). Hoje, muitas de suas músicas podem ser encontradas, no formato digital, na web. Seus discos são valorizados em sebos e feirinhas de LPs usados. Surgem algumas bandas manifestamente influenciadas por Damião: Supersimetria, Rogério Skylab, Pexbaa, Sujeito Maldito, Zé Urbano e Zumbi do Mato são apenas algumas delas.

Na onda desse "resgate", Damião retoma a idéia de voltar a gravar ou pelo menos relançar uma parte de sua obra em CD. Porém, como conta com poucos recursos financeiros, não possui mais uma banda fixa e sua música não tem o menor apelo comercial, esse retorno por enquanto é apenas um sonho.

Para mais downloads e informações, consulte o portal www.damiaoexperienca.net.

Fazer o download de Damião Experiença - Planeta Lamma (1974).

Paulo Bagunça - Paulo Bagunça e a Tropa Maldita (1973)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Apelo
02. Grinfa Louca
03. Olhos Risonhos
04. Microfones Metálicos
05. Tramba
06. A Mente
07. Olhar Animal
08. Madalena
09. Mensageiro
10. Cristina



Em 1974, o selo Continental lançava um disco estranho, com o nome da banda bem grande na capa: Paulo Bagunça e A Tropa Maldita, que fez especialmente a cabeça da galera roqueira. A expressão Bagunça já era uma certa provocação, Tropa Maldita, então, nem se fala, mas o mais intrigante era mesmo o som dos caras, que a mídia da época classificava de "pop eletrônico".

Apesar de homogêneo, o disco permite destacar algumas canções, pela sua avançada concepção, especialmente 'Grinfa Louca' (com uma batida afro alucinada) e 'Madalena' (um samba carnavelesco à la Jorge Ben, com presença de algo parecido com um moog, que dá um toque eletrônico à música). Com uma concepção arrojada de percussão, que também lembrava Santana, em certos momentos, algumas canções, como 'Apelo' ainda traziam climas orquestrais, resultado da participação do maestro Laércio de Freitas, responsável pelos arranjos do disco.

O disco não podia ser mais emblemático e futurista, fundindo as influências mais estranhas, indo de Jorge Ben aos ingleses Traffic, passando por percussão afro, levadas de jazz e outros sons negros da época. Em 72, em entrevista ao jornal Rolling Stone, o próprio Bagunça definia sua música como algo "que vem lá de dentro, do coração, da caverna, dos sonhos e pesadelos". Na mesma época, Nelson Motta destacava o humor da banda, e outros críticos identificavam influências de Bob Dylan, John Mayall e outros expoentes da época (e de sempre).

Oriundos da Cruzada de São Sebastião, na cidade do Rio de Janeiro, o grupo surgiu em 1972, em um festival de música organizado pela própria comunidade. Além de Bagunça, cantor e principal compositor, a banda contava com Guerra (atabaque), Oswaldo (violão), Gelson (bongô) e Flávia (baixo). Até a gravação do único disco, a banda destacou-se na cena underground do Rio de Janeiro, realizando shows no Teatro de Bolso e outros locais.


Texto publicado originalmente no site www.senhorf.com.br.


Fazer o download de Paulo Bagunça - Paulo Bagunça e a Tropa Maldita (1973).

Sunday, March 05, 2006

Os Brazões - Os Brazões (1969)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Pega a Voga Cabeludo
02. Canastra Real
03. Módulo Lunar
04. Volkswagen Blue
05. Tão Longe de Mim
06. Carolina, Carol Bela
07. Feitiço
08. Planador
09. Espiral
10. Gotham City
11. Momento B8
12. Que Maravilha



Integrada por Miguel e Roberto nas guitarras, Eduardo na bateria e Taco no Baixo, Os Brazões era a banda que acompanhava Gal Costa no final dos anos 60. Cultivavam um estilo imerso no tropicalismo, com altas doses de psicodelia, evidenciada pela guitarra fuzz de Roberto e pela guitarra wah wah de Miguel. O rico trabalho de percussão, as letras em português e a utilização recorrente de ritmos regionais, completam a fórmula sonora dos Brazões. Uma comparação com Santana não é de todo errônea.

Os Brazões é uma das mais intressantes bandas da psicodelia brasileira. Este disco, que em determinados momentos parece estar a frente do seu tempo, com pinceladas bastante elaboradas de rock e até de fusion, lamentavelmente é o único legado da banda. Um grupo que com certeza poderia ter ido muito longe.

Texto extraído de www.progresiva70s.com/rock_brasil.htm.


Fazer o download de Os Brazões - Os Brazões (1969).

Thursday, March 02, 2006

Fábio - Os Frutos de mi Tierra... (1972)




DOWNLOAD!



Faixas:
01. Manuela
02. Viajante
03. Menino de Braçanã
04. Pai e Filho
05. Guantanamera
06. Hino da República
07. Marina
08. Os Frutos de mi Tierra
09. Cravo e Jasmim
10. Encouraçado
11. Magia
12. Fonte da Saudade



Fábio, cantor e compositor, apareceu no cenário da música popular brasileira no final dos ano 60. Em 1970 alcançou o terceiro lugar no IV FIC-Festival Internacional da Canção com a música "Encouraçado" de Sueli Costa e Tite de Lemos, sendo premiado como melhor interprete competindo com nada mais nada menos que Ivan Lins, Gozaguinha, Zé Rodrigues e outros. No final dos anos 70 formou uma parceria com o inesquecível Tim Maia emplacando dois sucessos consecutivos "Até parece que foi sonho" e "Velho Camarada". Recentemente a gravadora Trama relançou o CD Tim Maia Racional, trabalho este lançado no idos de 1974 em que consta um música de sua autoria, "Quer queira quer não queira" . Fábio é responsável pela vinhetas da Rádio Globoooo.. que ecoa há mais de 30 anos, além das chamadas das grandes equipes de futebol de São Paulo, Corinthians..., São Paulooo... Santos.... Este trabalho "Los Frutos de mi tierra" têm a participação de Cesar Camargo Mariano em "Encouraçado" , assim como participações de membros do "O Terço" e a tradução de Cacá Diegues na versão feita para a música de Cats Stevens, "Fathers and Sons".

Texto do próprio Fábio, escrito especialmente para o Brazilian Nuggets.

Fazer o download de Fábio - Os Frutos de mi Tierra... (1972).

Persona - Som (1975)




DOWNLOAD!



Lançado no Brasil em 1975, edição privada, em long-play mono de 10". Obscura banda progressiva experimental, pré-Tutti-Frutti. Interessante sonoridade em gravação precária, parecendo ter sido feita em uma pequena garagem, com gravador K-7 doméstico de 2 canais!!!

FICHA TÉCNICA
Locução - Roberto Campadello
Canto - Carmen Flores
Guitarra, Echo Play Efects e Gaita - Luís Carlini
Vioão - Lee Marcucci
Percussão - Franklin Paolillo


Faixas:
01. Introdução - Monte
02. Céu
03. Terra
04. Fogo
05. Água
06. Vento
07. Lago
08. Trovão



Fazer o download de Persona - Som (1975).

Wednesday, March 01, 2006

Umas e Outras - Poucas e Boas (1970)




DOWNLOAD!



Faixas:
01. Abrace Paul McCartney Por Mim
02. Caminhão Amarelo
03. No Nepal Tudo é Barato
04. Oh!
05. Serolav ou Oh! Meu Brasil
06. Primaverando
07. Trem Noturno
08. Loura ou Morena
09. Ondas Médias
10. Pigmaleão 70
11. My Love, My Love
12. Please Garçon



Trio vocal formado, em 1970, pelas cantoras Regininha, Dorinha Tapajós e Málu Ballona. Nesse ano, apresentou-se em shows e programas de televisão.

Suas integrantes fizeram parte do conjunto A Turma da Pilantragem, idealizado por Nonato Buzar. Com a dissolução do grupo, André Midani e Armando Pittigliani, respectivamente presidente e diretor artístico da gravadora Philips (atual Universal Music), sugeriram que as cantoras continuassem atuando juntas.

O trio gravou, em 1970, o LP "Poucas e boas", contendo as faixas "Abrace Paul McCartney por mim" e "Please, garçon", ambas de Joyce, "Loura ou morena" (Haroldo Tapajós e Vinicius de Moraes), "Caminhão amarelo" (Nelson Angelo), "No Nepal tudo é barato" (Fredera), "Oh" (B. Gay e A.H.Johnson, vrs: Haroldo Barbosa), "Serolav ou Oh, meu Brasil" (Chico Lessa, Tavito e Mariozinho Rocha), "Primaverando" (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza), "Trem noturno" (Paulinho Machado), "Ondas médias" (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar), "Pigmaleão 70" (Marcos Valle, Novelli e Paulo Sérgio Valle) e "My love, my love" (Tom Carlos e Fernando Sérgio). O disco foi produzido por Nelson Motta.

Participou, também, de trilhas sonoras de novelas da TV Globo, com as músicas "Pigmaleão 70", "Ondas médias" e "Quarentão simpático" (Marcos e Paulo Sérgio Valle).

Com a dissolução do trio, em 1971, Regininha e Málu partiram para carreiras individuais e Dorinha Tapajós passou a fazer parte do Quarteto em Cy.

Texto extraído do Dicionário Cravo Albin.

Fazer o download de Umas e Outras - Poucas e Boas (1970).

Lula Côrtes & Lailson - Satwa (1973)




DOWNLOAD!





Faixas:
01. Satwa
02. Can I Be Satwa
03. Alegro Piradíssimo
04. Lia, a Rainha da Noite
05. Apacidonata
06. Amigo
07. Atom
08. Blue do Cachorro Muito Louco
09. Valsa dos Cogumelos
10. Alegria do Povo



O raro ‘Paêbirú’ com Zé Ramalho é clássico, mas ‘Satwa’, desta vez com Lailson, é outra obra-prima do pernambucano Lula Côrtes, que não merece a obscuridade a que foi submetida por três décadas.

Gravado em 1973, o disco traz a dupla tomada por uma lisergia pós-Woodstock, capaz de assustar incautos ouvintes em pleno 2001. Músicas como ‘Alegro Piradissimo’, ‘Valsa dos Cogumelos’ ou ‘Blue do Cachorro Muito Louco’ não deixa dúvidas sobre o conteúdo do vinil tosco, mas com ótimo som.

Instrumental, com pequenas incursões vocais, o disco traz dez canções "produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula", como diz na contra-capa do álbum, produzido pela dupla, mais Kátia. Além dos de Lula e Lailson, Robertinho de Recife também faz uma ponta no disco, tocando ‘lead guitar’ em 'Blue do Cachorro Muito Louco’, um blues lento e viajandão.

O som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros "expansores da musculatura mental", como diz Arnaldo Baptista.

Fruto da cena nordestina pós-tropicalismo e/ou psicodélica, ‘Satwa’ foi "curtido" nos Estúdios da Rozenblit, em Recife, entre os dias 20 e 31 de janeiro de 1973. Participam do disco, ainda Paulinho Klein, que divide com Lula as "curtições fotográficas" e o engenheiro de som Hercílio Bastos (dos Milagres).

Com tiragem limitada e distribuição basicamente regional, o disco desapareceu tão logo surgiu, permanecendo como uma lenda para o restante do país. Sem reedição em vinil, e inédito em cd, ‘Satwa’ ainda não entrou para o catálogo informal de cdrs que, mal ou bem, democratiza o acesso à história musical do país.

Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado no site www.senhorf.com.br.


Fazer o download de Lula Côrtes & Lailson - Satwa (1973).

Módulo 1000 - Não Fale Com Paredes (1970)




DOWNLOAD!



Faixas:
01. Turpe Est Sine Crine Caput
02. Não Fale Com Paredes
03. Espêlho
04. Lem - Ed - Êcalg
05. Ôlho por Ôlho, Dente por Dente
06. Metrô Mental
07. Teclados
08. Salve-se Quem Puder
09. Animália
10. Curtíssima (bônus)
11. Ferrugem e Fuligem (bônus)



O jornal Rolling Stone, em sua edição nacional, de número 4 (21 de janeiro de 1972) trazia na segunda capa (interna) anúncio de página inteira com o disco. Está lá escrito: "Nosso som é o som do mundo para ser sacado e curtido" - Módulo 1000, com a foto do quarteto e a capa do disco, trazendo apenas o nome da banda e da obra - "Não Fale Com Paredes". Uma estréia que prometia, mas que enfrentou resistências, mesmo dos setores mais roqueiros da mídia, inclusive do próprio RS.

A razão da reação adversa de alguns é, ao mesmo tempo, o grande trunfo do álbum: o som progressivo, altamente técnico, que, ao contrário das críticas, não deixava de manter o pé no rock e da psicodelia. Integravam o grupo carioca, os músicos Luiz Paulo (órgão, piano e vocal), Eduardo (baixo), Daniel (guitarra) e Candinho (bateria). A produção, devidamente capitalizada no anúncio do jornal, é do disc-jockey Ademir, um dos mais destacados da época, depois de Big Boy.

De fato, em suas nove músicas, "Não Fale Com Paredes" é um exercício de criatividade instrumental que, hoje, pode-se nivelar aos melhores discos do gênero produzidos no exterior. "Turpe Est Sine Crine Caput", cantada em latin, com um impressionante trabalho de guitarra, abre o disco mostrando o que vem pela frente. "Não Fale Com Paredes", com letra de Vitor Martins ("Uma pessoa/É uma figura/É uma imagem/Numa moldura/Minha imagem quer sair do quadro/Dessa vitrine sem profundidade"), em clima de quase hard-rock à la Grand Funk Railroad, expõe a face mais pesada do grupo. E "Espelho" é uma viagem acústica, com vocais suaves, que lembra um pouco a sonoridade dos Mutantes.

Um aviso na capa do lp reflete a preocupação do grupo com a qualidade de produção: "o tempo de duração de cada face do disco foi limitado a 16 minutos para proporcionar uma excelente reprodução sonora". Objetivo alcançado, pois ainda hoje causa supresa aos novos ouvintes o resultado final do disco, gravado com as conhecidas condições técnicas nacionais de trinta anos atrás. E por jovens que tinham idade média de 20 anos.

"Não Fale Com Paredes" também é assíduo frequentador dos "want lists" (procurados) de colecionadores internacionais de discos raros de psicodelia e progressivo. Sua capa (em detalhe) está no livro "2000 Record Collector Dream", do austríaco Hans Pokora, e uma de suas músicas - "Lem-Ed-Êcalg (Glacê de Mel, ao contrário) integra a coletânea "Love, Peace & Poetry - Latin American Psychedelic Music", ao lado do também brasileiro Som Imaginário.

Mesmo assim, a sina de "Não Fale Com Paredes" parece ser parmanecer no anonimato. Tanto que já é candidato a transformar-se em "disco perdido" também na era digital. Remasterizado, com capa original de papel e encarte com as letras, ganhou versão em cd, sem que ninguém tenha se dado conta. Originalmente gravado pela Top Tape, a reedição caprichada, limitada e provavelmente esgotada é da Zaher Zein/Projeto Luz Eterna.

Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado na revista ShowBizz.


Fazer o download de Módulo 1000 - Não Fale com Paredes (1970)

Liverpool - Por Favor Sucesso (1969)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Por Favor Sucesso
02. Que Mania
03. Cabelos Varridos
04. 13o. Andar
05. Blue Haway
06. Você Gosta
07. Olhai os Lirios do Campo
08. Voando
09. Planador
10. Água Branca
11. Impressões Digitais
12. Paz e Amor
13. Tão Longe de Mim



Um modesto grupo nascido do mais tosco rythm'n'blues à la Rolling Stones, que flertava com o tropicalismo "mutante", mas que tinha mais pinta daquelas bandas psicodélicas californianas, gravou um dos grandes e esquecidos discos dos anos sessenta. Autor do feito: o quinteto gaúcho oriundo do bairro operário do IAPI, na Zona Norte de Porto Alegre, que atende pelo nome de Liverpool - um dos tripés da origem do rock gaúcho, ao lado dos Brasas e dos Cleans.

Misturando influências do rock clássico inglês/americano e da tropicália, Mimi Lessa (guitarra), Fughetti Luz (cantor), Marcos Lessa (guitarra-base), Edinho Espíndola (bateria) e Pekos (baixo) produziram uma obra que aproximou-se da genialidade dos Mutantes. O lp "Por Favor Sucesso" resultou da classificação do grupo na fase regional no II Festival Universitário da Música Popular, em que o grupo defendeu a música que deu nome ao álbum, de autoria de Carlinhos Hartlieb.

Abrindo com a faixa título, o disco reúne um conjunto de ótimas composições, com instrumental acima da média e letras inteligentes e expressivas do cotidiano da juventude da época. Destacam-se no disco as ultra-psicodélicas "Olhai os Lírios do Campo", "Impressões Digitais" e "Voando", todas com um impressionante trabalho de guitarra - com distorção no talo e harmonias rebuscadas. A quase bossa-rock "Planador", a tropicalista "Paz e Amor", o folk-rock "Tão Longe de Mim" e o boogie stoniano "Que Pena" mostram a diversidade das composições assinadas por integrantes do grupo, pelo já citado Hartlieb e, ainda, pela dupla Hermes Aquino e Lais Marques.

Da estirpe de Lanny Gordin e Sérgio Dias, Mimi Lessa é um dos mais importantes e menos valorizados guitarristas do rock nacional - brilhante no disco e mais ainda nos memoráveis e, digamos, coloridos, shows que banda promoveu no Sul e no Rio de Janeiro, para onde foi no início dos anos setenta. Espécie de Kim Fowley dos pampas (pelo apoio as bandas novatas), também o cantor e compositor Fughetti Luz é figura lendária do rock gaúcho, com suas memórias registradas em livro do jornalista Gilmar Eitelvain.

Com o fim do grupo, Mimi, Marcos, Edinho e Fughetti somam-se ao ex-A Bolha, Renato Ladeira, para formar o também lendário Bixo da Seda, que gravou um lp em 1976. Extinto o "Bixo", Mimi, Marcos e Edinho passaram a acompanhar artistas como As Frenéticas e Robertinho de Recife, e desenvolver trabalhos individuais. Fuguetti Luz retornou ao Sul, onde permanece na ativa - depois de compôr, produzir e tocar com bandas como Bandaliera, Guerrilheiros Anti-Nucleares e Barata Oriental.

Passados mais de trinta anos, a música de "Por Favor Sucesso" não soa datada, cobrando com suas elaboradas composições e refino instrumental o reconhecimento que faltou no seu devido tempo. Editado pelo selo Equipe, o álbum perdeu-se na burocracia das fusões e extinções da indústria fonográfica, em parte responsável pelo seu inedetismo em versão digitital. Recentemente, a Warner chegou a estudar a idéia de lançar um "dois em um" com o álbum mais o único lp do Bixo da Seda.

Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado na revista ShowBizz.

Fazer o download de Liverpool - Por Favor Sucesso (1969).

Bem vindos

Esse é um blog dedicado à pouco conhecida psicodelia brasileira. Pretendo postar com freqüência alguns álbuns relevantes e raros dos anos 60 e 70, bem como resenhas, históricos e curiosidades. Sintam-se a vontade de mandarem seus comentários e sugestões.