Tuesday, March 29, 2011

Lula Côrtes - O Gosto Novo da Vida (1981)



DOWNLOAD!


Faixas:
01. Desengano
02. Dos Inimigos
03. Lua Viva
04. São Várias as Trilhas
05. Patativa
06. Canção da Chegada
07. Quadrilha Atômica
08. Brilhos e Mistérios
09. Gira a Cabeça
10. O Morcego


Neste sábado, dia 26 de março, faleceu Lula Cortes. Este post é uma homenagem a esse grande artista pernambucano.

O cantor, compositor e poeta Lula Côrtes, um dos pioneiros em fundir o ritmo regional nordestino ao rock and roll, morreu na madrugada deste sábado aos 61 anos de idade. Ele sofria de um câncer na garganta e, segundo amigos, estava na praia de Maracaípe quando passou mal, sendo trazido por uma ambulância para o Hospital Barão de Lucena, onde já chegou sem vida. Ele exercia a função de assessor cultural da Prefeitura de Jaboatão. Sua última apresentação como músico aconteceu no Pátio de São Pedro, no domingo de Carnaval.

Nascido Luiz Augusto Martins Côrtes, Lula tem seu nome marcado na música popular brasileira por dois discos lançados na primeira metade da década de 1970, hoje lendas na internet pelo alto preço cobrados pelos vinis. Em 1972, ele gravou com o hoje cartunista Laílson o LP Satwa, pela Rozemblit. Em 1974, com Zé Ramalho, finalizou o álbum duplo Paêbiru - O Caminho da Montanha do Sol, mas a gravadora pernambucana, atingida por uma grande enchente, só conseguiu salvar poucas cópias, que se tornaram raridades. Ele ainda produziu e fez o desenho da capa de No Sub Reino dos Metazoários (de Marconi Notaro).

Os três trabalhos chegaram a liderar a lista de discos mais vendidos na categoria World Music quando foram lançados em 2008 nos Estados Unidos por uma gravadora independente, a Time-Lag Records. O relançamento em CD de Paêbiru no Brasil fazia parte dos planos de Lula Côrtes, que destacou ao Diario: “Na verdade, o disco não é só meu e de Zé Ramalho, é de toda a galera do movimento underground nordestino da época. Na ficha do Paêbirú, aparecem muitos nomes, como Alceu Valença e Geraldo Azevedo”, afirmou.

Côrtes ainda lançou os discos O Gosto Novo da Vida, Rosa de Sangue, A Mística do Dinheiro, O Pirata, Nordeste, Repente e Canção e Lula Cortes & Má Companhia. Somente este último teve distribuição direta em CD. Além de músico, Lula Côrtes lançou obras de prosa e poesia, como o audiobook O lobo e a lagoa e livros como Hábito ao vício, Rarucorp, Bom era meu irmão, ele morreu, eu não e Amor em preto e branco e se dedicava atualmente às artes plásticas. Em reconhecimento ao seu trabalho literário, a União Brasileira dos Escritores de Pernambuco (UBE/PE) deu-lhe a carteira de sócio efetivo, retroagindo a ano de admissão a 1972, quando o multiartista lançou o Livro das Transformações.

Da sua experiência como assessor de Cultura da Prefeitura de Jaboatão, Lula extraiu matéria para pintar aquarelas retratando o cotidiano dos habitantes do município, seus aspectos ecológicos, o patrimônio materia e imaterial da cidade. Sua meta era chegar a 365 peças. A primeira exposição, com 35 aquarelas, intitulada Fragmentos, foi aberta em setembro do ano passado.

Lula Côrtes sofria de um câncer que começou na garganta há cinco anos, mas se espalhou por outros lugares do corpo. Ele tinha feito quiomio e radioterapia, mas de acordo com amigos próximos, continuava bebendo e fumav quase três carteiras de cigarro por dia. No mês de janeiro ele teve Hepatite C e, em seguida, erisipela, que o deixou ainda mais fragilizado.

Ainda assim, o músico continuava trabalhando. Os últimos shows foram na semana passada - quinta, sexta e sábado - no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Ele e Zé da Flauta fizeram participações especiais no show de Alceu Valença, relembrando a década de 1970.

Na madrugada da terça para a quarta-feira, Côrtes passou mal e foi socorrido para uma UPA em Jaboatão, sendo liberado em seguida. Decidiu então, a convite de uma amiga, continuar o tratamento numa pousada em Maracaípe. "Na última quinta-feira ele teve uma melhora surpreendente, mas na sexta de manhã já amanheceu muito pior. Foi quando entrei em contato com amigos para trazê-lo ao Recife", contou o produtor e amigo, Lulinha. Lula Côrtes deixa seis filhos. O primeiro casamento foi com a cineasta Kátia Mesel.

Texto de José Teles, publicado originalmente no portal Diário de Pernambuco

Fazer o download de Lula Côrtes - O Gosto Novo da Vida (1981).

Friday, March 25, 2011

Júpiter Maçã - A Sétima Efervescência (1996)



DOWNLOAD!


Faixas:
01. Um Lugar do Caralho
02. As Tortas e as Cucas
03. Querida Superhist x Mr Frog
04. Pictures and Paintings
05. Eu e Minha Ex
06. Walter Victor
07. As Outras que me Querem
08. Sociedades Humanóides Fantásticas
09. O Novo Namorado
10. Miss Lexotan 6 mg Garota
11. The Freaking Alice (Hippie Under Groove)
12. Essência Interior
13. Canção para Dormir
14. A Sétima Efervescência Intergaláctica



Com esse disco seminal do rock gaúcho, dou início a uma série de postagens de discos Neo-Psicodélicos. Já não era sem tempo...

Desde que enveredou pela carreira solo, o Flávio Basso trocou a influência do rockabilly por uma sonoridade sessentista, folk num primeiro momento e totalmente psicodélica numa segunda etapa. E é justamente a psicodelia a causa desse disco, A Sétima Efervescência, de 1996.

O que já podia ser percebido na demo anterior a esse álbum, Júpiter Maçã e os Pereiras Azuiz - Ao vivo na Brasil 2000 FM, de 1995, ficou mais claro - e elaborado - aqui. Se a demo era mais roqueira e crua (até por ser uma gravação ao vivo), na estréia em cd os arranjos se sofisticaram e a lisergia tomou conta, com grandes méritos para a produção do Egisto e os arranjos de orquestra do Marcelo Birck.

A primeira faixa, Lugar do Caralho, virou um hino imediato, com direito a regravação por parte do Wander Wildner e tudo. A letra é um convite ao hedonismo: "Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim (sic) dançar e me escabelar/Tem que ter um som legal, tem que ter gente legal e ter cerveja barata/Um lugar onde as pessoas sejam mesmo afudê/Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas/Um lugar do caralho". A música seguinte, As Tortas e as Cucas, castiga na lisergia, com vocal "pastoso" e dobrado. A letra fala de conversas com pedras e passarinhos (alguém aí falou em ácido?), numa viagem das boas. Um solinho de flauta é o complemento ao bucolismo da história.

Faixas como Querida Superhist x Mr Frog até dispensam comentários, bastando ler o título pra perceber o clima de psicodelia. Pictures and Paintings é um iê-iê-iê anfetamínico, tanto na música como na letra: "Quero toda sua chinelagem/Quero a metade do seu microponto/Yeah you, you, yeah, yeah, yeah, yeah, you/Yeah you do!". Obras como Eu e Minha Ex deveriam entrar pro rol das melhores composições já feitas, uma excelência em termos de arranjo e tema. Só por ter um refrão com a seguinte pérola: "Eu e minha ex queremos amizade/Mas acho que eu não superei/Talvez ainda goste dela", já justificaria a execução obrigatória em todas as cerimônias cívicas. O arranjo... bem, o arranjo é do mestre Birck, o que significa muita coisa. Grandioso é o mínimo que se pode dizer dele, com violinos, violoncelos, trompete e fagote.

Walter Victor é uma espécie de jovem guarda subversiva. O ritmo é puro Renato e Seus Blue Caps, mas a letra é quase um relatório médico sobre os efeitos de boletas em geral: "Walter toma suas bolas farmacêuticas/Sua boca fica mole, palavras gozadas" Uma harmônica anuncia As outras que me querem e a sacanagem que vem por aí: "Eu só fodo com você nessa fase atual da vida que eu tô levando/Mas às vezes me pergunto se eu não devia estar comendo as outras que me querem". Na segunda estrofe, o outro lado do relacionamento é discutido: "Eu creio que você às vezes queira dar pra outros carinhas no pedaço/Não, não acho tão legal/No entanto uma questão da gente sentar e conversar". Simples, não?

O Novo Namorado tem o verdadeiro "sixty groove", com o teclado do Frank Jorge inaugurando a festa. A estrutura é aquela em que a música começa pelo refrão e depois vem a estrofe, que mostra as contradições dos relacionamentos atuais: "Mundo moderno, alguém me dizia/Todo mundo come todo mundo"/ Mas eu tô querendo/Querendo trabalhar meu lado sensibilidade/Agora eu quero só você pra gostar de verdade".

Outras que não necessitam de análise são Miss Lexotan 6 mg e The Freaking Alice (Hippie Under Grove). Os nomes dizem absolutamente tudo que se precisa saber. Já Essência Interior merece algumas palavras. É uma música totalmente hipnótica, quase um mantra. E tem uma das melhores letras, sem dúvida: "Quando você der para outro cara/Lembre-se que alguém se masturba/Alguém do outro lado da cidade/Se sente em sintonia e pensa em você/Estou ligado na sua essência interior". Na seqüência, vem a sugestiva Canção para Dormir, com seu clima fantástico. E pra fechar a viagem, as colagens bizarras de A Sétima Efervescência Intergaláctica, com frases soltas de algumas faixas anteriores e vários barulhinhos estranhos.

Uma informação histórica importante é que esse álbum influenciou toda uma geração de bandas psicodélicas gaúchas e até nacionais. O lado ruim disso foi a semente que originou o desnecessário movimento mod porto-alegrense no início dos anos 2000. De qualquer forma, a audição de A Sétima Efervescência é mais do que recomendada. É obrigatória.


Texto de Eduardo EGS, publicado originalmente no portal Overmundo

Fazer o download de Júpiter Maçã - A Sétima Efervescência (1996).

Monday, March 21, 2011

Arnaldo Baptista - Loki? (1974)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Será que Eu Vou Virar Bolor?
02. Uma Pessoa Só
03. Não Estou Nem Aí
04. Vou Me Afundar na Lingerie
05. Honky Tonky
06. Cê Tá Pensando que Eu Sou Lóki?
07. Desculpe
08. Navegar de Novo
09. Te Amo Podes Crer
10. É Fácil



No pop brasileiro, são raros os que driblaram a barreira lingüística e edificaram trabalhos fundamentais. Em meio às síndromes progressivas, à invasão da Nordésia e do "rockão pauleira", no início de 74, o LP em questão surgiu não apenas como antídoto a essas tendências, mas também como uma obra única e radical do rock brasileiro.

Gravado em terríveis condições emocionais - Arnaldo havia perdido Rita Lee para sempre -, após sua saída dos Mutantes, o disco conta, além da participação de três ex-integrantes (o baterista Dinho, o baixista Liminha e Rita nos backing-vocals), com arranjos de Rogério Duprat. A gravação feita às pressas proporcionou um punch inigualável e, dado seu estado emocional, Loki? acabou por ser o maior tratado existencial do rock brasileiro, algo digno do desespero suicida da nouvelle vague, da dolorosa raiva incontida dos angry young men ingleses e de poetas visionários que enxergaram o lado obscuro da realidade.

Arnaldo demonstrou o que significa amar até perder o nome, buscar os paraísos artificiais a partir da desintegração da alma e percorrer os porões proibidos dos sentimentos, dando vazão aos abismos da vida e anunciando esboços da morte tateada, ainda que não consumada. Nessas antevisões, ele já parecia estar ciente das amargas metamorfoses que delineariam seu destino tatuado por uma tentativa de suicídio em 1980, após ter criado a alucinada Patrulha do Espaço.

Se, textualmente, provou genialidade, em nível musical nada deixou a dever; ou seja, a partir de sua voz arrancada do âmago e de um sensível piano de concepção clássica, ele percorre o tecido rock com eclética maestria, indo das mais tristes baladas até progressive rocks, passando por tons de bossa, jazz, funk e blues.

A primeira faixa do LP, a linda rock'n'roll ballad "Será Que Eu Vou Virar Bolor?", usando o título como mote, traça ironicamente um paralelo entre o futuro de seu amor e o do rock'n'roll, ambos ameaçados de extinção. A seguinte "Uma Pessoa Só", arranjada por Duprat, remonta os lindos sonhos dourados de 71/72, quando os Mutantes viviam em comunidade na Serra da Cantareira, numa trip coletiva em que era possível ser "uma pessoa só". "Não Estou Nem Aí" é uma beat-ballad pulverizada por tons bluesísticos/jazzísticos em que, sombreado pela (im)possibilidade de esquecer os "males", ele desafia a morte de forma sarcástica. Em "Vou Me Afundar na Lingerie", um bluesy-popster de primeira linha, instala a evasão absoluta do mundo real "deslanchando bem embaixo" e propondo afogar as mágoas no deslumbre da natureza e na relatividade das pequenas. A instrumental "Honky Tonky" é um delicioso mergulho ao piano.

A segunda face traz a memorável "Cê tá Pensando Que Eu Sou Loki?", esmerado exercício bossístico que desbanca a loucura, mas não exime o prazer pelas viagens. Na baladaça "Desculpe", penetra na angústia passional, um "Jealous Guy" à brasileira, que sentindo "o pulso de todos os tempos" exige o amor a qualquer custo. Na fragmentada "Navegar de Novo", desvenda sua particular "passagem das horas" e as dimensões (im)possíveis do tempo. "Te Amo, Podes Crer", uma balada de amour fou, encarna o pranto de um abandonado que revela: "Dentro de algum tempo eu paro de tocar/espero o apocalipse de então eu te encontrar", um verso que resumiria profeticamente seu futuro. Fechando, a folk-psicodélica "É Fácil", microssíntese do amor absoluto.

Se hoje sua obra é mítica, saiba que Arnaldo pagou muito caro por toda essa paixão levada às últimas conseqüências. "Já leu todos os livros" e sabe que "a carne é triste".

Texto de Fernando Naporano, publicado originalmente na Revista Bizz, Edição 43, de Fevereiro de 1989

Fazer o download de Arnaldo Baptista - Loki? (1974).

Wednesday, March 16, 2011

Programa Brazilian Nuggets 15 - Especial Júpiter Maçã para Download

Para quem perdeu, segue para DOWNLOAD o programa Brazilian Nuggets, Especial Júpiter Maçã.

For those who missed, you can DOWNLOAD the whole Brazilian Nuggets show, Jupiter Apple Special.


Confira a Lista das Músicas

Tracklist

TNT + Cascavelletes (1985-1991)
01. TNT - Entra Nessa
02. Cascavelletes - Menstruada
03. Cascavelletes - O Dotadão Deve Morrer
04. Cascavelletes - Sob um Céu de Blues

Woody Apple + Os Pereiras Azuis (1993-1995)
05. Woody Apple - Doenças de Alma
06. Júpiter Maçã & Os Pereiras Azuis - Ela Sabe o que Faz
07. Júpiter Maçã & Os Pereiras Azuis - Pictures and Paintings
08. Júpiter Maçã & Os Pereiras Azuis - Kongha é Tomador de Panca

A Sétima Efervescência (1996)
09 - Um Lugar do Caralho
10 - Miss Lexotan 6mg Garota
11 - Walter Victor
12 - Querida Superhist X Mr. Frog

Plastic Soda (1999)
13. A Lad & a Maid In the Bloom
14. Collectors Inside Collection

Hisscivilization (2002)
15. The Homeless and the Jet Boots Boy
16. Exactly

Jupiter Apple and Bibmo - Bitter (2007)
17. Fire-Heading Man
18. Golden Light
19. Clowns

Uma Tarde na Fruteira (2008)
20. A Marchinha Psicótica de Dr. Soup
22. Beatle George
23. Síndrome de Pânico
24. A Menina Super Brasil

Friday, March 11, 2011

Rita Lee - Build Up (1970)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up)
02. Calma
03. Viagem ao Fundo de Mim
04. Precisamos de Irmãos
05. Macarrão com Linguiça e Pimentão
06. José ( Joseph )
07. Hulla-Hulla
08. And I Love Her
09. Tempo Nublado
10. Prisioneira do Amor
11. Eu Vou Me Salvar



No início de 1970, 0s Mutantes já traziam em sua bagagem três albuns e diversos sucessos. 0 stress já batera à porta e o grupo liderado por Rita Lee e pelos irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista estava em férias. Quinteto desde o último disco, A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (69), com a oficialização dos membros Liminha (baixo) e Dinho (bateria), os Mutantes aguardariam o vôo solo de Rita Lee. Estimulada pela diretoria da gravadora, notadamente pelo então presidente André Midani, Rita - que vinha fazendo diversos shows de moda, desfiles e happenings - acabou entrando em estúdio em São Paulo com seu marido e parceiro de banda, Arnaldo Baptista, que assumiria a direção musical, enquanto que Manoel Barenbein produziria o disco e Rogerio Duprat faria os arranjos. Os Mutantes so não estiveram inteiramente presentes neste primeiro álbum solo de Rita Lee porque o guitarrista Sérgio Dias não entendeu como bom para a banda que seus membros tivessem projetos paralelos. O lendário Lanny Gordin acabou fazendo os belos solos.

O repertório procurou afastar Rita dos Mutantes, trazendo diversas parcerias dela com Élcio Decário. Mas, casualmente, foi com a versão José, do original francês Joseph (de Georges Moustaki), curiosamente assinada por Nara Leão (que na épcoca morava em Paris e também versionou outras musicas), que este "Build Up" entrou para a história. Podendo ser considerado o disco #0 na carreira de Rita Lee, este trabalho foi logo seguido pelo projeto Tecnicolor dos Mutantes no final de 1970, arquivado em prol de Jardim Elétrico (71) - até ser enfim lançado pela Universal Music no ano 2000, exatos 30 anos após sua realização em Paris.

Quando os Mutantes desejaram gravar um segundo LP em 1972, após País dos Baurets, a notícia de que não poderiam (ou deveriam) fazer dois trabalhos num mesmo ano acabou levando a um "jeitinho brasileiro": Hoje é o Primeiro Dia do Resto da sua Vida acabou sendo creditado a Rita Lee, como se fosse seu segundo álbum solo. A cantora eventualmente saiu da banda no início de 1973, montando a dupla Cilibrinas do Éden com a amiga Lucia Turnbull por alguns meses e finalmente criando o grupo Tutti Frutti - que sobreviveu acompanhando Rita por cinco anos.

Tutti Frutti seria o terceiro (ou primeiro?) album solo de Rita Lee em 1973, mas o trabalho da banda não agradou a diretoria da gravadora que determinou seu arquivamento em função da idéia de que Rita gravasse um disco verdadeiramente solo para a Philips. Atrás do Porto Tem Uma Cidade acabou saindo em 1974, com o sucesso Mamãe Natureza final mente solidifiicando Rita Lee como artista solo alguns anos depois de seu primeiro trabalho individual. Tutti Frutti, o disco arquivado, chegou a ser resgatado e remasterizado para lançamento no ano 2000, para cair novamente no limbo.


Texto de Marcelo Fróes, encartado na reedição em CD

Fazer o download de Rita Lee - Build Up (1970).

Monday, March 07, 2011

Rita Lee - Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (1972)




DOWNLOAD!


Faixas:
01. Vamos Tratar da Saúde
02. Beija-me Amor
03. Hoje é o Primeiro Dia do Resto da sua Vida
04. Teimosia
05. Frique Comigo
06. Amor Branco e Preto
07. Tiroleite
08. Tapupukitipa
09. De Novo Aqui Meu Bom José
10. Superfície do Planeta



Cada vez mais dedicados a sua musica, ensaiando e viajando direto, Os Mutantes vibraram com a inauguração em São Paulo de um então moderno estúdio de 16 canais. Em meados de 1972, ano em que já haviam gravado e lançado um disco (Mutantes e seus cometas no país do baurets), eles resolveram experimentar a novidade. Entraram no recém-inaugurado Estúdio Eldorado e gravaram Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, que sairia em outubro como se fosse um lançamento solo de Rita Lee. De fato, Rita brilha no disco. Participa da composição de sete das dez faixas, canta quase todas e ainda por cima desenhou a capa.

Mais um trabalho produzido por Arnaldo Baptista, que também toca teclados e canta, e que tem como músicos Sérgio Dias Baptista (guitarra e voz), Arnolpho Lima Filho, o Liminha (baixo e vocal), e Ronaldo Paes Leme, o Dinho (bateria), é um disco dos Mutantes. Se alguém ainda tiver duvidas, basta colocar o CD no aparelho e aumentar o som.

Canto de cisne de um dos mais criativos grupos de rock deste país, Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida é tambem o mais experimental dos discos do grupo. Da primeira faixa, Vamos tratar da saúde, a última, a clímática Superficie do planeta, espirram ousadias sonoras, competência instrumental e apuro técnico. Hoje é o primeiro dia... tem um tango (Beija-me a boca) cantado por Rita e pela guitarra de Serginho. Não é um exagero. Usando a boca para fazer ressonância, Sérgio Dias faz sua guitarra cantar.

Em outra faixa, o delicioso samba-homenagem ao Corinthians, Meu amor branco e preto, Sérgio volta a usar o truque e faz a guitarra soar como um pato de desenho animado. Na gravação, os Mutantes usaram outro truque, muito repetido anos depois. Como fundo, puseram a narração de um jogo de futebol. O disco está repleto dessas ousadias, que culminam com um papo de estúdio sobre como gravar determinada música. Rita sugere o uso de quatro vozes em cada um dos 16 canais. Dito e feito. A sobreposição forma o gigantesco coral de 64 vozes que enfeita De novo aqui meu bom José. Foi uma despedida e tanto. No ano seguinte, Os Mutantes estreariam um show no Rio já sem Rita Lee. O que era doce, acabou. Ou melhor, espalhou-se.

Texto de Fábio Rodrigues, encartado na reedição em CD

Fazer o download de Rita Lee - Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (1972).