Thursday, February 17, 2011

Toni Tornado - Toni Tornado (1972)



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Faixas:
01.Mané beleza
02. Não grile a minha cuca
03. Torniente
04. Eu duvido muito
05. Sinceridade
06. Podes crer, amizade
07. Aposta
08. Bochechuda
09. Uma idéia
10. Eu tenho um som novo
11. Tornado



Ele já está com 76 anos de idade, mas semelhante a outros membros de nossa etnia, isso não é percebido visualmente – ainda é aquele jovem, que no V Festival da Canção, cantava BR-3, com o punho levantado, imitando a atitude dos integrantes dos Panteras Negras. Antonio Viana Gomes, ou, Toni Tornado.

O ator e cantor nasceu no dia 26 de maio de 1930, em Mirante de Paranapanema, estado de São Paulo, região hoje muito mais conhecida pela concentração de assentamentos do Movimento Sem Terra, liderados por José Rainha.

Sua vida mudou quando aos 11 anos, em 1941, resolveu sozinho, ir para o Rio de Janeiro, onde foi morar na rua como menino de rua. Para sobreviver, ganhava alguns trocados como engraxate e vendedor de amendoim, na praia e nos sinais de transito. Após uma breve passagem por uma instituição de acolhimento a adolescentes carentes, acaba se alistando no Exercito do Brasil, chegando a servir na expedição ao Oriente Médio.

A rápida convivência com soldados norte-americanos, Toni passa a cantar rock, e logo é revelado na Radio Mayrink Veiga, no programa Hoje é dia de rock. Seu talento, logo lhe gerou a oportunidade de integrar o elenco da peça Brasiliana. Foram anos de excursões internacionais, e na passagem pelos Estados Unidos, acabou separando-se do grupo.

Toni Tornado viveu clandestinamente nos Estados Unidos por três anos, sendo fortemente influenciado pelo Movimento Black Power e por James Brown. Em Nova Iorque, no bairro harlem, de predominância negra, por falta de oportunidade acaba trabalhando para traficantes. Neste período também conhece um brasileiro, que viria se tornar famoso no país: o Tião Maconheiro, hoje conhecido como Tim Maia. Mas quando compra um Cadillac chama atenção da policial, e acaba preso e deportado para o Brasil.

Em solo nacional Toni Tornado tem o primeiro choque com o Governo Militar – agentes do DOPS, assustam-se com as cores berrantes e sua roupa, e sua postura altiva, incomum no afro-brasileiro do período e prendem o artista. Mas sua sabedoria negra, o estimula a dar declarações desconexas, deixando nos agentes a imagem de um negro doido. O libertam, mas antes o humilham.

Mas não seria seu primeiro problema com a Ditadura Militar. Em um show da Elis Regina, quando ela canta a musica Black is Beautiful, sobe no palco, dança com o punho levantando, novamente lembrando uma atitude Black Power. Policiais o prendem novamente e eles tentam de novo o humilhar, sem conseguir sucesso. O negrão tinha uma grande força de vontade e resistência.

Em 1972, a fama teatral o leva para a TV Tupi onde interpreta em novelas. Tornado fez inúmeros filmes, com destaque para o papel de Ganga Zumba em Quilombo, dirigido pro Caca Diegues.

Nesta fase televisiva, dois fatos o marcaram: os seis anos de namoro com a atriz Arlete Salles, que foi inclusive perseguida por namorador um negro. E o papel como Rodesio, capanga da viúva Porcina e Roque Santeiro, onde Dias Gomes, o novelista, queria mostrar um final, onde os dois ficassem juntos, mas que o medo do preconceito racial, fez que a idéia fosse abandonada.

Recentemente em entrevista a Revista Carta Capital, o velho Toni Tornado renasceu ao criticar inclusive as novelas da Rede Globo, onde ele e outros atores negros são relegados a pequenos papeis, e as histórias não ajudam na auto-estima da comunidade negra.

O que vai marcá-lo é sua interpretação de Br-3, com o Trio Ternura. Uma atitude no palco que faz falta em muitos cantores negros, excetos nos rappers – alguém que assuma a própria cor.

Texto de Marco Antonio dos Santos, publicado originalmente no blog Marco Negro

Fazer o download de Toni Tornado - Toni Tornado (1972).

2 comments:

hamorimbr said...

Não conheço o trabalho de toni mas vou ver se é do black (bem... batidas sonoridades, porque de atitude ele tinha ne?) Até porque ele seria bem um precursor desta q, IMO, cresceu legal na viradas dos 70/80(fico morrendo de medo de estar falando bogagens aqui no Bra-zi-li-an Nuggets)

Anonymous said...

Discaço!!! Um clássico absoluto da black music brasileira dos 70´s,com um senso de humor extinto na música brasileira atual, e retrato de uma época em que ser popular, na nossa música, podia e casava com bom gosto.