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Faixas:
01. Brasil 1500
02. Entra Y Sale
03. Naranjita
04. De La Tierra
05. Patria Amada Idolatrada Salve Salve
06. Oiticumana
07. De Un Extranjero
08. Qué Dirá El Santo Padre
Nasceu irremediavelmente poeta. Aos quatro anos de idade, uma tia levava-o em passeio por Copacabana quando ele saltou de sua inocência e perguntou a queima roupa, para o terno espanto dela, se o mar ficava ali de noite, e como a resposta fosse afirmativa tornou a indagar "e fazendo o quê, esperando o sol para se esquentar?". Era assim Manduka, falecido na semana que passou, ainda na força e na inspiração de seus cinqüenta e três anos bem vividos, deixando inconsoláveis seu pai o poeta Thiago de Mello, de quem herdara a veia lírica e a alma de artista, e a mãe, a jornalista Pomona Politis, que lhe passou o ardente sangue grego. Manduka era carinhoso apelido de família. Na verdade, chamava-se Manuel, em homenagem ao padrinho, o vate nacional Manuel Bandeira, íntimo amigo de Thiago, que celebrizou o menino logo ao nascer com um poema em seu Mafuá de Malungo.
Criou-se assim, tropeçando nas pernas de poetas, escritores e boêmios, a movimentada fauna na qual o pai também pontificava no Rio de Janeiro dos anos 50. Ainda muito pequeno acompanhou Thiago em suas andanças pelo mundo, passando longa temporada no Chile, onde simplesmente cruzou com um dos maiores mitos da nossa América: morou nada menos do que numa das vivendas de Pablo Neruda, privando da amizade e do carinho do poeta já consagrado e agraciado com o prêmio Nobel. Nos jardins da quinta, o grande Neruda, bem ao seu estilo, fazia o seu show matinal para o pequeno alumbrado, tirando dos bolsos, em passes de mágica, objetos fascinantes ("Mira, Manolito...") como pássaros, conchas do mar, brinquedos de corda e fantoches, que manipulava com a graça infantil de clown de circo. Enfim, um mundo encantado que nos faz logo pensar num filme que bem poderia se chamar O Menino e o Poeta, parafraseando a inesquecível obra de Skármeta.
Ungido e crismado nesse clima, desde o nascedouro estava Manduka fadado a trilhar uma carreira de artista. E decidiu-se cedo pela música, como poderia ter enveredado pelo desenho e a pintura, que só tardiamente abraçou, na década de 90, quando o conheci. Mas foi como compositor e letrista que se lançou e brilhou, trabalhando com o Geraldo Vandré da última fase e depois com Dominguinhos, com quem fez a conhecida "Quem Me Levará Sou Eu", que, recebida calorosamente, conquistou a láurea principal num festival da TV Tupi. Isso num tempo em que os festivais consagravam nomes como Chico Buarque e Caetano Veloso. Suas derradeiras parcerias em música se deram já na sua fase brasiliense, com o também poeta e jornalista Luís Turiba; e nos últimos meses preparava com os irmãos chargistas Paulo e Chico Caruso um show em grande estilo, que o traria de volta aos palcos do Rio de Janeiro.
No bar da livraria Presença, chamava-me a atenção aquela figura meio sobre o bizarro, tirada a Anthony Quinn, lembrando o grego Zorba, óculos escuros e barba hirsuta. Bebericava o seu Martini sempre solitário, na verdade só de puro charme e figuração para esconder a timidez e um temperamento até certo ponto arredio, como pude concluir depois. Um dia em que se excedera nos drinks mostrou-se em todo o seu talento histriônico: assisti então a uma sua imitação absolutamente mediúnica de Manuel Bandeira, dizendo com certeira sensibilidade o "Evocação do Recife", com a mesma voz cavernosa de tuberculoso profissional, tão minha conhecida do antigo disco Festa. Entrei na roda e no papo e de repente era como se fôssemos amigos há trezentos anos e selamos ali uma amizade para toda vida.
Depois fiz para Manduka e com sua mulher, a bela Valéria a quem ele chamava ternamente de "garça morena" um longo clip filmado nos picos rochosos dos Pireneus goianos, que virou peça de resistência do seu show Zum-Zum, com o qual fez uma cruzada de norte a sul do Brasil, tocando, cantando e conversando com os universitários. Por último, já morando em Petrópolis, onde se tornou parceiro de Alceu Valença na escrita de uma ópera popular para o cinema, começou a trabalhar também na trilha sonora do meu filme O Engenho de Zé Lins, sobre o romancista José Lins do Rego que quase conheceu, pois o autor de Fogo Morto morreu nos braços de Thiago de Mello, seu maior amigo e confidente.
Agora a cena é outra mas trata também da passagem desta para a melhor, como dizem. Vejo Manuel Bandeira, em meio aos querubins, recebendo o afilhado, enlaçando-o numa nuvem e beijando-o afetuoso com sua proverbial dentuça. Ao fundo sua voz ressoa cava e doce, dizendo o poema do batismo de Manduka, ao dedicar aos seus pais o livro Opus 10 de sua lavra: "A Thiago e Pomona ofereço/ Meu Opus 10, exemplar A/ E com este voto ofereço:/ Deus bem-fade a vida em começo/ Do opus 1 deles, meu xará./ - Meu imprevisível xará".
Texto de Vladimir Carvalho, cineasta.
Discografia
- Brasil 1500 (1972) IRT/ILS (Chile) LP
- Manduka (1974) CBS (Argentina) LP
- Manduka e Naná Vasconcelos (1975) Le Chant du Monde (França) LP
- Brasil (1976) Edigsa (Espanha) LP
- Caravana (1978) Le Chant du Monde (França) LP
- Los sueños de America. Manduka e Los Jaivas (1978) Movieplay (Espanha) LP
- Manduka (1979) CBS LP
- Sétima vida. Manduka e Pablo Milanês (1986) Egrem (Cuba)/Polydor (México) LP
- Eterna (1986) Independente (México) LP
- Os estatutos do homem. Manduka e Thiago de Mello (1989) Edições Paulinas LP
- Terceira asa (1996) Independente CD
Fazer o download de Manduka - Manduka (1972).
28 comments:
um comentário fora de contexto...
vc sabe me dizer de quem é a original de "No Tme", regravada pelo The Pop's, que faz parte da coletânea "brazilian nuggets vol. 4"?
agradeço se puder me responder.
abraço
baixei cara...............
puta merda, estou ouvindo agora....um tesão. estou tendo orgasmos.
a musica oiticumana esta dando uns pulinhos, é assim mesmo?
a musica no time é da banda the guess who!!!
solta mais umas do manduka pra gente
Posso dizer que este disco mudou minha vida, abriu mais que minha mente, mas meu coração.
Escrevi este texto (link) contando um pouco da minha historia com este disco.
http://www.fotolog.com/dostoievski/?pid=8886947
Vou contar aqui o que procedeu...
Olhando os discos de vinil em um sebo aqui de Niteroi, achei o disco dos Brasões, rarissimo. Comprei, mas nem levei pra casa, fui diretamente na casa do meu amigo que tinha esse disco do Manduka. Sabia que essa era a unica chance de eu conseguir o disco. Chegando lá, propus, e ele aceitou de cara e ainda disse... "esse disco sempre foi seu"
Ae, muito bom esse blog cara!
Parabens e continue o bom trabalho!
vlw
Realmente a Oiticumana está com clicks, pulos (sei lá). Dando a entender que nessa parte da matriz que foi ripada (CD) tinha arranhões. Dê uma olhada...
Abraço
grande companheiro, antes de mais nada quero parabenizá-lo pelo excelente blog e os posts maravilhosos que vc tem feito. Fantásticas as contribuições!
Mas devo alertá-lo de que só estou podendo baixar pelo rapidshare. Corre um boato de que o turboupload, através de uma advertise está instalando um virus em formato .wmf nos pcs. Pela quantidade de pessoas comentando isso, levou-me a suspeitar que tal coisa fosse realmente verdade. Resolvi fazer um teste, e realmente meu antívirus detectou algo. Não sei as consequencias que o tal vírus traz(e muito menos quero saber). De qualquer modo, dê uma olhada nesse link e tire suas conclusões:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=5819492&tid=2457761734108586163&start=1
mais uma vez grato pelos excelentes albuns!
Luiz
I love your site! Visit me at www.sabadabada.com and email me through the feedback page if you want to swap links.
Anyway, love your site.
Parabéns!!!!Excelente!!!
Do caralho esse disco. Manda mais Manduka! Hehehe é foda de encontrar... Gostaria de surgerir Zé Rodrix - I Acto. É o primeiro do Zé, eu tenho aqui, acho um discão!
putz, q animal!
o manduka já nasce com umas estrelas que pqp: bandeira, neruda...
q pena q a faixa Oiticumana esteja dançada... é fantástica!
parabéns pelo trabalho de resgate, nota 11 em 10, valeu mesmo!
hola! excelente este disco, la verdad que excelente el blog amigo, hay música muy fina que no conocía y hoy estoy disfrutando mucho.
Quisierta pedite si puedes subir de nuevo el tema 1 de manduka que da file corrupt.
Muchas gracias!
Eu gostei muito deste disco, as letras sao muito boas e as melodias e harmonias sao simples mas maravilhosas. Desde que escutei esse disco fiquei curioso sobre a musica dele. Sera que voce nao pode postar mais Manduka aqui nao???
Excelente! O melhor dos discos do Manduka postados neste blog.
Q triste cara, o link expirou. Será q tem como dar um up aí? Se sim eu ficaria louco de felicidade.
Abraços
hi fperacoli,
i really enjoy your site.
did you delete the file of this album?
i couldn't download it at turboupload.com!
if you don't care, please upload the album again.
thanks
Please post this one again- I can't download it. Thank you for all your work and the great music!
LINDO O SITE, MAS ESTE ARQUIVO SUMIU... DÀ PRA SUBIR ELE DE NOVO?
o link esá invalido...
alguem pode atualizar pra mim, preu poder baixar, por favor?
grata,
carol
Greetings ! New to site & Thanks for the amazing Music. Please repost if possible cheers
Há 13 anos tive a honra de gravar o mestre Manduka em meu estudio em Brasilia! Hoje, vivendo no nordeste ouço o CD a terceira asa e sinto a sonoridade e transparencia sonora de como ainda estivessemos vivendo aqueles momentos magicos no estudio Porão. Muita saudade Manduka!! e que sua voz nunca se cale...aonde estiver. Pauly di Castro - Engenheiro de audio do CD A Terceira asa
Hi,
The link is working just fine.
masterpiece!!!
Excelente, conheci o blog procurando Naná Vasconcelos e agora me deparo com Manduka, muito bom, destaque para a segunda faixa, Entra y Sale. Agora um pedido, dá pra descolar o Manduka e Naná Vasconcelos?
Ola amigo, muito bom o som. Não conhecia. Será que pode colocar mais alguns discos dele?
Abraços
Olá!
Quero fazer uma pergunta absurda entre vocês: onde consigo comprar esse disco, "Brasil 1500", do Manduka?
Grato!
Walter
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