Wednesday, December 26, 2007

Ave Sangria - Perfumes y Baratchos - Live (1974)




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Faixas:
01. Grande Lua
02. Janeiro em Caruaru
03. Vento Vem (Boi Ruache)
04. Dia-a-dia
05. Geórgia, a Carniceira
06. Sob o Sol de Satã
07. Instrumental
08. Por Que
09. Hey Man
10. O Pirata
11. Lá Fora



Nos dias 28 e 29 de dezembro de 1974, a hoje cult e lendária Ave Sangria fazia no vetusto Teatro Santa Isabel o show Perfumes Y Baratchos. Foi uma curta temporada de apenas duas concorridas apresentações(com tanta gente no lado de fora, que na metade de cada show, o vocalista Marco Polo mandava que os portões fossem abertos). Foi a mais bem sucedida apresentação da curta carreira da Ave Sangria. No entanto, aquele seria o canto de cisne do grupo, que se dissolveria logo depois.

De prestígio em alta em Pernambuco e no Sudeste, onde algumas das faixas do único álbum que lançaram tocavam bem no rádio, Marco Polo, Almir de Oliveira, Agrício Noya (o Juliano), Ivson Wanderley (Ivinho), Israel Semente Proibida, e Paulo Rafael davam a volta por cima depois do baque sofrido com a censura e apreensão do primeiro e único LP, por causa da faixa Seu Valdir (o disco foi relançado sem esta música): “A gente estava no maior pique, mas manter uma banda de rock no Brasil na época era muito complicado. Lembro que levei o disco para a Rádio Tamandaré, na época a mais refinada da cidade e a moça que me atendeu, o nome era Norma, deve ter achado a música muito estranha, e não tocou. Além do mais, a Ave Sangria só vivia entrando em rolo. Como eu ainda era menor, faziam as coisa no meu nome. O Santa Isabel, por exemplo, foi alugado assim. Fui eu que fui numa tal Censura Estética da Polícia Federal liberar os cartazes do show", recorda o guitarrista e produtor Paulo Rafael, hoje morando no Rio. Geneton Moraes Neto, atualmente diretor de redação do Fantástico, em 1974, cobria a cena músical pernambucana daquela década e assinava a coluna Ensaio Geral, no Diario de Pernambuco. Ele lembra de um dessas confusões com os Rolling Stones do Nordeste, como a Ave Sangria era também conhecida, tanto pela música quanto pelos rolos que protagonizava: “Eles eram muito invocados. Uma vez um dos integrantes teve algum problema com a polícia, e os caras foram na redação para pedir que o jornal não publicasse a notícia. Fiz entrevistas com eles, dei muitas notas, mas não vi esse último show”, testemunha.

Lailson, o cartunista do DP, fez a direção musical de Perfumes Y Baratchos , e também o responsável pela arte do cartaz (restaurando a ave do logotipo do grupo, semelhante a um carcará, que foi refeita de forma grosseira, no Rio, para a capa do disco Ave Sangria, saído pela Continental). Para ele, aquela foi uma morte de certa forma anunciada: “Lembro que pouco antes do show, Marco Pólo chegou a comentar comigo que pretendia partir para carreira solo”.
Lailson recorda que sentia um certo clima de rivalidade entre Almir e Marco Pólo, enquanto Israel era uma estrela à parte. “Acho que o afastamento de Rafles, espécie de relações pública deles, contribuiu para o fim”, conclui. Paulo Rafael destaca a participação de Ivinho: “Ele era meio militar, levava tudo muito a sério. Quando a gente entrou no palco, havia um bocado de castiçais, da decoração bolada por Kátia Mesel. Ivinho, quando viu aquilo reclamou, ‘Tá parecendo coisa de macumba’”. Além das velas tinha ao fundo um castelo:” Pegamos de um cenário do teatro, acho que de alguma ópera”. Marco Polo, atualmente na Continente Multicultural, numa entrevista ao crítico Héber Fonseca (no JC), dois dias antes do show, não parecia pensar em carreira solo: “Não é ainda o trabalho da Ave Sangria. Há apenas um esboço, uma insinuação, é dela que vamos partir para outros caminhos”. O produtor Zé da Flauta, então no Ala D’Eli, efêmera banda de Robertinho do Recife, tocou flauta e sax no Perfume Y Baratchos. Ele também não imaginava que aquele seria o início do fim da banda: “Pensava que dali eles iniciariam uma nova fase”.

O certo é que Ave Sangria fez duas apresentações tecnicamente impecáveis: “O show começa com um tema meu, A grande lua, meio Pink Floyd. Os amplificadores Milkway, de Maristone (dono do melhor som de palco do Recife nos anos 70), se a gente mexesse uns botõezinhos faziam a guitarra soar feito um sintetizador”, conta Paulo Rafael. “Nesses dois shows fizemos várias músicas inéditas”, completa Marco Polo.

Há unanimidade entre Zé da Flauta, Paulo Rafael ou Marco Polo (Agrício Noya, Ivinho e Almir de Oliveira não foram localizados para esta matéria. Israel Semente já faleceu) sobre o catalisador da dissolução da Ave Sangria: “No início de janeiro, Alceu, que namorava a banda há muito tempo, fez o convite para os músicos tocarem com ele no festival Abertura da TV Globo. Eu ainda fiz alguns shows no Rio, aqui, com Israel, mas já estava casado, com filho, decidi voltar ao jornalismo”, conta Marco Polo. O guitarrista Paulo Rafael completa: “Não teve assim um ‘vamos acabar’. Depois do Abertura a gente se questionou. Eu queria sair de casa, uns já estavam casados, economicamente não havia no momento outra coisa a fazer. Continuamos tocando com Alceu”.

O Ave Sangria voltaria a reunir-se mais uma vez, para gravar um clipe para o Fantástico, de Geórgia Carniceira. Almir de Oliveira (que não foi tocar com Alceu Valença) revelou que o clipe foi um equívoco da produção da Globo: “Queriam era a banda de Alceu, mas acabaram chamando a Ave Sangria”. O clipe, gravado num estúdio em Botafogo, nunca foi ao ar. Permanece até hoje nos arquivos da emissora carioca.


Texto de José Teles, publicado originalmente no portal JC OnLine

Fazer o download de Ave Sangria - Perfumes y Baratchos (1974).

Tuesday, December 18, 2007

Jaime & Nair - Jaime & Nair (1974)




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Faixas:
01. Sob o Mar
02. Não Valia Tanto
03. Samuel Arcanjo, Anjo
04. Nevoa Seca
05. A Bica de Chororó
06. Nigue Minhas e Coco do Norte
07. Das Minas
08. Olhos Para São Paulo
09. Reino Das Pedras
10. Sabiá (Diga Lá)
11. Boi
12. Zabumba do Nego



O aval musical de Edu Lobo e Dori Caymmi conta bastante. Conta tanto que Harry Zuckermann, diretor da Companhia Industrial de Discos, decidiu investir num caprichado lp para lançar uma nova dupla de compositores-interpretes - Jaime & Nair (CID, 8004, Novembro/74), que apareceram há dois meses, num bonito disco, simultaneamente editado em fita cassete. Tratando-se de uma nova dupla - até então totalmente desconhecida não deixa de ser uma grande chance.

Interpretando 12 temas, dos quais 10 exclusivamente de Jaime Alen, esta dupla aparece com músicas líricas, com influências do melhor e mais autentico cancioneiro verde-amarelo, um misto de serestas e toadas interioranas, o que faz valorizar as letras bem construídas de Jaime Alen. Dori Caymmi, na folha dupla que acompanha o lp, com as letras de todas as músicas e mais detalhada ficha técnica da produção, afirma:

- "Eu ouvi durante a gravação e gostei muito. Nair, o canto afinado e sincero. Jaime, um músico nato e compositor. Os arranjos muito bem escritos, a musica brasileira. As influencias são validas. A cidade grande é dura, mas pára, pra ouvir boa música. Benvindos a ela".

Já Edu Lobo, na contracapa do lp, em bilhete manuscrito, diz: "Estou sendo apresentado à tua música, meu caro Jaime, assim às pressas, de um fôlego só. E fico pensando em "falar" sobre o que eu ouvi, e principalmente ouvir você o que for preciso. Vale uma conversa - a crítica a gente deixa para os especialistas. De qualquer forma, não importa realmente o que eu ou alguém possa lhe dizer. O que importa mesmo é o que você vai fazer. Um abraço, Edu".

Realmente, o que importa é o trabalho que Jaime & Nair se propõe a fazer. Com honestidade, recorrendo a discretos arranjos viola de 12 cordas e de Pedal executada pelo próprio Jaime; Zé Roberto no órgão; Wilson das Neves na bateria; Cidinho na percussão em algumas faixas, participação de outros músicos em diferentes, faixas, este lp rico e que exige várias audições para se perceber toda a beleza das musicas de Jaime Alen. É notável o sentido de brasilidade que ele imprime as suas letras e a sua música falando de pássaros, das minas, do mar, mas demonstrando também, como outro jovem compositor, o cearense Eduardo, uma espécie de "caminhada" do Interior para a grande cidade, como em "Olhos Para São Paulo":

"Perdi os olhos de ver São Paulo/Na luz de um raro lampião antigo, lindo/ Na garoa leve dos teus olhos frios e me molhar".

Lamentável que a CID, que tem um departamento de divulgação tão bem dirigido por Fernando Lobo e Gaby Leib, não tenha desta vez providenciado um press-release contendo alguns dados biográficos desta dupla de talento. Em solo, Nair canta "No Reino das Pedras", "Boi-Le-Le", "Não Valia Tanto", "A Bica do Chororó", todas somente de Jaime e mais "Das Minas", um calango de Jorge Luiz de Carvalho/ João Marcos Alem; Jaime interpreta, sozinho, apenas duas de suas composições: "Olhos Para São Paulo" e "Névoa Seca". Em dupla, os dois cantam "Sabiá" (Diga Alá"), "Sob o Mar", "Samuel, Arcanjo, Anjo" e "Nigue Ninhas e Côco do Norte", também composições de Jaime. Uma faixa tem autor famoso: "Zabumba" de Hervé Cordovil, na voz de Jaime adaptou de material colhido na Discoteca Mário de Andrade, em São Paulo, e do livro do próprio (1932). Anotem os nomes de Jaime & Nair e ouçam este disco. Com toda atenção.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente no Jornal Estado do Paraná, em 07/01/1975

Fazer o download de Jaime & Nair - Jaime & Nair (1974).

Tuesday, December 04, 2007

O Terço - O Terço (1970)




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Faixas:
01. Nã
02. Plaxe voador
03. Yes, I do
04. Longe sem direção
05. Flauta
06. I need you
07. Antes de você... eu
08. Imagem
09. Meia-noite
10. Saturday dream
11. Velhas histórias
12. Oh! Suzana



O Terço foi (é), sem dúvidas nenhuma, uma das maiores bandas brasileiras de todos os tempos. A banda formou-se em 1969 com estes integrantes: Sérgio Hinds ( guitarra e vocal ), César de Mercês (baixo ) e Vinícius Cantuária ( bateria ). O primeiro disco foi lançado em 1970, com Jorge Amiden no lugar de César. O álbum era basicamente rock and roll dos anos 60, mas já com influência do rock progressivo.

Em 1973 lançam o álbum Terço, que consolidou o estilo do grupo. Firmando-se como a grande banda do estilo no país. Porém, foi em 1975 que eles lançaram o melhor disco de rock progressivo brasileiro: Criaturas da noite. Na época O Terço contava com sua melhor formação: Sério Hinds, Moreno ( bateria ), Magrão ( baixo ) e Flávio Venturini ( teclados, viola e vocal ). O álbum vendeu mais de meio milhão de cópias e foi o de maior sucesso da carreira do grupo. "1974", tirada de "Criaturas da noite" pode ser considerada a maior música progressiva nacional e já foi até adaptada para uma peça de teatro nos EUA. Em 1976 é lançado mais um bom álbum com esta mesma formação: "Casa encantada". Desta vez o grupo investiu mais em uma mistura de elementos brasileiros com o rock.

Após o disco de 76, Venturini deixa a banda para formar o 14 Bis. Com Magrão, Sérgio Hinds, Cezar de Mercês, Sérgio Caffa e Moreno, lançam em 1978 o disco 78 "Mudança de tempo".

Uma outra formação, com Sérgio Hinds, Zé Portugal (baixo), Franklin Paolillo (bateria) e Ruriá Duprat (teclados) lançaria apenas em 1983 o "Som Mais Puro".

Ficam então um bom tempo sem lançar nada até assinarem contrato com a gravadora Record Runner, lançando o cd "Time Travellers", em 1993. O álbum é muito bom, com o grupo voltando às suas raízes. A formação era a seguinte: Sérgio Hinds (vocal, guitarra), Luíz de Bomi (teclados), Andrei Ivanovic (baixo) e Franklin Paollilo (bateria). No ano seguinte lançam um cd gravado ao vivo com orquestra sinfônica.

Em 1996 O Terço lançou um CD intitulado "compositores" pela gravadora Velas. A formação era basicamente a mesma do álbum anterior e o disco foi composto por clássicos da música popular brasileira como "Sangue Latino" dos Secos e Molhados.

O último álbum de estúdio e com canções inéditas do Terço chama-se "Spiral Words" e foi lançado em 1998. O som é progressivo com pitadas de pop/rock; o CD inclui ainda duas releituras: "1974" e "Crucis" ( de "Time travellers" ). A formação é a seguinte: Sérgio Hinds ( guitarra e back vocal ), Edu Araújo (guitarra e vocal ), Max Robert ( baixo ), Beto Côrrea ( teclados ) e Daniel Baeder ( bateria ).

Em 1999, André Gonzales assume o posto de Daniel Baeder na bateria e a banda lança o disco "Tributo a Raul Seixas", uma homenagem aos dez anos de morte do grande roqueiro. O CD está indo muito bem e já é o título mais vendido da sua gravadora ( Movieplay ). Recentemente, Edu Araújo deixou a banda e em seu lugar foi recrutado Igor de Bruyn, que também integra o quarteto de cordas Kroma.

Texto de Gustavo Ávila, originalmente publicado no site Whiplash

Fazer o download de O Terço - O Terço (1970).