Friday, November 17, 2006

Som Imaginário - Som Imaginário (1971)




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Faixas:
01. Cenouras
02. Você Tem Que Saber
03. Gogó (O Alívio Rococó)
04. Ascenso
05. Salvação Pela Macrobiótica
06. Ue
07. Xmas Blues
08. A Nova Estrela



O que você apostaria numa banda psicodélica formada por membros do grupo que acompanhava Milton Nascimento no fim dos anos 60? Pode apostar alto: os três únicos discos lançados pelo Som Imaginário (cujos músicos também acompanharam Lô Borges, Beto Guedes, Erasmo Carlos, Gonzaguinha e outros) são good trips garantidas. O primeiro, em especial, trazia um som mais pop, que misturava Beatles, psicodelia, rock progressivo, hippismo explícito e praticamente nada de MPB - destacando a criatividade de Frederyko, um dos melhores e menos reconhecidos guitarristas do Brasil, hoje sumido da mídia.

A formação que gravou Som Imaginário foi surgindo aos poucos, no fim dos anos 60. Wagner Tiso, que acompanhava Milton Nascimento desde o início de carreira (chegaram a montar, na adolescência, um conjunto de jazz chamado W Boys, graças à predominância na banda de rapazes com a inicial W no nome - Milton, que era o baixista, chegou a trocar seu nome para Wilton) se juntou a alguns músicos que tocavam com ele na noite carioca, como o baterista Robertinho Silva e o baixista Luiz Alves, e acabaram formando uma banda para tocar com o cantor mineiro. Antes disso, boa parte da formação do Som Imaginário podia ser encontrada no grupo de bailes Impacto 8, que tinha, entre outros, Robertinho e Frederyko. A banda não deu muito certo - Raul de Souza, trombonista e, em tese, líder do Impacto 8, desistiu do grupo após um show num Clube Militar em que todos os músicos simplesmente "esqueceram" de animar o baile para improvisar, solar e soltar os bichos no palco.

Já contando com Wagner Tiso, Luiz Alves e Robertinho Silva, o Som Imaginário logo admitiria Frederyko, o percussionista Laudir de Oliveira (que não ficaria na banda) e mais uma dupla de compositores que também se destacaria no álbum de estréia: Zé Rodrix (órgão) e Tavito (guitarra-base e violão de 12 cordas). O grupo gravaria o LP de 1970 de Milton Nascimento e logo entraria em estúdio para registrar Som Imaginário, um dos mais interessantes lançamentos da música psicodélica brasileira. O disco tinha muito menos influências de MPB do que o pedigree dos músicos poderia fazer supor - mas havia a presença de Milton, fazendo alguns vocais (não creditados) e cedendo o instrumental prog mineiro "Tema dos deuses", sem contar a latinidade que aparecia em algumas canções assinadas por Zé Rodrix, como a ruidosa "Morse" e a doidaralhaça "Super-God", com sua letra psicodélica e contra-cultural. Todas as faixas eram preenchidas pela fuzz-guitar de Frederyko, que ainda contribuiu com dois dos momentos mais hippies do disco, a bela "Sábado" (gravada nos anos 80 pelo - veja só - Roupa Nova) e a balada anarquista "Nepal", gravada em clima de zoação no estúdio.

O maior sucesso do disco acabou sendo "Feira moderna", parceria de Beto Guedes, Lô Borges e Fernando Brant, gravada pela banda numa versão crua, cheia de riffs de órgão - é aquela mesma música que você conhece da versão de Beto Guedes no disco Amor de índio, de 1978 (e regravada também pelos Paralamas do Sucesso nos anos 90). Zé Rodrix, que praticamente liderava o grupo no disco e fazia quase todos os vocais, prosseguia sua viagem pop e lisérgica em faixas como "Make believe waltz" (mesclando valsa, rock e country), a agressiva "Hey man" (espalhando brasa para a Copa de 70 e a ditadura nos versos: "você precisava da taça de ouro/você precisava beber nessa taça/que você pagou com o sangue que nela derreteu.../só que nesse instante você foi feliz/você é feliz quando deixam") e o hino psicodélico "Poison", com letra lembrando Timothy Leary e os Beatles de "Tomorrow never knows" ("I always get the poison that I need to be alive, to see and sing/so poison me to get my mind way out/my mind way in").

Formado por músicos bastante requisitados - até hoje, aliás - o Som Imaginário se dividia entre a banda e vários trabalhos para outros artistas. Com o tempo o grupo foi perdendo integrantes. Zé Rodrix logo sairia da banda para se juntar a Sá & Guarabyra e gravar dois discos não menos clássicos, além do solo 1º acto, de 1973 (também pela Odeon). O segundo disco do Som Imaginário (1971), também homônimo, trazia Frederyko na liderança, compondo uma série de faixas anárquicas (como "Cenouras" e a engraçada "Salvação pela macrobiótica"), além do tema "A nova estrela", dele e de Wagner Tiso. E é a sonoridade de Wagner que domina Matança do porco, disco de 1972 da banda, mais chegado ao estilo que marcaria os trabalhos solo do tecladista. Com três discos bastante diferentes uns dos outros - Milagre dos peixes ao vivo, disco de Milton Nascimento lançado em 1975, pode ser considerado o quarto LP do grupo, por ter sido creditado a eles e ao cantor - o Som Imaginário chegou a um resultado que não permitia comparações com praticamente nenhuma banda nacional ou internacional. Pena que tenha durado tão pouco.

Texto de Ricardo Schott, publicado no site discotecabasica.com.

Fazer o download de Som Imaginário - Som Imaginário (1971).

23 comments:

Anonymous said...

Tudo bem?
Achei excelente o teu blog e os posts referentes ao cenário musical nacional da década de 70. Eu gostaria de saber se é possível você fazer a gentileza de postar arquivos da banda CASA DAS MÁQUINAS.
Desde já agradeço-lhe muito e valeu pela atenção.Miguel

Anonymous said...

postem arrigo barnabé "tubarões voadores"...

Anonymous said...

Se é pra fazer pedidos, então vamos de Bixo de Seda e Joelho de Porco! Abraços e parabéns pelo blog!

Matheus

Anonymous said...

Impacto Cinco com Lágrimas Azuis???

Tem como botar???

Anonymous said...

LIXO, LIXO, LIXO E MAIS LIXO!!!
PUTA QUE PARIU ESSA MERDA É QUE É ROCK NACIONAL??

Anonymous said...

amigo vc tem o paribô ?
abração

Anonymous said...

Valeu fperacoli. Este álbum é um sonho, com melodias muito bonitas. Este disco é a despedida psicodélica do grupo, já que o terceiro e último álbum deles deu uma guinada bem jazzística.

Neste álbum o Zé Rodrix estava na banda ainda?

Anonymous said...

O Zé Rodrix saiu do grupo depois do lançamento do 1º LP. O Som Imaginário é com certeza uma das melhores bandas de rock nacional!

Anonymous said...

cra valeu o novo post em !!!!

Bahia said...

"Eu vou plantar cenouras na sua cabeça...", um dos versos mais inusitados que já ouvi em qualquer tipo de música, hahaha
Cara esse CD é demais, parabéns pelo post!
Abraços
Marcelo

Anonymous said...

simplesmente genial...cara,vc podia botar o disco sneg's do som nosso de cada dia aí? to a um tempão atraz e naum consigo...do mais,agradeço!!

Zé Pedro.

Anonymous said...

Olha só: pra quem gostou deste som e mora em Londrina ou perto, tem uma caixa tripla à venda no sebo capricho, acho que tá 70 reais, são 3 cds em caixa de papel, bem legal. Fica a dica aí.
abraços
obs - não sou dono do sebo não nem ganho nada com isso, é só um toque.

Anonymous said...

Zé Pedro, eu tenho o Snegs do Som Nosso de Cada Dia. Se ainda não encontrou dá um toque aqui mesmo, que eu posto e passo o link pra download pra vc.
Esse trabalho que o amigo faz no Brazilian Nuggets deve ser valorizado! Devemos seguir esse exemplo.

Anonymous said...

Uau! Do cacete esse disco, ainda não conhecia. Realmente é um Rock bem diferente

Todos os filhos de Francisco said...

Me amarrei neste blog, parabéns!
Boas lembranças achei aquí.
Posso pedir algo?? Que tal: O TERÇO, CASA DAS MÁQUINAS, KAKTUS.
Valeu galera!!!

Anonymous said...

OBRIGADO POR EXISTIR !

Estou procurando algo do som imaginário há alguns anos na net e nunca consegui achar nem um sample.

Solução!

SALVE!

Anonymous said...

Disco muito bom!
na minha opnião a melhor é a "Salvação pela macrnomia"
=D

Anonymous said...

tem varios discos bons no blog..os melhores são som imaginario e beat boys....conheci as bandas pelo blog e achei perfeito a ideia de colocar a disposião tanto material de boa qualidade que pouca gente conhece..

um grande abraço a todos.


ahh, e se alguem tiver o disco 'A e o Z' dos mutantes gostaria que postassem no blog...tenho todos os discos dos mutantes e só falta esse.

inté a todos

Anonymous said...

parabéns pelo blog!

MaurícioJi said...

Muito legal o teu blog ! Fantástico e as resenhas também. Valeu.Peguei coisas valiosas.
Abraços Maurício

Unknown said...

Tive o prazer de promover um show do Som Imaginario aqui em Tres COrações, sul de Minas, em 1973, com sua formação original. Foi demais!!!!Os caras tocavam muito. Foi dentro da programação do Festival do Som

Anonymous said...

O meu grande amigo Fredera continua na ativa, vejam ele: http://www.youtube.com/watch?v=XUlXxX1dE6g

Tenho a caixinha com os 3 CD do Som Imaginário, mais o "Aurora Vermelha" e um show no centro cultural BB digitalizados.
[]s

Silas Torres said...

O MELHOR BLOG QUE CONHECI EM ANOS!