Wednesday, December 26, 2007
Ave Sangria - Perfumes y Baratchos - Live (1974)
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Faixas:
01. Grande Lua
02. Janeiro em Caruaru
03. Vento Vem (Boi Ruache)
04. Dia-a-dia
05. Geórgia, a Carniceira
06. Sob o Sol de Satã
07. Instrumental
08. Por Que
09. Hey Man
10. O Pirata
11. Lá Fora
Nos dias 28 e 29 de dezembro de 1974, a hoje cult e lendária Ave Sangria fazia no vetusto Teatro Santa Isabel o show Perfumes Y Baratchos. Foi uma curta temporada de apenas duas concorridas apresentações(com tanta gente no lado de fora, que na metade de cada show, o vocalista Marco Polo mandava que os portões fossem abertos). Foi a mais bem sucedida apresentação da curta carreira da Ave Sangria. No entanto, aquele seria o canto de cisne do grupo, que se dissolveria logo depois.
De prestígio em alta em Pernambuco e no Sudeste, onde algumas das faixas do único álbum que lançaram tocavam bem no rádio, Marco Polo, Almir de Oliveira, Agrício Noya (o Juliano), Ivson Wanderley (Ivinho), Israel Semente Proibida, e Paulo Rafael davam a volta por cima depois do baque sofrido com a censura e apreensão do primeiro e único LP, por causa da faixa Seu Valdir (o disco foi relançado sem esta música): “A gente estava no maior pique, mas manter uma banda de rock no Brasil na época era muito complicado. Lembro que levei o disco para a Rádio Tamandaré, na época a mais refinada da cidade e a moça que me atendeu, o nome era Norma, deve ter achado a música muito estranha, e não tocou. Além do mais, a Ave Sangria só vivia entrando em rolo. Como eu ainda era menor, faziam as coisa no meu nome. O Santa Isabel, por exemplo, foi alugado assim. Fui eu que fui numa tal Censura Estética da Polícia Federal liberar os cartazes do show", recorda o guitarrista e produtor Paulo Rafael, hoje morando no Rio. Geneton Moraes Neto, atualmente diretor de redação do Fantástico, em 1974, cobria a cena músical pernambucana daquela década e assinava a coluna Ensaio Geral, no Diario de Pernambuco. Ele lembra de um dessas confusões com os Rolling Stones do Nordeste, como a Ave Sangria era também conhecida, tanto pela música quanto pelos rolos que protagonizava: “Eles eram muito invocados. Uma vez um dos integrantes teve algum problema com a polícia, e os caras foram na redação para pedir que o jornal não publicasse a notícia. Fiz entrevistas com eles, dei muitas notas, mas não vi esse último show”, testemunha.
Lailson, o cartunista do DP, fez a direção musical de Perfumes Y Baratchos , e também o responsável pela arte do cartaz (restaurando a ave do logotipo do grupo, semelhante a um carcará, que foi refeita de forma grosseira, no Rio, para a capa do disco Ave Sangria, saído pela Continental). Para ele, aquela foi uma morte de certa forma anunciada: “Lembro que pouco antes do show, Marco Pólo chegou a comentar comigo que pretendia partir para carreira solo”.
Lailson recorda que sentia um certo clima de rivalidade entre Almir e Marco Pólo, enquanto Israel era uma estrela à parte. “Acho que o afastamento de Rafles, espécie de relações pública deles, contribuiu para o fim”, conclui. Paulo Rafael destaca a participação de Ivinho: “Ele era meio militar, levava tudo muito a sério. Quando a gente entrou no palco, havia um bocado de castiçais, da decoração bolada por Kátia Mesel. Ivinho, quando viu aquilo reclamou, ‘Tá parecendo coisa de macumba’”. Além das velas tinha ao fundo um castelo:” Pegamos de um cenário do teatro, acho que de alguma ópera”. Marco Polo, atualmente na Continente Multicultural, numa entrevista ao crítico Héber Fonseca (no JC), dois dias antes do show, não parecia pensar em carreira solo: “Não é ainda o trabalho da Ave Sangria. Há apenas um esboço, uma insinuação, é dela que vamos partir para outros caminhos”. O produtor Zé da Flauta, então no Ala D’Eli, efêmera banda de Robertinho do Recife, tocou flauta e sax no Perfume Y Baratchos. Ele também não imaginava que aquele seria o início do fim da banda: “Pensava que dali eles iniciariam uma nova fase”.
O certo é que Ave Sangria fez duas apresentações tecnicamente impecáveis: “O show começa com um tema meu, A grande lua, meio Pink Floyd. Os amplificadores Milkway, de Maristone (dono do melhor som de palco do Recife nos anos 70), se a gente mexesse uns botõezinhos faziam a guitarra soar feito um sintetizador”, conta Paulo Rafael. “Nesses dois shows fizemos várias músicas inéditas”, completa Marco Polo.
Há unanimidade entre Zé da Flauta, Paulo Rafael ou Marco Polo (Agrício Noya, Ivinho e Almir de Oliveira não foram localizados para esta matéria. Israel Semente já faleceu) sobre o catalisador da dissolução da Ave Sangria: “No início de janeiro, Alceu, que namorava a banda há muito tempo, fez o convite para os músicos tocarem com ele no festival Abertura da TV Globo. Eu ainda fiz alguns shows no Rio, aqui, com Israel, mas já estava casado, com filho, decidi voltar ao jornalismo”, conta Marco Polo. O guitarrista Paulo Rafael completa: “Não teve assim um ‘vamos acabar’. Depois do Abertura a gente se questionou. Eu queria sair de casa, uns já estavam casados, economicamente não havia no momento outra coisa a fazer. Continuamos tocando com Alceu”.
O Ave Sangria voltaria a reunir-se mais uma vez, para gravar um clipe para o Fantástico, de Geórgia Carniceira. Almir de Oliveira (que não foi tocar com Alceu Valença) revelou que o clipe foi um equívoco da produção da Globo: “Queriam era a banda de Alceu, mas acabaram chamando a Ave Sangria”. O clipe, gravado num estúdio em Botafogo, nunca foi ao ar. Permanece até hoje nos arquivos da emissora carioca.
Texto de José Teles, publicado originalmente no portal JC OnLine
Fazer o download de Ave Sangria - Perfumes y Baratchos (1974).
Tuesday, December 18, 2007
Jaime & Nair - Jaime & Nair (1974)
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Faixas:
01. Sob o Mar
02. Não Valia Tanto
03. Samuel Arcanjo, Anjo
04. Nevoa Seca
05. A Bica de Chororó
06. Nigue Minhas e Coco do Norte
07. Das Minas
08. Olhos Para São Paulo
09. Reino Das Pedras
10. Sabiá (Diga Lá)
11. Boi
12. Zabumba do Nego
O aval musical de Edu Lobo e Dori Caymmi conta bastante. Conta tanto que Harry Zuckermann, diretor da Companhia Industrial de Discos, decidiu investir num caprichado lp para lançar uma nova dupla de compositores-interpretes - Jaime & Nair (CID, 8004, Novembro/74), que apareceram há dois meses, num bonito disco, simultaneamente editado em fita cassete. Tratando-se de uma nova dupla - até então totalmente desconhecida não deixa de ser uma grande chance.
Interpretando 12 temas, dos quais 10 exclusivamente de Jaime Alen, esta dupla aparece com músicas líricas, com influências do melhor e mais autentico cancioneiro verde-amarelo, um misto de serestas e toadas interioranas, o que faz valorizar as letras bem construídas de Jaime Alen. Dori Caymmi, na folha dupla que acompanha o lp, com as letras de todas as músicas e mais detalhada ficha técnica da produção, afirma:
- "Eu ouvi durante a gravação e gostei muito. Nair, o canto afinado e sincero. Jaime, um músico nato e compositor. Os arranjos muito bem escritos, a musica brasileira. As influencias são validas. A cidade grande é dura, mas pára, pra ouvir boa música. Benvindos a ela".
Já Edu Lobo, na contracapa do lp, em bilhete manuscrito, diz: "Estou sendo apresentado à tua música, meu caro Jaime, assim às pressas, de um fôlego só. E fico pensando em "falar" sobre o que eu ouvi, e principalmente ouvir você o que for preciso. Vale uma conversa - a crítica a gente deixa para os especialistas. De qualquer forma, não importa realmente o que eu ou alguém possa lhe dizer. O que importa mesmo é o que você vai fazer. Um abraço, Edu".
Realmente, o que importa é o trabalho que Jaime & Nair se propõe a fazer. Com honestidade, recorrendo a discretos arranjos viola de 12 cordas e de Pedal executada pelo próprio Jaime; Zé Roberto no órgão; Wilson das Neves na bateria; Cidinho na percussão em algumas faixas, participação de outros músicos em diferentes, faixas, este lp rico e que exige várias audições para se perceber toda a beleza das musicas de Jaime Alen. É notável o sentido de brasilidade que ele imprime as suas letras e a sua música falando de pássaros, das minas, do mar, mas demonstrando também, como outro jovem compositor, o cearense Eduardo, uma espécie de "caminhada" do Interior para a grande cidade, como em "Olhos Para São Paulo":
"Perdi os olhos de ver São Paulo/Na luz de um raro lampião antigo, lindo/ Na garoa leve dos teus olhos frios e me molhar".
Lamentável que a CID, que tem um departamento de divulgação tão bem dirigido por Fernando Lobo e Gaby Leib, não tenha desta vez providenciado um press-release contendo alguns dados biográficos desta dupla de talento. Em solo, Nair canta "No Reino das Pedras", "Boi-Le-Le", "Não Valia Tanto", "A Bica do Chororó", todas somente de Jaime e mais "Das Minas", um calango de Jorge Luiz de Carvalho/ João Marcos Alem; Jaime interpreta, sozinho, apenas duas de suas composições: "Olhos Para São Paulo" e "Névoa Seca". Em dupla, os dois cantam "Sabiá" (Diga Alá"), "Sob o Mar", "Samuel, Arcanjo, Anjo" e "Nigue Ninhas e Côco do Norte", também composições de Jaime. Uma faixa tem autor famoso: "Zabumba" de Hervé Cordovil, na voz de Jaime adaptou de material colhido na Discoteca Mário de Andrade, em São Paulo, e do livro do próprio (1932). Anotem os nomes de Jaime & Nair e ouçam este disco. Com toda atenção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente no Jornal Estado do Paraná, em 07/01/1975
Fazer o download de Jaime & Nair - Jaime & Nair (1974).
Tuesday, December 04, 2007
O Terço - O Terço (1970)
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Faixas:
01. Nã
02. Plaxe voador
03. Yes, I do
04. Longe sem direção
05. Flauta
06. I need you
07. Antes de você... eu
08. Imagem
09. Meia-noite
10. Saturday dream
11. Velhas histórias
12. Oh! Suzana
O Terço foi (é), sem dúvidas nenhuma, uma das maiores bandas brasileiras de todos os tempos. A banda formou-se em 1969 com estes integrantes: Sérgio Hinds ( guitarra e vocal ), César de Mercês (baixo ) e Vinícius Cantuária ( bateria ). O primeiro disco foi lançado em 1970, com Jorge Amiden no lugar de César. O álbum era basicamente rock and roll dos anos 60, mas já com influência do rock progressivo.
Em 1973 lançam o álbum Terço, que consolidou o estilo do grupo. Firmando-se como a grande banda do estilo no país. Porém, foi em 1975 que eles lançaram o melhor disco de rock progressivo brasileiro: Criaturas da noite. Na época O Terço contava com sua melhor formação: Sério Hinds, Moreno ( bateria ), Magrão ( baixo ) e Flávio Venturini ( teclados, viola e vocal ). O álbum vendeu mais de meio milhão de cópias e foi o de maior sucesso da carreira do grupo. "1974", tirada de "Criaturas da noite" pode ser considerada a maior música progressiva nacional e já foi até adaptada para uma peça de teatro nos EUA. Em 1976 é lançado mais um bom álbum com esta mesma formação: "Casa encantada". Desta vez o grupo investiu mais em uma mistura de elementos brasileiros com o rock.
Após o disco de 76, Venturini deixa a banda para formar o 14 Bis. Com Magrão, Sérgio Hinds, Cezar de Mercês, Sérgio Caffa e Moreno, lançam em 1978 o disco 78 "Mudança de tempo".
Uma outra formação, com Sérgio Hinds, Zé Portugal (baixo), Franklin Paolillo (bateria) e Ruriá Duprat (teclados) lançaria apenas em 1983 o "Som Mais Puro".
Ficam então um bom tempo sem lançar nada até assinarem contrato com a gravadora Record Runner, lançando o cd "Time Travellers", em 1993. O álbum é muito bom, com o grupo voltando às suas raízes. A formação era a seguinte: Sérgio Hinds (vocal, guitarra), Luíz de Bomi (teclados), Andrei Ivanovic (baixo) e Franklin Paollilo (bateria). No ano seguinte lançam um cd gravado ao vivo com orquestra sinfônica.
Em 1996 O Terço lançou um CD intitulado "compositores" pela gravadora Velas. A formação era basicamente a mesma do álbum anterior e o disco foi composto por clássicos da música popular brasileira como "Sangue Latino" dos Secos e Molhados.
O último álbum de estúdio e com canções inéditas do Terço chama-se "Spiral Words" e foi lançado em 1998. O som é progressivo com pitadas de pop/rock; o CD inclui ainda duas releituras: "1974" e "Crucis" ( de "Time travellers" ). A formação é a seguinte: Sérgio Hinds ( guitarra e back vocal ), Edu Araújo (guitarra e vocal ), Max Robert ( baixo ), Beto Côrrea ( teclados ) e Daniel Baeder ( bateria ).
Em 1999, André Gonzales assume o posto de Daniel Baeder na bateria e a banda lança o disco "Tributo a Raul Seixas", uma homenagem aos dez anos de morte do grande roqueiro. O CD está indo muito bem e já é o título mais vendido da sua gravadora ( Movieplay ). Recentemente, Edu Araújo deixou a banda e em seu lugar foi recrutado Igor de Bruyn, que também integra o quarteto de cordas Kroma.
Texto de Gustavo Ávila, originalmente publicado no site Whiplash
Fazer o download de O Terço - O Terço (1970).
Monday, November 26, 2007
Márcio Greyck - Márcio Greyck (1968)
com The Bubbles
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Faixas:
01. Beija-me Agora
02. Bonitinha
03. Quero Chorar
04. Espero Chover
05. Os Velhinhos
06. Mundo Vazio
07. Palavras
08. De Como um Adolescente Voltou
09. Mamãe me Ensinou
10. Sem Notar
11. Por Quem Foi Embora
12. Devolva Você Prá Mim
Trecho de entrevista de Márcio Greyck publicada no portal Jovemguarda.com.br
As gravações de seu primeiro LP foram divididas em duas partes, com sessões com os Brazilian Bitles e outras com uma orquestra.
Sim, a orquestra da Polydor com arranjos de Guerra Peixe e participações de músicos como Sérgio Carvalho (teclados) e Wilson das Neves (bateria). O primeiro compacto havia sido somente com Guerra Peixe, mas para fazer o LP - já que os Brazilian Bitles também gravavam lá - eu resolvi aproveitar pra fazer algo mais tchan em algumas bases - "Lucy In The Sky With Diamonds", "She'd Rather Be With Me", "Gosto de Você e Você de Mim Também" etc. Foi praticamente produzido pelo Carlos Wallace, que também fez todas as letras das versões e escolheu o repertório comigo. Em "Penny Lane", tivemos que mexer na rotação para que o trompete pudesse alcançar o tom e o timbre da gravação original dos Beatles, já que eles haviam utilizado um instrumento que não havia aqui no Brazil. Fernando Lobo escreveu a contracapa, eu era uma "nova dimensão do iê iê iê" e saí em matéria de duas páginas na revista "O Cruzeiro".
Ronnie Von também estava na mesma praia, com a música barroca.
Exato, mas eu tenho isso até hoje. Eu sou barroco até hoje. Eu tive que me "prostituir" um pouco, porque a gente tem que sobreviver e no Brasil - sabe como é que é - você brinca até um certo ponto, mas depois você tem que levar a sério... senão morre de fome! (rindo) Eu, pra cantar "Penny Lane", "Eleanor Rigby" e "When I'm Sixty-Four", viajando pelo Nordeste, cara, você não sabe as histórias que eu tenho pra contar... porque era brincadeira! Pra você ter uma idéia, uma vez eu cheguei num lugar pra ensaiar lá e simplesmente me chegou um grupo formado por violão levemente eletrificado, uma zabumba, uma sanfona e um pandeirinho. E o cara ainda falou: "Pode dar confiança, porque esse cabra é o maior acompanhador aqui do Nordeste! Ele já acompanhou Waldick Soriano, Núbia Lafayette e Bartô Galeno!" E eu tive que puxar meu violão elementar para cantar "Penny Lane", pra salvar os cachês. Então eu pensei: "Esse negócio tá meio complicado, eu preciso popularizar um pouco o meu trabalho... pra poder minha performance ao vivo" E aí foi quando eu misturei um pouco, mas depois eu consegui fazer minha grande realização - que foi o LP "Corpo e Alma", que eu fiz pela CBS em 1971 e do qual eu tenho o maior orgulho. Aliás, devo a você este relançamento em CD.
Voltando lá atrás, depois daquele primeiro compacto em 1967, o que aconteceu com seu primeiro LP?
Vendeu bem... especialmente no Nordeste, acima de 40 mil cópias. Fiz um segundo disco, que também vendeu bem... 30 e poucos mil.
O segundo LP já foi gravado com The Bubbles.
Sim, eu gostava muito dos Bubbles e nós ficamos amigos. Eu gostava do estilo deles, eu achava que eles estavam mais dentro das características que a minha perspectiva alcançava do que os próprios Brazilian Bitles, que começaram a gravar Pára Pedro - fugindo muito da idéia. Eles estavam muito comercializados, mas os Bubbles não - eles tinham uma postura Beatles. Nós fizemos uma festa no estúdio, gravando as bases... e as fotos da contracapa mostram isso.
Este segundo disco ainda teve Guerra Peixe.
Sim, ele ainda prosseguiu comigo por mais algum tempo.
Mas como foi ter um disco produzido por Durval Ferreira, um cara totalmente ligado na Bossa Nova etc?
É verdade, mas o Durval me deixo bem à vontade - como se eu fosse o produtor. A Polydor era um selo dentro da Philips - que tinha era o cast da MPB e era o templo da MPB. Mas eles tinham este selo, que visava concorrer com a CBS na coisa jovem da Jovem Guarda. Uma coisa jovem e despretensiosa, culturalmente falando... A minha influência era internacional, eu gravei "A Whiter Shade Of Pale" e "Can't Take My Eyes Off You" porque ainda não tinha uma base pra compor e desenvolver um trabalho autoral. As letras das versões condiziam com minha imagem juvenil e eu gostava, então gravava... mas meio que constrangido, doido pra começar a compor... porque aquele negócio de versão já me incomodava, entendeu? Mas o destino já estava fadado.
Leia a entrevista completa.
Fazer o download de Márcio Greyck - Márcio Greyck (1968).
Wednesday, October 24, 2007
The Brazilian Bitles - É Onda (1967)
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Faixas:
01. É Onda
02. Rainha dos Meus Sonhos
03. Louco de Amor
04. Faz Feliz Assim (A Groovy Kind of Love)
05. Qual a Razão (Day Tripper)
06. Cabelos Longos, Idéias Curtas (Cheveux Longs, Idées Courtes)
07. O Papagaio
08. Não Tem Jeito (Satisfaction)
09. Se Você me Pegar
10. Vem, Meu Amor
11. O Homem Só (Nowhere Man)
A jovem guarda da garagem
The Brazilian Bitles é uma das bandas mais emblemáticas e menos reconhecidas do rock brasileiro. Tanto pelo nome, quanto pelo repertório é diretamente vinculada à beatlemania e à Jovem Guarda. De fato, a banda foi uma das primeiras a introduzir o som dos Beatles na cena carioca. Também fizeram sucesso com uma inusitada versão pop de "Gata" (Wild Thing - Troggs/Jimi Hendrix). Mas, The Brazilian Bitles foi mais do que apenas uma banda cover. Em seu repertório estão presentes raras pérolas do melhor rock dos anos sessenta, permeadas de climas modernos, garageiros e psicodélicos, como 'Dedicado a quem amei', 'Deixe em paz meu coração', 'Preciso seguir' e 'Decisão'.
A história da banda começa em 1965, quando o guitarrista Vitor Trucco e o cantor e guitarrista-base Jorge ainda tocavam no The Dangers, uma das inúmeras bandas de garagem do Rio de Janeiro. A banda se apresentava na televisão - no Cabal 9, especialmente - e em clubes, às vezes acompanhada de um cantor chamado Ely Barra. Um dia, Ely, mais o baterista Luiz Toth, junto com o paulista recém chegado Fábio Block convidaram Vitor para formar uma banda nos estilo dos Fab Four. Assim, estava formada The Brazilian Bitles, com Luiz Toth (bateria), Fábio Block (baixo e, depois, guitarra), Eliseu da Silva Barra (cantor e teclados), Vitor Trucco (guitarra solo e, depois, baixo) e Jorge Eduardo de Almeida (voz e guitarra-base). Em 1968, Luiz Toth, Fábio Block e Ely Barra deixaram a banda, entrando Ricardo, ex-baterista dos The Bubbles, e Rubens, ex-integrante do grupo uruguaio The Innocents, na guitarra solo e novos vocais.
The Brazilian Bitles estreiou apenas quatro dias depois, na boate "La Candelabre, com grande estardalhaço de mídia, por conta do empresário da nova banda, Glauco Pereira. O sucesso foi imediato, devido a música - o repertório refinado trazia Beatles, Rolling Stones, rock clássico (Chuck Berry, Little Richard) e outras novidades da "invasão inglesa" - e ao visual da banda, que já usava cabelos compridos. No dia seguinte, a banda estava nas páginas dos jornais como grande novidade da cena carioca, e daí para a televisão foi um pulo, onde apresentavam o programa "BBC - Brazilian Bitles Club", na TV Excelsior, do Rio de Janeiro.
O programa, que ia ao ar nos sábados à tarde, fez grande sucesso, chegando a segundo lugar nas pesquisas de audiência, e serviu de vitrine para divulgar diversos artistas que vieram a consagrar-se posteriormente. "Eles foram as pessoas que me puseram nisso", disse Ronnie Von a Senhor F, reconhecendo o papel dos Brazilian Bitles não apenas na divulgação da "beatlemania", mas também dos novos intérpretes e conjuntos cariocas. Em seguida, gravam seu disco de estréia, abrindo caminho para uma carreira que durou até 1969, incluindo diversos compactos, mais dois LPs, outros sucessos nas paradas, como "Não Tem Jeito" (versão de Rossini Pinto para "Satisfaction", dos Rolling Stones) e centenas de apresentações ao vivo país afora.
Texto de Flávio Ohno e Fernando Rosa, originalmente publicado no site www.senhorf.com.br.
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Monday, October 15, 2007
Os Brasas - Os Brasas (1968)
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Faixas:
01. À Distância
02. Beija-me Agora
03. Um Dia Falaremos de Amor
04. Quando o Amor Bater na Porta
05. Meu Eterno Amor
06. Que Te Faz Sonhar Linda Garota
07. Pancho Lopez
08. Ao Partir Encontrei Meu Amor
09. Benzinho NÆo Aperte
10. Tema Sem Nome
11. Não Vá Me Deixar
12. Sou Triste Por Te Amar
Uma das melhores bandas dos anos sessenta, Os Brasas, de Porto Alegre, ainda não conta o com devido reconhecimento na história do rock brasileiro. Talvez por isso, seu único disco, batizado apenas com o nome de ‘Os Brasas’, e lançado em 1968, pela gravadora Musicolor/Continental, ainda permaneça inédito, apesar de ser um dos mais bem acabados lançamentos daquela década, inclusive com uma das capas mais modernas de sua época. Além de um repertório de grande qualidade, a banda contava com ótimos instrumentistas.
No disco, pela primeira vez, está presente um perfeito ‘crossover’ entre o rock inglês, a psicodelia e a Jovem Guarda, antecipando, de certa forma, a linha mestra da construção da sonoridade do rock gaúcho. Não de graça, o disco abre com 'A Distância', uma ótima versão para 'Oriental Sadness', original dos Hollies, além de outras canções com orientação 'beat', como 'Benzinho Não Aperte', ‘Beija-me Agora’, ‘Pacho Lopez’ e a garageira ‘Não Vá Me Deixar’, que poderia dar aos Brasas o título de primeira ‘guitar-band’ do Brasil, e que já deveria ter merecido um cover.
Ainda integram o repertório do disco, que tem doze faixas, as músicas ‘Um Dia Falaremos de Amor’, ‘Quando o Amor Bater na Porta’, ‘Meu Eterno Amor’, ‘Que Te Faz Sonhar Linda Garota’, ‘Ao Partir Encontrarei Meu Amor’, ‘Theme Without a Name’ e ‘Sou Triste Por Te Amar’. As músicas evidenciam uma das grandes qualidades do grupo gaúcho, que era a sua qualidade autoral, em parte devido ao talento de Luiz Vagner. Inédito em CD, o disco circula no mundo independente por meio de um CDr que, além das músicas do álbum, ainda reúne os compactos gravados pela banda, também de grande qualidade autoral.
Os Brasas contava com a guitarra de Luiz Vagner, que levava para a Jovem Guarda a pegada e a sonoridade da psicodelia, e que está presente em boa parte das músicas desse disco. São suas as guitarras, e também a autoria em muitos casos, de clássicos do gênero com outros artistas, como Vanusa e Os Caçulas (‘A Moça do Karmanguia Vermelho’, dele e Tom Gomes). Exceto a versão de ‘Pancho Lopes’ (original de Trini Lopez), que fez algum sucesso na época, o disco não traz nenhum outro grande sucesso, mas muitas de suas músicas ficaram na lembrança de seus fãs.
O grupo Os Brasas começou por volta de 1965, em Porto Alegre, com o nome de The Jetsons, fazendo sucesso no programa Juventude em Brasa, na TV Piratini. Em 1967, grava seu primeiro compacto: ‘Lutamos Para Viver’/’Piange Con Me’. The Jetsons, e depois Os Brasas, tinha em sua formação Luiz Vagner, que após o fim do grupo fez carreira solo, atuando até hoje como cantor de reggae, Franco, Anyres Rodrigues e Eddy. Um dos precursores do rock gaúcho, o grupo mudou-se para São Paulo, onde apresentava-se em programas de televisão, como ‘Juventude e Ternura’, ‘Linha de Frente’ e ‘O Bom’.
Texto de Flávio Sillas Jr, publicado no site Senhor F.
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Monday, October 01, 2007
Zegê & The Silver Jets - Zegê & The Silver Jets (1970)
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Faixas:
01. A Dama e o Vagabundo
02. Hoje Eu Não Preciso de Nada
03. Tremendamente Apaixonado
04. Minha Doce Ilusão
05. Os Grandes São Grandes ...
06. Eu Tenho o Maior Amor do Mundo
07. Via Anchieta, Km 33
08. O Mundo Agora é Meu
09. Vou Pedir a Deus
10. O Terror de Todo o Norte
11. Eu Dedico a Você
12. Minha Esperança é Você
13. Você Mudou Minha Vida (Bonus Track)
14. Não Some Não (Bonus Track)
15. A Garota do Show (Bonus Track)
16. A Bela e a Fera (Bonus Track)
Por volta dos meus 22 anos, fui passar as férias de fim de ano com minha familia em Governador Valadares e no último dia do mês de março embarquei de volta pra São Paulo no ônibus número 90 da Viação Transcolim. Tinha passado o dia jogando bola às margens do Rio Doce e, por estar cansado, pensei que fosse dormir com facilidade. Qual nada. Saímos de Valadares às 5 da tarde e por volta das 9 da noite paramos pro café em Realeza. Comi um churrasco de gato, tomei uma ampola dupla de caipirinha e lá vamos nós pra estrada. Já estava meio adormecido quando, de repente, uma mistura de barulho de motor , pneus arrastando no asfalto, gritos, e não era pesadelo não. Era real. Quando percebi o que tinha acontecido já estava na enfermaria do Hospital de Carangola, onde passei praticamente um ano para me recuperar das diversas fraturas. Este acidente mudou completamente a minha rota.
Durante o período no hospital meu amigo Paulo Cotta me levou um violão e desenhou alguns acordes num papel e passei a compor e a cantar pro pessoal da casa. Saí do hospital e fui pra Santos fazer fisioterapia. Fiquei morando na casa do meu primo Zé Ferreira, que me ajudou bastante e através dele cheguei à banda de baile The Black Cats, mais tarde Blow Up, grandes amigos que foram muito importantes na minha história musical.
Dos muitos apelidos que eu tive na rua e no futebol, alguns impublicáveis, um que realmente pegou foi Zegê, que acabou sendo o meu primeiro nome artístico quando gravei três compactos e um LP na Gravadora Rozemblitt. Através do meu primo Ferreira e mais dois empresários (Sr Roberto Borroughs e Mario Freitas) cheguei à gravadora que ficava na Rua Conselheiro Nébias, travessa da Av Duque de Caxias. Lá conheci o trio vocal carioca The Snacks (Edson Trindade, Altair e Fernando) que moravam na mesma rua da gravadora e fui morar com eles. Dias depois chegou um amigo deles, vindo dos Estados Unidos e se juntou a nós. Seu nome: Tim Maia.
Moramos ali por volta de um ano e meio, toda noite era uma cantoria danada . Eles quatro cantavam todo o repertório black da Motown e eu, pobre caipira, ficava admirado do que via e ouvia. Nesta época comecei a questionar minhas composições, em sua maioria muito românticas. Os empresários ao meu redor apostavam que eu seria um novo Roberto Carlos. Não era o que eu queria. Larguei tudo e fui cantar Bob Dylan, Roling Stones, Ataulfo Alves e outros, durante oito anos de baile na noite paulistana. A banda Thoró acabou sendo a mais marcante na minha história de bailes. Quando a gente tocava Creedence Clearwater Revival, tremiam os salões da periferia de Sampa. Os anos de baile me deram segurança pra levar minhas músicas aos palcos dos festivais. Aquele Zegê, menino medroso que se escondia de vergonha atrás dos amplificadores dos primeiros bailes, já não tinha medo de assumir sua identidade: Zé Geraldo.
Texto de Zé Geraldo extraído de seu Site Oficial.
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Wednesday, September 26, 2007
Os Canibais - Os Canibais (1968)
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Faixas:
01. O Prego (Love me, Kiss me)
02. Felizes Juntinhos (Happy Together)
03. Lindo Sonho
04. Um Milagre Aconteceu (Magic Potion)
05. Garota Teimosa (Time Won't Let me)
06. Quase Fico Nu (Everything You Do)
07. Ao Meu Amor
08. A Praça
09. Descubram Onde Meu Bem Está (Wonder Where my Baby is Tonight)
10. Se Você Quer (See me Back)
11. Nosso Romance
Comparados aos seus similares dos anos 60 que permaneceram ativos até hoje, o grupo OS CANIBAIS teve uma brilhante carreira meteórica, que resultou em vários discos, hits nas paradas de sucessos, apresentações nos principais programas de rádio e TV e a liderança nos principais circuitos de festas e bailes da época.
Tudo começou por volta do final de 1964 no pátio do Colégio Estadual Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, região onde moravam os componentes da sua primeira formação. Seguindo a onda daquela geração, Aramis Barros e seus amigos de turma, tentavam formar um grupo vocal cantando nos intervalos das aulas quando sempre ficavam cercados pelos demais amigos. Além disso nos finais de semana o Aramis também sempre percorria o trajeto da sua casa no centro que viria a ser a futura sede dos Canibais até as proximidades da Praça da Bandeira para assistir aos ensaios do conjunto The Blue Boys (mais tarde Os Abutres) que foi o primeiro grupo do Sergio Ferraz, colega de colégio e futuro guitarrista solo dos Canibais.
Enquanto isso, o Max Pierre que estudava no mesmo lugar, também estava formando um grupo na Tijuca com amigos de seus parentes ali residentes.
O encontro pessoal e de idéias entre o Aramis (guitarra e voz) e o Max (então lider vocal) no pátio do Souza Aguiar foi inevitável. Os dois começaram a se apresentar com o pessoal da Tijuca em casa de parentes, clubes e igrejas próximos da região (Orfeao Portugal, Igreja do Menino Rei, etc.).
Mais tarde, numa conversa ao telefone, o Max e o Aramis dicionário em mãos, primeiro trocaram o nome para The Cannibals e imediatamente, para ficar diferente da maioria dos nomes em inglês dos grupos da época (The Fevers, The Jordans, The Clevers, The Jet Blacks, Renato e Seus Blue Caps...), levaram aos demais a idéia do nome em português que ficaria definitivamente: OS CANIBAIS.
Logo a seguir, em maio de 65, veio o primeiro convite para atuar no programa "Clube das Garotas" com a apresentação de Sarita Campos, aos sábados nos estúdios da Rua Von Martius da recém inaugurada TV Globo no Jardim Botânico, onde além de fazer os seus próprios números, ainda acompanhavam todos os artistas jovens que ali se apresentavam, o que lhes valeu um grande desenvolvimento musical e o primeiro contato com o Primo do Primo Trio produtor da Musidisc, através do Ary Carvalhaes na ocasião baixista que ali se apresentava com o grupo do pianista Chaim, para um teste na Musidisc que acabou não dando em nada.
Ainda neste ano, com a saída do Wagner, o Sergio Ferraz entraria definitivamente para assumir a guitarra solo e o Elydio passaria para o baixo. Com esta formação, além de muitos shows pela cidade, começaram a se apresentar também em diversos programas de rádio, entre eles o programa Roberto Moreno pela Radio Tupi que era apresentado ao vivo do cinema Império na Cinelândia e no programa "Raimundo Nobre de Almeida" aos domingos na Rádio Difusora de Caxias.
Foi no programa do Roberto Moreno porém que Os Canibais receberam o convite para gravar pela Mocambo o seu primeiro compacto simples (CS): Eu Não Me Enganei (We Can Work It Out) e Para o Meu Bem (Ticket to Ride) e o convite para se apresentar no programa "A Festa do Bolinha" do Jair de Taumaturgo, através do conjunto The Fevers, que gratos pela cessão do nosso equipamento num dos referidos programas do Roberto Moreno, fizeram a "ponte" com o Jair de Taumaturgo...(obrigado The Fevers, obrigado Jair!!!), e onde se firmariam como o conjunto fixo deste programa e do José Messias, ambos na TV Rio, durante bastante tempo, acompanhando também todos os artistas da Jovem Guarda.
Nesta ocasião, já empenhados com os compromissos quase diários e nas turnés de shows no circuito da Jovem Guarda, o grupo OS CANIBAIS se viu ante a necessidade de mais um componente para executar órgão e piano nas suas apresentações. Foi então que a cantora Denise Barreto trouxe o Horacio, que além de ótimo tecladista, ainda era um cantor excepcional (obrigado Denise!!!).
A partir daí, com a ajuda do Jacintho, irmão do José Messias e produtor daqueles programas da TV Rio, OS CANIBAIS passou a se destacar pela extraordinária mudança no repertório que apresentou de forma diferenciada, trazendo pela primeira vez para o público, sempre em primeira mão, a novidade da fidelidade dos covers das grandes bandas internacionais como Beatles, Rolling Stones, Bee Gees, Byrds, Hollies, Gerry And The Pacemakers, Monkeys, Herman Hermits, Bread, The Dave Clark Five, Animals, etc., ídolos em potencial daquela geração, em apresentaçoes antológicas ao vivo e nos principais programas de rádio e TV como "A Festa do Bolinha" de Jair de Taumaturgo, "Programa José Messias", "Rio Hit Parade", "A Grande Parada", "A Discoteca do Chacrinha", "Tvfone" de Luiz de Carvalho, que lançaram todos os grandes artistas do movimento da Jovem Guarda, bem como do histórico programa "Jovem Guarda" do Roberto Carlos e todos os demais principais programas de paradas de sucesso, líderes de audiencia dos anos 60/70.
O conjunto OS CANIBAIS inovou também por ser o primeiro grupo brasileiro de pop-rock a se apresentar ao vivo com orquestra (Severino Araújo) em 1966 na TV Rio, (quando o sistema de "play-backs" ainda era prematuro) a música "Gina", sugestão do José Messias, (CS: Gina/Sou Canibal da Mocambo) do Festival Internacional da Canção, que vendeu mais de 100.000 cópias e permaneceu nos primeiros lugares das paradas em todos os meios de comunicação do Brasil por vários meses (mil vezes para sempre obrigado José Messias!!!).
Seguiram-se a este hit, mais duas novas faixas do seu primeiro LP também pela Mocambo: "Garota Teimosa" (versão de "Time Won’t Let Me", sucesso do grupo Out Siders) e "O Prego".
Após a saída do Horacio para a sua carreira solo, o novo tecladista convidado foi o Roosevelt, também aluno do mesmo Colégio Souza Aguiar, e logo a seguir com a saída do Sergio Ferraz, seguiram-se na guitarra solo o Zeca (ex - Five Lovers) e o Fernandinho que ficaria até por volta de 72.
Com a formação Aramis/ Elydio/ Max/ Roosevelt e Fernandinho, OS CANIBAIS agora já dominando o circuito de bailes no Rio ainda emplacariam também um compacto com as canções "Lá,Lá,Lá" do Festival Eurovision e "Pense Só Em Mim" , sob a produção de Joao Araújo ainda pela Mocambo e "Reencontro/ Voce Não Vai" do compacto sob a produção de Mariozinho Rocha pela Musidisc, ambas também com grande orquestra em estúdio e ao vivo em suas apresentações em grandes programas no horário nobre de TV.
Em 1969 porém, depois do Festival de Woodstock, sentindo as grandes mudanças nos arranjos e letras da nova cara do pop-rock e da MPB (agora eletrificada) no Brasil, OS CANIBAIS ainda fizeram mais um LP sob o pseudônimo de BANGO pela Musidisc, que só viria a ser lançado no ano seguinte mas sem grande repercussão na época devido a uma grande crise por que passou a gravadora que acabou sendo distribuída pela Padrao Distribuição de Fonogramas em 1970. Hoje este Cd pirata é encontrado numa forma "cult", em sites na Inglaterra e da Alemanha como uma "banda brasileira de música psicodélica comparáveis aos Mutantes".
Em 1974 OS CANIBAIS já com a nova e definitiva formação desde 72: Aramis/ Elydio/ Max/ Roosevelt e Mauro no lugar do Fernandinho, ainda lançaram mais um CS: "Hoje Amanha/ Cançao de Um Homem na Estrada" pela Musidisc.
Após a passagem deste "furacão", seus componentes entraram em estado de "hibernação", mas permaneceram ligados e ativos musicalmente até hoje no cenário artístico musical do mercado de discos, para agora voltarem a se reunir renovados e turbinados com o sangue novo de uma nova geração ávida pela curiosidade da qualidade das músicas das bandas dos anos 60/70, inclusive com a participação de seus filhos, aliada a essa incrível experiência, vivida pelos seus componentes originais.
Texto extraído do Site oficial da banda.
Fazer o download de Os Canibais - Os Canibais (1968).
Wednesday, September 19, 2007
Os Abutres - Os Abutres Atacam... (1968)
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Faixas:
01. O Sapato
02. O Caderninho
03. Não Sou Bobo
04. Sem Dinheiro
05. Mr. Lobo
06. Estou Naquela
07. Dê com Força... prá Frente
08. Fora da Onda
09. A Lua
10. Nunca Nunca
11. Foi Você
12. Meu Amor me Deixou
A banda Os Abutres agitou a cena carioca nos anos sessenta. Fez parte da leva de bandas que dividiu a carreira entre palcos dos clubes e programas de rádio e televisão. Os Abutres eram os irmãos Nando (guitarra), Lobo (guitarra) e Tuna (bateria), mais Careca (vocalista) e Chico (baixista). Gravaram um LP pela gravadora Codil, que trazia o hit "De com força pra frente". O grupo dispersou-se após quatro anos de carreira, com seus integrantes seguindo outras profissões.
Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.
Fazer o download de Os Abutres - Os Abutres Atacam... (1968).
Monday, September 03, 2007
Luizinho & Seus Dinamites - Choque que Queima (1964)
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Faixas:
01 Dinamite
02 Choque que Queima
03 Ventures twist
04 Eu Vou à Lua
05 As Estações
06 Apache
07 A Raposa e o Corvo
08 Carango Twist
09 Bongo Blues
10 Uma Voz na Solidão
11 Lâmpada do Amor
12 Guitar Twist
Grupo carioca liderado por Luizinho, que, nos anos cinqüenta, já havia formado o Blue Jeans Rockers, grupo de rock and roll clássico, que animou as festas do Colégio Militar da então capital da República. O grupo era formado por Luizinho (guitarra e vocalista), Jair (guitarra base), José Antônio (baixo) e Carlinhos (bateria) e Euclides - que também tocou com The Pop's - um dos melhores e mais importantes guitarristas da história do rock brasileiro. Espécie de transição entre o rock instrumental, a era Beatles e a Jovem Guarda, eles deixaram um grande disco - Choque que Queima (reeditado em vinil pela Bruno Discos) - contendo clássicos como a faixa título, Dinamite e Carango Twist. Luizinho morreu em meados dos anos noventa, deixando a lenda de ter sido um dos precurssores do rock nacional, sem o devido reconhecimento.
Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.
Fazer o download de Luizinho & Seus Dinamites - Choque que Queima (1967).
Wednesday, August 22, 2007
Beat Boys - Beat Boys (1968)
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Faixas:
01. A Felicidade
02. A Time For Remembrance
03. Meu Tamborim
04. Era uma Vez uma Menina
05. Abre, Sou Eu
06. Abrigo de Palavras em Caixas do Céu
07. Wake me, Shake me
08. Pobre Coração
09. Sempre Esperando
10. Canção que Ninguém Mais Cantou
11. Ária Para 4ª Corda
12. Torta de Morangos
Famosos por acompanharem Caetano Veloso no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967, com a música Alegria, Alegria, a banda Beat Boys era composta de um misto de músicos brasileiros e argentinos radicados em São Paulo. Com Tony Osanah na guitarra e vocal, Cacho Valdez na guitarra, Toyo no órgão, Willie Verdager no baixo e Marcelo Frias na bateria, eles escandalizaram os puristas (assim como a apresentração de Gilberto Gil e Os Mutantes em Domingo no Parque) ao misturarem pela primeira vez rock e MPB em um festival de música popular.
Após o festival eles gravam o raríssimo compacto Questão de Ordem com Gilberto Gil e fazem uma participação em algumas faixas do disco Ronnie Von #3.
O único disco da banda só veio a sair em maio de 1968, composto de alguns clássicos da psicodelia brasileira como Abre, Sou Eu e Abrigo de Palavras em Caixas do Céu, além de uma famosa versão de Green Tambourine, dos Lemon Pipers, batizada de O Meu Tamborim.
Infelizmente o disco não emplacou. Talvez pelo sotaque um tanto carregado, talvez pela comparação com Os Mutantes. Para o grande Rogério Duprat, em entrevista cedida ao site SenhorF, "o grupo também era bom. Mas era frio, não era quente... Era argentino... Eles tocavam bem, mas não tinha essa coisa inexplicável que Os Mutantes tinham. Essa grandiosidade... ingênua, espontânea, tudo isso." Comparações a parte, o disco é referência obrigatória na psicodelia brasileira.
Ah... Uma curiosidade: em 1968 a banda participa da comédia musical Jovens prá Frente, interpretando o clássico Abre, Sou Eu.
Fazer o download de Beat Boys - Beat Boys (1968).
Monday, August 13, 2007
Luli e Lucina - Amor de Mulher (1982)
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Faixas:
01. Amor de Mulher
02. Semente
03. Luz da Noite
04. Terra e Lua
05. Primeira Estrela
06. Sina Cigana
07. Alojá Yin
08. Iansã
09. Índia Puri
10. Tripa de Peixes
11. Alojá Yang / Gira das Ervas
Fazer o download de Luli e Lucina - Amor de Mulher (1982).
Thursday, August 02, 2007
Couro, Cordas & Cantos - Couro, Cordas & Cantos (1983)
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Faixas:
01. Amor Menina
02. Quando Nós
03. Blue-Bye
04. Beijo Instrumental
05. Despeito
06. Esperança
07. Verdade
08. Contas Do Adeus
09. Canto Brasileiro
10. Chorinho Encabulado que Ficou
Fazer o download de Couro, Cordas & Cantos - Couro, Cordas & Cantos (1983).
Monday, July 16, 2007
Alcides Neves - Destrambelhar ou Não (1983)
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Faixas:
01. Recuerdos Tempo de Fratura
02. Tetéu
03. Abutre-Abate-Amorfo
04. Alegre Stravinsky
05. De Tempo de Fratura a Destrambelhar ou Não
06. Cidade-País-Cidade
07. Estrutura Jazz (morta)
08. Descampado
09. Re(ligare)
10. Maracatu Martelado
Fazer o download de Alcides Neves - Destrambelhar ou Não (1983).
Wednesday, July 11, 2007
Grupo Água - Transparência (1977)
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Faixas:
01. El Colibri
02. Esperanzas
03. Transparencia
04. Juerga
05. La Luna Llena
06. El Guillatun
07. La Semilla
08. Caldera
09. Baioncito
10. Volver A Los 17
11. Tarkeada
Fazer o download de Grupo Água - Transparência (1977).
Sunday, June 10, 2007
Viento del Sur - Viento del Sur (1980)
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Faixas:
01. La Entrega
02. Cantores que Refleccionam
03. Luz Violeta
04. Margaritas
05. Nuevo Amanecer
06. Mi Lugar
07. Crepusculo
08. Gente Sola
09. Cantito al Norte
10. Pá Cantar
11. El Dia del Viento
O Viento Sur iniciou suas atividades nos anos 80, gravando seu primeiro LP em São Paulo, Brasil. Podemos definir seu repertório como Música Latinoamericana. Durante 3 anos, realizaram turnês e apresentações por todo o Brasil, tornando popular a música "Margaritas".
No final de 1982, de volta ao Chile, gravam deu segundo LP, para o selo Phillips, realizando paresentações em Santiago e em todo o país.
Em 1985 o grupo grava seu terceiro CD "Actitud de Hoy", para o selo RCA, musicando poemas de 5 poetas chilenos contemporâneos: Zurita, Maqueira, Antonio Gil, Muñoz e Giordano. Também integra o disco o tema popular de Marambio, "Corazón de Piedra".
Em 1987 Viento Sur realiza o Melodrama Musical "Crónica de un Sueño, de Giordano e Marambio. Os 11 temas desta obra foram compostos por Marambio e Jorge Edwards e gravados com o grupo Upa.
Viento Sur, no ano 2000 grava sua quarta produção no selo Doble M Discos, sob a distribuição da Warner Music Chile, com o nome "Que se Raje el Cielo", poesia de Raul Zurira, de seu livro "Del Amor de Chile". São 6 poemas musicados junto com outros poetas como Giordano, Maqueira e o tema hit dos anos 80 do Vientu Sur: "Margaritas."
No momento, Viento Sur está lançando "Sumergido", que consite na musicalização de "Altazor", de Vicente Huidobro, talvez a obra mais importante deste grande poeta.
Texto traduzido do site oficial da banda.
Fazer o download de Viento del Sur - Viento del Sur (1980).
Monday, May 28, 2007
Wanderléa - Wanderléa (1967)
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Faixas:
01. Gostaria de Saber
02. Nenhuma Carta Sua
03. Vou lhe Contar
04. Você Tão Só
05. Ele é Meu Bem
06. Menina Só
07. Hei de Encontrar Meu Bem
08. Acho que Vou lhe Esquecer
09. Horóscopo
10. Te Amo
11. Prova De Fogo
12. Meu Bem Só Gosta de Mim
13. Vou Conseguir
14. Vou lhe Deixar
Fazer o download de Wanderléa - Wanderléa (1967).
Monday, April 23, 2007
Jorge Ben - Negro é Lindo (1971)
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Faixas:
01. Rita Jeep
02. Porque é proibido pisar na grama
03. Cassius Marcelo Clay
04. Cigana
05. Zula
06. Negro é lindo
07. Comanche
08. Que maravilha
09. Maria Domingas
10. Palomaris
Simples e calmo como um fim da tempestade: este é um disco sem sobressaltos, apesar da efervecência do tema. Na homenagem definitiva de Jorge à sua 'raça de todos as cores', o desfile da nega 'Zula' e a elegância do campeão 'soul (ou so?) brother' 'Cassius Marcelo Clay' são sintomas da ascensão e resistência negra.
Neste arco-íris, o pote de ouro está espalhado por aí: 'Rita Jeep' (um revival do flerte com a mutante e seu jeep amarelo Charles (!), 'Porque é proibido pisar na grama' (pérola rara, o futuro incomoda o eterno presente) e uma límpida, flutuante 'Que maravilha'.
Texto extraído do blog Som do Bom.
Fazer o download de Jorge Ben - Negro é Lindo (1971).
Tuesday, April 17, 2007
Flaviola e o Bando do Sol - Flaviola e o Bando do Sol (1974)
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Faixas:
01. Canto Fúnebre
02. O Tempo
03. Noite
04. Desespero
05. Canção do Outono
06. Do Amigo
07. Brilhante Estrela
08. Como os Bois
09. Palavras
10. Balalaica
11. Olhos
12. Romance da Lua
13. Asas
Outro representante da geração nordestina pós-tropicalismo, que teve em Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, sua expressão mais radical. Também pernambucano, Flaviola e o Bando do Sol gravou apenas um álbum, lançado pelo selo local Solar, em 1974. Com base em ritmos regionais, produziram um raro mix de folk-rock-psicodelia, que permanece com extrema atualidade. Instrumental rico, na base de violões, violas, guitarras, flautas e percussão.
Basicamente acústico, com uma poesia ímpar, o disco é mais um exemplo da energia, da vontade de crair algo novo, que abundava no Recife. Uma comparação com os ingleses de "The Incredible String Band" não é de todo absurda.
Participam do disco Flávio Lira (o Flaviola), Lula Côrtes, Pablo Raphael, Robertinho of Recife, e Zé da Flauta
Fazer o download de Flaviola e o Bando do Sol - Flaviola e o Bando do Sol (1974).
Monday, April 16, 2007
Renato Teixeira - Paisagem (1972)
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Faixas:
01. Velha História
02. As Coisas Que Eu Gosto
03. As Galinhas
04. O Que Era Doce Acabou
05. Cabreiro
06. Paisagem
07. Pedras do Caminho
08. Quando uma Nuvem Passa
09. Marinheiro
10. Bye Bye
11. Sapo
Renato Teixeira (Renato Teixeira de Oliveira), cantor e compositor, nasceu em Santos SP em 20/5/1945. Passou a infância em Ubatuba SP e com 14 anos mudou-se para Taubaté SP, onde começou a compor.
Em 1967 transferiu-se para São Paulo SP e, nesse mesmo ano, sua canção Dadá Maria foi uma das classificadas no III FMPB, da TV Record, sendo mais tarde gravada, na Odeon, por Sílvio César e Clara Nunes, e, na Philips, por ele mesmo e Gal Costa.
Em 1968 participou do IV FMPB, também na TV Record, com a música Madrasta (com Beto Ruschel), interpretada por Roberto Carlos. No VII FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro RJ, em 1972, classificou sua composição Marinheiro. Participou também da coleção Música Popular — Centro Oeste-Sudeste, da Marcus Pereira.
No ano seguinte, a Phonogram lançou Paisagem, seu primeiro LP. Em 1977 sua música mais conhecida, Romaria, foi gravado por Elis Regina em seu LP Elis.
Lançou em 1984 o LP Azul e, em 1992, pela Kuarup, o CD Renato Teixeira & Pena Branca e Xavantinho, recebendo no mesmo ano o Prêmio Sharp. Participou ainda dos discos Grandes cantores sertanejos (Kuarup, 1985) e Cantorias & cantadores (Kuarup, 1997), ao lado de Xangai, Cida Moreira, Elomar, Sivuca, Geraldo Azevedo e outros.
Em 1997 comemorou 30 anos de carreira com show no Canecão, no Rio de Janeiro.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
Fazer o download de Renato Teixeira - Paisagem (1972).
Friday, April 13, 2007
Ruy Maurity - Em Busca do Ouro (1972)
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Faixas:
01. Em Busca do Ouro
02. Meninos de Rua
03. O Rosário
04. Marilua
05. Num Faz de Conta
06. Serafim e seus Filhos
07. Moda de Viola
08. Fábula
09. Quem Tem Medo da Música Caipira?
10. O Verde é Maravilha
11. Manuela
12. Meninos da Rua
Ruy Maurity nasceu no dia 12 de dezembro de 1949, em Paraíba do Sul (RJ). Sua mãe foi a primeira violinista a integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e seu irmão é o pianista Antonio Adolfo. Aprendeu sozinho a tocar violão.
Em 1970 venceu o Festival Universitário do Rio de Janeiro com a música "Dia cinco", que compôs junto com Zé Jorge. No mesmo ano, gravou seu primeiro LP, "Este é Rui Maurity". Foi em 1971 que gravou o seu maior sucesso, “Serafim e seus Filhos”, lançado no LP "Em busca do ouro”. Três anos depois lançou o disco “Safra 74", que teve algumas de suas músicas incluídas nas trilhas sonoras das novelas "Escalada" e "Fogo sobre terra", da TV Globo. Em 76 e 77 lançou, respectivamente, os LPs "Nem ouro nem prata" e "Ganga Brasil", que inclui a gravação do tema principal da novela "Dona Xepa", da TV Globo. Em 1978 gravou o disco "Bananeira mangará”.
Com o tempo foi caracterizando cada vez mais a sua carreira com os temas e músicas regionais. Na década de 80 gravou os discos "Natureza" e “Aviola no Peito”. Realizou ainda inúmeros shows em diversas cidades brasileiras. No ano de 98 lançou o CD De coração, no qual interpreta diversas parcerias com José Jorge.
Texto extraído do site da Kuarup Discos
Fazer o download de Ruy Maurity - Em Busca do Ouro (1972).
Monday, April 09, 2007
Manduka - Caravana (1978)
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Faixas:
01.Saidação
02. Terra dos Homens
03. Katatay
04. Caravana
05. Raças
06. A Catimba Não Gorou
07. Fábula
08. Somos quem Somos
Fazer o download de Manduka - Caravana (1978).
Monday, April 02, 2007
Leno - Vida e Obra de Johnny McCartney (1971)
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Faixas:
01. Johnny McCartney
02. Por que Não?
03. Lady Baby
04. Sentado no Arco-Íris
05. Pobre do Rei
06. Peguei uma Apollo
07. Sr. Imposto de Renda
08. Não há Lei em Grilo City
09. Convite para Ângela
10. Deixo o Tempo Me Levar
11. Contatos Urbanos
12. Bis
13. Johnny McCartney
EM 1970, já separado de Lilian (com quem fez uma dupla de sucesso na Jovem Guarda), Leno preparava-se para lançar pela CBS seu terceiro disco solo, Vida e obra de Johhny McCartney, que deveria ter sido lançado em 1971 - mas só saiu em 1995, pelo selo independente de Leno. Visionário, o disco mostrava algumas novidades para a época: era gravado em oito canais e trazia um som bem mais realista e pesado do que costumeiramente era visto em rock nacional. Além disso, tinha em sua ficha técnica o grupo de rock A Bolha e um desconhecido produtor-compositor-cantor-arranjador, um tal de Raul Seixas... O tal disco, com ares de LP "conceitual", no entanto, ficaria arquivado de 1971 a 1995, quando finalmente seria lançado pelo próprio selo indepedente de Leno, sem muito alarde. Vida e obra de Johnny McCartney, um disco totalmente inovador e contestador, é uma das páginas mais intrigantes da história do nosso rock.
ANTES: Leno, ou melhor, Gileno Azevedo, era mais conhecido pela dupla com Lilian Knapp, na década de 60. Apesar das brigas nos bastidores, a dupla conseguiu emplacar uma série de sucessos, a maioria deles pontos de referência até hoje quando se fala em Jovem Guarda. Sempre que algum cantor "cabeça" quer dar um ar mais popular ao seu repertório, acaba recorrendo a canções como "Devolva-me" (gravada por Adriana Calcanhoto) e "Pobre menina". Alguns desses sucessos eram assinados por Renato Barros, guitarrista do grupo Renato & Seus Blue Caps, amigo de Leno e namorado de Lilian.
A carreira solo de Leno, após o fim da dupla com Lilian, inicou-se com sucessos como "A pobreza" (aquela mesma, do "a garota que eu adoro, por quem tanto choro, não pode me ver.."). Gravando na CBS, o cara acabou tendo contato com um dos produtores da casa, ninguém menos que Raul Seixas, que na época usava o pseudônimo de Raulzito e compunha músicas para Leno & Lilian, Odair José, Ed Wilson e Renato & seus Blue Caps - Raul dizia ter composto cerca de 80 músicas entre 1969 e 1973, sendo que algumas delas se tornaram grandes sucessos, como "Doce doce amor" (Jerry Adriani) e "Sha-la-la" (com o próprio Leno).
O disco que seria Vida e obra de Johhny McCartney só poderia ser pensado, obviamente, após o esvaziamento da estética naif da Jovem Guarda - que levou vários artistas daquele período a se arriscarem em trabalhos arrojados e diferentes do "iê iê iê romântico" da década de 60 - e à separação dos Beatles, que inspirou o título do álbum. Outros detalhes estavam em jogo: o contato de Leno e Raul havia gerado uma série de músicas pesadas, inspiradas no hard rock e na fusão com o soul em voga na época (a banda hard carioca A Bolha acabou sendo chamada para gravar quatro músicas) e Raul, já com um pé fora da "linha de montagem" da CBS, ousou trabalhar quase em parceria com Leno, escrevendo várias letras e fazendo backing vocals além de produzir. "Sentado no arco-íris", uma das faixas, era, segundo Raul, a primeira letra que ele se orgulhava de ter escrito.
O DISCO: Vida e obra de Johnny McCartney até pelo cacife dos músicos envolvidos (imagine a historinha: "músico popular-brega enlouquece e resolve gravar um disco de rock´n roll pesado ao lado de um produtor também tão brega e maluco quanto ele e de uma desconhecida banda rockeira pesada") não poderia mesmo ter feito sucesso. Se lançado em 1971, poderia ter se tornado um disco cultuado. Ouvido hoje, se não soa atual, pelo menos impressiona. Entre músicas de Leno, parcerias com Raul (creditadas a "Raulzito Seixas") e contribuições de amigos, pesca-se um som que tem mais a ver com bandas como Sly & The Family Stone, Beatles pós-67, Cream e Steppenwolf, como na faixa título. Outras faixas seguem essa linha, como "Por Que não?" (plágio descacetado de "All right now", do Free) e a já citada "Sentado no arco-íris", com um marcante riff de guitarra, ritmo inspirado no Cream e uma letra de inspiração gospel, que chega a falar em "gente sem terra, gente sem nome". Segurando a onda de Leno, haviam Renato Barros, Raul Seixas, Paulo César Barros, o pessoal da Bolha (Pedro Lima, Renato Ladeira, Arnaldo Brandão e Gustavo Schroeter) e o grupo uruguaio The Shakers.
Em algumas faixas, Leno voltava ao passado. "Lady baby" trazia um arranjo claramente inspirado nos Beatles e na Jovem Guarda - acabou se tornando, por sinal, uma das poucas músicas do disco a ser lançada em single -, o mesmo acontecendo no rock "Deixo o tempo me levar". De resto... "Pobre do rei", composta por Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, era uma espécie de versão beatle de O rei que não sabia de nada (aquele livrinho infantil que todo mundo leu no colégio) e acabou censurada - Marcos a regravaria no disco Garra com o nome "Jesus meu rei". O rock´n roll "Peguei uma Apollo", pertencente ao repertório da Bolha, acabou sendo uma das poucas a passarem batidas pela censura, que estranhamente não implicou com os versos "mas que coisa sub, sub/envolvida/sub, sub/entendida". O irônico country-rock "Sr. Imposto de renda" (definido no encarte como "a nossa 'Taxman' "), por sua vez, só seria liberado se todos os censores tivessem tomado ácido - assim como em "Não há lei em Grilo city", que trazia versos como "a realidade fere, fere até você e eu (...)/e o xerife aponta, desmonta e conta/John Wayne é o seu herói". Já que a história aponta que os EUA financiavam a ditadura nos países latino-americanos... E a loucura dos censores era tanta que a implicância maior acabou sendo com o verso "bisa comigo", da inocente "Bis" - que encerra o disco junto a uma coda da faixa-título.
Para quem costuma acompanhar a carreira de Raul, uma das músicas é especialmente curiosa: "Convite para Ângela" traz uma melodia idêntica à de "Sapato 36", música que Raul gravaria em 1977 (mas sem crédito para Leno). Já a countryficada "Contatos urbanos", composta por outro produtor da CBS, Ian Guest, era uma espécie de "Sinal fechado" (aquela música do Paulinho da Viola) versão pós-Jovem Guarda. Mesclando inocência jovemguardista, peso, tons político-sociais nada discretos e fortes mudanças de paradigma, Vida e obra de Johhny McCartney foi, no fim das contas, uma das mais interessantes pedras colocadas sobre a tumba do iê-iê-iê.
E DEPOIS?: Das 13 faixas de Johnny McCartney só quatro foram editadas num compacto duplo da CBS: "Johhny Mc Cartney", "Peguei uma Apollo", "Lady Baby" e "Convite para Ângela". Quando a censura deu o golpe fatal no disco, a CBS escutou o conteúdo e determinou o arquivamento do LP. Se o clima tenso e contestador de letras como "Sentado no arco íris" havia desagradado os censores, as melodias nada comerciais (para a época) do LP também não tiveram o menor êxito com a gravadora. Pior: numa mudança de gravadora, ainda nos anos 70, Leno procurou pelo tape e soube por um funcionário da CBS que as fitas originais haviam sido apagadas. Como as fitas masters de discos antigos eram guardadas sem o menor cuidado, era provável que Vida e obra... já tivesse ido parar na lata de lixo.
O disco só foi sair porque, em 1994, o pesquisador musical Marcelo Fróes (aquele mesmo, do International Magazine), achou os tapes originais, guardados em duas caixas empoeiradas nos arquivos da Sony music. Lançado em pequena tiragem no ano de 1995, foi como se não tivesse saído nunca: poucas revistas noticiaram o fato e as rádios não tocaram nada do disco, que hoje está esgotado. Se a censura já havia sacaneado geral, o pior castigo para Leno e seu Johhny McCartney foi terem perdido o trem do reconhecimento, ainda que tardio.
Texto de Ricardo Schott, publicado no site discotecabasica.com.
Fazer o download de Leno - Vida e Obra de Johnny McCartney (1971).
Hair Soundtrack - Brazilian Version (1969)
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Faixas:
01. Aquarius
02. Donna
03. Ás de Espadas
04. Manchester Inglaterra
05. Sou Preto, Não Tenho
06. Ar
07. Tenho Vida
08. Hair
09. Minha Convicção
10. Fácil Dizer Não
11. Pra Onde Vou
12. Hare Krishna
13. Frank Mills
14. Crioulos
15. Olhos Abertos
16. Que Obra de Arte o Homem é
17. Bom Dia Estrela
18. Deixe o Sol Entrar
Menos de um ano após a assinatura do Ato Institucional nº 5, que instaurou a fase mais dura do regime militar, com cassações de direitos políticos em massa e prisão e torturas de adversários, estreava em São Paulo a montagem brasileira do musical Hair, no palco do Teatro Aquarius, mais tarde Teatro Zaccaro, no bairro do Bixiga.
A iniciativa, ousada para a época, deveu-se a Ademar Guerra, responsável por várias realizações pioneiras do teatro brasileiro e que vinha de uma temporada exitosa com a polêmica peça Marat/Sade, de Peter Brook.
Ademar e o produtor Altair Lima tiveram que vencer várias dificuldades. Primeiro, a descrença de empresários teatrais de que era possível montar um musical do porte de Hair no Brasil. Depois de vencida esta resistência, veio outro problema: a censura.
A montagem original era repleta de cenas em que os atores apareciam nus, o que desagradou a censura. Seguiu-se uma penosa negociação e, ao final, os censores concordaram em que a nudez dos atores seria mostrada apenas uma única vez na peça, em uma cena com apenas um minuto de duração e na qual os atores deveriam permanecer absolutamente imóveis.
Apesar das restrições, Ademar deu um tratamento requintado à cena, que caiu no gosto do público e da crítica e é lembrada até hoje como um dos grandes momentos do teatro brasileiro.
Hair marcou a estréia de vários jovens atores e atrizes, que depois se tornaram famosos por suas atuações no teatro, cinema e televisão. O elenco inicial era composto por Armando Bogus, Sônia Braga, Maria Helena, Altair Lima, Benê Silva, José França, Neusa Maria, Maria Regina, Marilene Silva, Laerte Morrone, Aracy Balabanian, Gilda Vandenbrande, Bibi Vogel e Acácio Gonçalves.
Sônia Braga, então com 18 anos, foi a grande estrela da peça, mas quase ficou de fora do elenco, pois não contava com a simpatia do diretor Ademar Guerra e só foi aceita por conta da insistência de Altair Lima. Entre os que se encantaram com Sônia, estava Caetano Veloso que compôs Tigresa em sua homenagem. Sônia era a tigresa de unhas negras e íris cor de mel, que trabalhou no Hair.
Ao longo da carreira da peça, que se estendeu até 1972, entraram as atrizes Ariclê Perez e Edyr Duqui (que depois faria parte do grupo musical As Frenéticas) e os atores Antonio Fagundes, Nuno Leal Maia, Ney Latorraca, Denis Carvalho, Buza Ferraz e Wolf Maia.
A direção musical da peça foi de Cláudio Petraglia, a coreografia, de Márika Gidali e a tradução das músicas para o português, de Renata Pallotini.
Texto extraído de wikipedia.com.
Fazer o download de Hair Soundtrack - Brazilian Version (1969).
Friday, February 23, 2007
Jards Macalé - Aprender a Nadar (1974)
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Faixas:
01. Jards Anet da Vida
02. Dois Corações / No Meio do Mato / O Faquir da Dor / Ruas Real Grandeza / Pam Pam Pam
03. Imagens
04. Anjo Exterminado
05. Dona de Castelo
06. Mambo da Cantareira
07. E Dai?
08. Orora Analfabeta
09. Senhor dos Sábados
10. Boneca Semiótica
Aprender a nadar, segundo disco de Jards, foi sua tentativa de arranhar as paradas de sucesso. Foi algo que ele até conseguiu e que lhe valeu alguma - boa - mídia, mas não o suficiente para livrá-lo da pecha de "maldito", de anti-comercial. Apesar da pouca vendagem do primeiro disco, a Philips decidiu manter o contrato do cantor, que aproveitou para gravar um álbum bem menos "econômico", com arranjos mais elaborados - ao contrário do primeiro, no qual se restringia a um grupo básico Em Aprender a nadar, aparecem músicos de estúdio como Wagner Tiso (arranjos, piano), Robertinho Silva (bateria), Rubão Sabino (baixo) e Ion Muniz (flauta), além de um regional que inclui os experientes Canhoto (cavaquinho) e Dino Sete Cordas (violão).
Concebido ao lado de Waly Salomão (que usava a alcunha lisérgica de Wally Sailormoon) era um disco conceitual, com faixas que tratavam de uma certa "linha de morbeza romântica" - morbeza, um neologismo inventado por Waly, era uma mistura de morbidez e beleza, que ele definia como "uma idéia para identificar uma linha de ação, como uma estratégia da qual depois se larga e se busca outra". Tal idéia esteve por trás de pelo menos quatro faixas do disco, "O Faquir da Dor", "Rua Real Grandeza", "Anjo Exterminado" (gravada numa versão mais radiofônica por Maria Bethânia no disco Drama) e "Dona do Castelo", como uma retomada, sob um viés tropicalizado, da antiga dor-de-cotovelo. Músicas antigas do estilo - ou aproximadas a ele - eram revisitadas em algumas regravações, como "Imagens", de Orestes Barbosa (quase uma pré-psicodelia, em versos estranhos como "a lua é gema do ovo/no copo azul lá do céu.../o beijo é fósforo aceso/na palha seca do amor"). O maior sucesso do LP, no entanto, foi a regravação do clássico "Mambo da Cantareira", antigo sucesso de Gordurinha - que serviu de pretexto para Macalé alugar uma barca da travessia Rio-Niterói e pular na baía de Guanabara ao som da música, na festa de lançamento do álbum. "Orora analfabeta", outro grande sucesso de Gordurinha, cuja letra sacaneava a ignorância das elites, também estava no LP, e também fez sucesso (os versos iniciais são inesquecíveis: "Conheci uma dona boa lá em Cascadura...").
O lado experimental do disco ficava por conta de estranhas vinhetas, como as cinematográficas "Jards Anet da Vida", "No meio do mato" e "O faquir da dor", além da interface música-artes plásticas-cinema, que encontrava seu desvelo na arte da capa e do encarte (com fotogramas de Kakodddevrydo, filme de Luís Carlos Lacerda) e na dedicatória a Lygia Clark e Hélio Oiticica. Numa época em que o barato era freqüentar Ipanema, Jards homenageava um dos pedaços mais suburbanos da zona sul carioca ("Rua Real Grandeza", finalizada com uma engraçada vinheta baseada em "Pam-Pam-Pam", de Paulo da Portela, na qual Wally "tocava" chaves e porta). O disco ainda apresentava o poeta underground Ricardo Chacal, lendária figura da vida cultural carioca - até hoje, aliás - ao mundo da música, como letrista de "Boneca semiótica", composta com Macalé, Duda e o multi-homem baiano Rogério Duarte.
Texto de Ricardo Schott, publicado no site Freakium!.
Fazer o download de Jards Macalé - Aprender a Nadar (1974).
Wednesday, January 03, 2007
Tom Zé - Tom Zé (1968)
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Faixas:
01. São São Paulo
02. Não Buzine que Eu Estou Paquerando
03. Namorinho de Portão
04. Catecismo, Creme Dental e Eu
05. Curso Intensivo de Boas Maneiras
06. Glória
07. Camelô
08. Profissão Ladrão
09. Sem Entrada e Sem Mais Nada
10. Parque Industrial
11. Quero Sambar Meu Bem
12. Sabor de Burrice
Parque Industrial ou Satyricon de Tom Zé
Este disco é uma preciosidade. Seu relançamento deve ser festejado como a descoberta de um tesouro - senão perdido - esquecido; enterrado e abandonado. Injusta e injustificadamente abandonado. E no entanto, trata-se de uma obra-prima - e primeira - de um criador singular, esse mestre de invenções e intervenções artísticas chamado Tom Zé. Um disco digno de ser enfim reconhecido como representativo do tropicalismo, assim como os demais, conhecidos, do movimento: os individuais de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Os Mutantes, além do coletivo.
Da companhia destes, "Tom Zé" havia sido alijado, ao sair de circulação. Como eles, foi gravado, em 1968, sob o signo da revolução e da liberdade criativa. Suas composições expõem as marcas - tipicamente tropicalistas - da surpresa e do sincretismo. Compassos se alternam, dão-se mudanças às vezes radicais de andamento. Estruturas por colagem e/ou montagem, as canções, fracionadas, misturam ritmos (exemplo: iê-iê-iê e música sertaneja, em "Sabor de Burrice), instaurando inesperadas atmosferas em uma mesma faixa. Tudo ilustrado paralelamente pelos arranjos.
Estes desempanham palel fundamental no encontro entre música popular e erudita contemporânea que o disco promove. Criados por Damiano Cozzela e Sandino Hohagen, maestros do grupo música nova, combinam elementos díspares - do folclore ao rock - num trabalho ao mesmo tempo antenado com a vanguarda e enraizado na tradição. As instumentações são inusuais. Um arsenal de ruídos - sinos, buzinas, despertadores - e sons variados - aleatórios, de fanfarras, etc - é convocado. Incorporam-se cacos, acasos, erros, além de narrações, conversas e discursos, sem contar vocais onomatopéicos. Resultado: cada faixa se torna um acontecimento sonoro-musical.
Mais relevante ainda talvez seja a forma como os arranjos se relacionam com as letras, como replicam às suas instigações, criando os climas por elas requeridos. Examine-se um detalhe de "Sem Entrada e Sem Mais Nada", por exemplo. Num dado trecho, acordes deliberadamente cafonas são tocados para comentar a expressão "cinco letras que choram", verso que, na canção, está se referindo a "FIADO" e também parodiando (no nível melódico inclusive) um antigo sucesso homônimo de Francisco Alves, co-intituladao "Adeus".
Importante, a propósito das citações, é que elas são sempre pertinentes, nunca gratuitas. E, mais do que serem várias, chama a atenção o leque de sua livre diversidade: do samba "Upa Neguinho" (em "Quero Sambar, Meu Bem") ao hino "Deus Salve a América" (na introdução de "Parque Industrial"), de "Cai, Cai, Balão" ao iê-iê-iê brega "Bom Rapaz" (em "Namorinho de Portão").
No centro de tudo, encontra-se naturalmente Tom Zé, singularizando-se já por suas qualidades de cantor - cujas interpretações assinalam, inteligentemente, o tom paródico e/ou irônico dos textos. De compositor - com uma formação sofisticada para um autor de canções à época, revelando conhecimentos hauridos no campo erudito. De músico - aberto a experimentações. De artista - com proposta e postura nova e ousada. De letrista - de versos provocativos, gozativos, satiricamente críticos.
Mais intensamente do que os damais poetas do tropicalismo - Caetano, Gil , Capinan e Torquato Neto -, Tom Zé usa e abusa de uma linguagem carregada de mordacidade e de tipo coloquial-irônico. Nesse sentido, ele foi o Tristan Corbiére do movimento. Como resistir ao humor de versos como: "Entrei na liquidação/ Saí quase liquidado"? ou a estes, desconcertantes: "Pois um anjo do cinema/ já revelou que o futuro/ da família brasileira/ será o hálito puro,.../Ah"!? ou à força do refrão de "Glória"? E há aqueles ainda que fazem uma declaração de princípios poéticos, valendo por um lema estético a ser seguido: "Quero sambar meu bem/ (...)/ Não quero é vender flores nem saudade perfumada/ (...) / Mas eu não quero andar na fossa/ cultivando tradição embalsamada".
Nodisco, não há uma só música que não seja característicamente crítica. Nem "São São Paulo, Meu Amor" - ode? - escapa a isso. E a vei satírica de Tom Zé investe implacavelmente contra vários alvos. Eis alguns deles. O capitalismo, na imagem do homem de negócios (em "Não Buzine que Eu Estou Paquerando"). A burguesia, ridicularizada em sua moral, seus hábitos e aspirações, na figura do chefe de família ("Glória"). A sociedade de consumo e as imagens-símbolo, publicitárias, do consumo ("Catecismo, Creme Dental e Eu" e "Parque Industrial"). As convenções, sociais e comportamentais ("Curso Intensivo de Boas Maneiras"), bem como as linguísticas ("Sabor de Burrice"): nesse último caso, a própria letra assume um discurso retórico-acadêmico, num emprego consciente do mau gosto para efeito crítico.
Em suma, o que Tom Zé não poupa é o limitado horizonte espiritual de sistemas e estilo de vida vazios e, com estes, seus praticantes. Tais fatores de fundo, aliado aos componentes formais do disco, colaboram para fazer dele uma obra audaciosa e desafiadora, de alguém que reúne senso crítico e estético ; um homem sertanejo de origem e forte de caráter, que se tornou um artista urbano e moderno (e que assim, acabou fazendo a "ligação direta [...] entre o rural e o experimental" para lembrar as palavras de Caetano sobre ele em "Verdade Tropical").
Agora, o Brasil passa a dispor, finalmente em CD, de mais um trabalho seu a servir de informação cultural qualitativa para as novas gerações. E os norte-americanos, os jovens em especial, já poderão contar com a referência de mais uma "nova" obra de relevo da escola de vanguarda que. para alguns deles, o tropicalismo se tornou.
Texto de Carlos Rennó, encartado no relançamento em CD.
Fazer o download de Tom Zé - Tom Zé (1968).
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